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A ONG Gerando Falcões, que atua para acelerar o poder de impacto de líderes de favelas e periferias em todo o país, está investindo em tecnologia para fomentar seus projetos de transformação social. Em um movimento ainda pouco visto no terceiro setor, a instituição tem implantado ferramentas que impulsionam a digitalização e facilitam o uso de dados para tomada de decisões estratégicas.

Segundo Cristian Amaya, gerente de data & analytics da ONG, a virada de chave aconteceu há pouco mais de 2 anos, quando entrou na Gerando Falcões com a missão de estruturar os processos e ampliar a cultura de dados na organização. “Conversamos com todas as áreas internas para entender suas necessidades, seja o lado operacional, formação de rede, dados da plataforma de ensino e varejo social”, explica.

Ao identificar as demandas, a instituição precisou construir uma engenharia que reunisse informações centralizadas e em um único lugar, além de capacitar pessoas que já tinha dentro de casa e a buscar outros especialistas no mercado. Cristian é responsável pela área de tecnologia (desenvolvimento de software e operação de sistemas) e dados (engenharia, business intelligence e analytics) – ao todo são 14 pessoas de níveis júnior e sênior.

A expectativa, aponta o executivo, é seniorizar um pouco mais a área em 2023 para aumentar a qualidade de entregas dos times. Isso não significa apenas contratar pessoas mais experientes. Segundo Cristian, a ONG tem um projeto de desenvolvimento e qualificação de profissionais que já atuam na própria organização. Da equipe atual, cerca de 3 colaboradores vieram dos pontos de atendimento e hoje estão na área de análise de dados. A formação incluiu aulas de programação e até intercâmbio para a África do Sul.

“Queremos investir cada vez mais em tecnologia e estamos olhando com muito carinho para 2023. Converso muito com o Edu [Lyra, fundador e CEO da Gerando Falcões] e com a diretoria da ONG, e queremos concorrer a nível técnico com as médias e grandes empresas do mercado. Se o Google utiliza as melhores tecnologias e tem os melhores talentos, por que a gente também não poderia?”, pontua Cristian.

O ecossistema Gerando Falcões reúne mais de 6 mil favelas e quase 1.300 ONGs, impactando todos os Estados brasileiros e mais de 700 mil pessoas. Segundo Cristian, com toda essa relevância o momento da companhia é muito claro: para continuar escalando, é preciso incorporar novos processos, principalmente adicionando tecnologias. “Precisamos disso para gerar renda e mais empregos, além de potencializar o projeto Favela 3D, [desenvolvido em parceria com a Ânima Educação para interromper o ciclo da pobreza e transformar as favelas em ambientes Dignos, Digitais e Desenvolvidos].”

Cristian Amaya, gerente de data & analytics da Gerando Falcões
Cristian Amaya, gerente de data & analytics da Gerando Falcões (Foto: Divulgação)

Parceiros de peso

A estratégia de dados na Gerando Falcões ainda é recente, mas a organização já implementou algumas iniciativas para acelerar esse movimento. Embora tenha algumas ferramentas proprietárias, a maior parte dos sistemas ainda é terceirizada. A ONG utiliza a Salesforce, plataforma para apoiar a atuação comercial na prospecção e fidelização de parcerias, além de ferramentas da Microsoft para auxiliar a rotina e gestão do time e o sistema ERP NetSuite da Oracle para gestão contábil e financeira.

Além disso, a companhia utiliza o Bússola Social, ferramenta que permite administrar todo o processo de atendimento aos beneficiários e possibilita que os professores das ONGs registrem a presença dos alunos nas oficinas por meio de uma plataforma integrada. A instituição recebe semanalmente um resumo com os principais indicadores de impacto social em cada região.

Este ano, a ONG fechou uma parceria com a AWS (Amazon Web Services) para expandir a capacidade de armazenamento e estrutura de dados na nuvem da ONG. O app Programa Decolagem, lançado no ano passado pela Gerando Falcões para reunir informações sobre famílias moradoras de favelas, já possui arquitetura de tecnologia e dados na nuvem da AWS, e a expectativa é gerar insights de superação da pobreza a partir dessa inteligência. 

Com a VTEX, a organização permite que as pessoas façam doações diretamente pelo site da Gerando Falcões. A ONG também já foi parceira da Adobe Marketo Engage, um software de automação de marketing, a ONG presta contas e mantém o relacionamento de transparência com o doador.

Dentro de casa

Entre os projetos internos, Cristian destaca o Conecta Trampo, plataforma onde empresas podem cadastrar vagas de emprego e ofertá-las exclusivamente para as pessoas das comunidades que integram o ecossistema. Já com o app Gerando Educação, crianças, jovens e adultos podem acessar gratuitamente quase 5 mil conteúdos didáticos que auxiliam no desenvolvimento humano, social e profissional. A ferramenta já registra mais de 1 milhão de acessos.

Recentemente, a Gerando Falcões contratou Michel Sciama (ex-Google) para o cargo de diretor de tecnologia e de marketing. “Ainda não posso comentar muito sobre o projeto, mas tenho atuado próximo do Michel para pensarmos em como não depender tanto de sistemas terceirizados e ter produtos mais dentro de casa”, afirma Cristian. 

Como planos para 2023, ele cita otimizar a arquitetura de sistemas e implementar um software para facilitar os processos jurídicos, além de um sistema para gerenciar projetos e tudo que envolva os colaboradores. “Também queremos otimizar a comunicação com uma ferramenta omnichannel centralizada para chegar aos doadores por e-mail, SMS, WhatsApp, entre outros canais, construindo jornadas inteligentes a partir do perfil de cada usuário”, pontua Cristian.

Segundo o executivo, o grande desafio da organização é elevar o nível de tecnologia e produtos digitais para poder escalar o relacionamento com as ONGs, a parceria com os beneficiários e gerar valor à comunidade.

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