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Talvez você esteja cansado de ler sobre como a educação se transformou durante a pandemia, quando escolas, professores e alunos em todo o mundo se viram obrigados a reformular as formas de ensino. O ensino à distância virou tendência, impulsionado principalmente pelos cursos online e aulas ao vivo. Mas um novo modelo promete revolucionar ainda mais esse setor: os streamings de vídeo.

As edtechs já começaram a surfar nessa onda. Hoje mesmo, a Nubbi, startup de soluções para promover o ensino online, anunciou a expansão da Leveduca, plataforma de streaming com mais de 140 cursos de áreas como gestão empresarial, saúde, culinária, informática, finanças, moda, telecomunicações, entre outros. A ferramenta, que até então atendia apenas empresas, será disponibilizada também para pessoas físicas.

“A tecnologia gera novas demandas por profissões e habilidades, mas muitas delas ainda não são desenvolvidas pelo ensino tradicional”, diz Marcus Lemos, fundador e diretor-executivo da Nubbi. Ele cita como exemplo os cargos de analista de business intelligence e engenheiro de inteligência artificial, que requerem técnicas de programação, modelagem de dados e estatísticas, pensamento analítico e resolução de problemas.

A ideia é semelhante a das plataformas de entretenimento, como Netflix, Amazon Prime Video e Disney+. O cliente assina um plano mensal e tem à disposição uma série de conteúdos em vídeo para assistir quando quiser, sem intervalos e por tempo ilimitado. E o mercado parece promissor: o Brasil é o segundo país que mais consome streaming no mundo, atrás apenas da Nova Zelândia, de acordo com levantamento da empresa Finder.

Modelo de negócio

Para Marcus, a decisão de investir no streaming vem de uma série de percepções sobre o mercado. A primeira delas é a familiaridade do cliente com o modelo. “As pessoas já consomem YouTube, Netflix e Spotify, então sabem como funciona o serviço on-demand”, explica. A vantagem dessa proximidade com o público é não precisar investir tempo – nem dinheiro – em grandes explicações e tutoriais para educar os alunos sobre a ferramenta.

No caso da Nubbi, a proposta é oferecer os conteúdos de forma mais descontraída, com foco em jovens-adultos de 20 a 45 anos – mas também com opções para crianças e pessoas mais velhas. De acordo com o executivo, a missão final é democratizar o acesso ao ensino de qualidade, oferecendo uma solução acessível para as classes média e baixa.

“O mercado aponta que para ser democrático e, ao mesmo tempo, competitivo, o produto não pode ser muito caro, principalmente considerando nosso público-alvo”, diz Marcus. Por isso, os estudantes poderão escolher entre dois planos. O gratuito dá acesso a uma quantidade limitada de cursos, com certificado de conclusão e acesso aos novos conteúdos disponibilizados mensalmente na plataforma. Já o plano anual vem com todo o portfólio de cursos livres e profissionalizantes, disponível com parcelamento em 12 vezes de R$ 39,90.

O valor está de acordo com o da Netflix, que tem planos de R$ 29,90, R$ 39,90 e R$ 55,90 por mês. O Amazon Prime vence em custo, disponibilizando o catálogo por R$ 9,90 mensais – mais o serviço de entrega expressa de produtos comprados no marketplace da macar. No ramo da educação, a Alura, plataforma brasileira de cursos de tecnologia, oferece planos de 12 vezes de R$ 85 e 12 vezes de R$ 120.

Segundo o empreendedor, o modelo reforça a missão da Nubbi de democratizar o ensino. Ao invés de comprar um curso isolado e, se quiser aprender algo novo, pagar por outra capacitação, o aluno pode pagar um único preço e recebe todo o catálogo, garantindo melhor custo benefício para os usuários. “Ao comprar um único curso, a pessoa fica centrada numa vertical específica. Com o streaming, pode degustar um pouquinho de tudo e aprender outras habilidades.”

Projeções

Os primeiros resultados da plataforma, obtidos durante o período de exclusividade para as empresas, reforçou a aposta da startup no novo serviço. “Só com o modelo B2B, o streaming já representa metade do nosso faturamento”, afirma Marcus. Abrindo para pessoas físicas, a expectativa é que o serviço tenha uma participação de 80% nos negócios.

O restante será distribuído entre as outras plataformas da Nubbi, todas de cursos avulsos. A Cursando Técnico oferece formação de nível técnico e profissionalizante para o trabalho na indústria; a Academia do Provedor tem conteúdos para provedores de telecom e empresas do setor; e o Educa Health tem o objetivo de ajudar os pacientes na mudança de hábitos e na criação de uma rotina saudável.

Em 2 anos de lançamento, a versão PJ, na qual empresas contratam o serviço para seus clientes, conta com 2,5 milhões de alunos, liderados por profissionais de telecomunicações. Para a versão de pessoa física, a expectativa é impactar pelo menos 1 milhão de estudantes no 1º ano. Somados, as duas vertentes devem chegar a 5 milhões de usuários até o final de 2022. A empresa deve faturar R$ 11 milhões em vendas em 2021.

Para alcançar esses resultados, a estratégia é investir em marketing tradicional e growth marketing. Segundo o diretor-executivo, a opção do plano gratuito também ajuda o negócio crescer, pois funciona como uma espécie de degustação dos serviços. O usuário experimenta e, se gostar, contrata o plano completo, para ter acesso a um portfólio ainda maior de cursos e treinamentos. Para o próximo ano, a Nubbi deve investir também em marketing de indicação, oferecendo recompensas para os clientes atuais que atraírem novos estudantes para a plataforma.

Diferencial e atrativo

“Muitas edtechs vendem cursos avulsos. Nós também temos essa opção nos outros portais, mas, com o streaming, vamos além”, observa Marcus. Ele vê a atualização frequente como um dos diferenciais da plataforma, que ganha, a cada mês, de 5 a 10 novos cursos.

A aposta é que a variedade do portfólio incentive o aluno a continuar estudando e, consequentemente, a renovar a assinatura. A teoria foi testada com a versão para as empresas e, segundo a startup, das mais de 160 assinantes, 99% renovaram o contrato no último ano.

Para apoiar o estudante, a startup conta com um recurso de tutoria online pelo WhatsApp ou pela própria plataforma. O sistema de business intelligence acompanha a evolução do aluno e pode identificar, por exemplo, se ele reassistiu a um mesmo vídeo mais de uma vez, indicando que houve dúvidas no tópico em questão. A equipe entra em contato com o usuário para solucionar a questão e, se um grupo maior de usuários apresentar questões semelhantes, refaz o conteúdo. “O objetivo é fornecer o apoio necessário para o aluno terminar o conteúdo e convidá-lo a interagir”, explica Marcus.

A ideia é fugir dos modelos tradicionais de ensino passivo, em que o aluno assiste às aulas e pronto. Nesse sentido, a Nubbi está testando um novo recurso para o streaming, no qual o aluno pode adicionar comentários ou gravar um vídeo discutindo o tópico da aula. Os conteúdos passam pela curadoria da Nubbi e, quando aprovados, ficam disponíveis para outros estudantes. A funcionalidade deve estar disponível no primeiro trimestre do próximo ano.

Segundo o diretor-executivo, o grande desafio é tornar a plataforma acessível para todos os dispositivos e bandas largas. “Sabemos que nem todos os nossos alunos têm um celular ou computador de última geração”, reconhece. Pensando nisso, a companhia desenvolveu um responsivo do Leveduca para o navegador do celular, semelhante à versão web, para quem não tem memória suficiente para baixar o aplicativo. A empresa diz estar trabalhando para lançar funcionalidades de estudo offline, para consumir menos internet.

A startup também quer o apoio dos professores para aumentar o número de produtos. No ano que vem, eles poderão desenvolver seus próprios cursos e publicar na plataforma, recebendo uma remuneração com base no volume de conteúdo consumido pelos estudantes. A expectativa é encerrar o próximo ano com mais de 500 conteúdos no streaming, com opções de legenda em espanhol, inglês e português para, no futuro próximo, desenvolver também conteúdos em japonês.

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