A hrtech Gupy fechou uma rodada de R$ 500 milhões que é a maior não só para a companhia e para o mercado em que ela atua, mas também para uma startup criada por mulheres na América Latina.
O aporte foi liderado pelo SoftBank e pela Riverwood e trouxe também o Endeavor Catalyst. Oria Capital e Maya Capital, que tinham investido na Gupy nas rodadas anteriores, acompanharam. Desde sua fundação, em 2015, a Gupy captou quase US$ 100 milhões.
A nova bolada chega para fomentar o plano da companhia de criar uma oferta completa para departamentos de recursos humanos. “É um setor que demanda consolidação. Os clientes amam isso. É muito mais fácil ter um único fornecedor”, diz Mariana Dias, cofundadora e presidente da Gupy.
Os departamentos de RH eram pouco digitalizados até a pandemia e tiveram que correr contra o tempo para adotar ferramentas que pudessem ajudar a se adaptar ao cenário de trabalho, recrutamento, treinamento e retenção de funcionários de maneira remota. E como praticamente tudo isso é oferecido por empresas diferentes, a proposta de consolidação e plataforma única da Gupy faz sentido.
A hrtech nasceu como uma ferramenta de recrutamento, entrou no segmento de admissão em 2020 e, no ano passado adicionou os treinamentos com sua 1ª aquisição, a Niduu. De acordo com Mariana, na estratégia de crescimento estão previstas novas aquisições, desenvolvimentos próprios e também a composição com produtos e serviços de parceiros quando for necessário.
Além de ofertas para os clientes corporativos nas dimensões de recrutamento, admissão e treinamento, a Gupy pretende se aproximar mais do público final. “Pouca gente passa nos processos seletivos das empresas porque não estão treinados para as demandas. A gente quer aumentar essa chance de sucesso. Hoje tem vaga operacional mais disputada do que medicina na USP”, diz.
A Gupy tem hoje o Portal de Vagas, onde são publicadas 20 mil vagas por mês. Sua base de dados tem 22 milhões de cadastros. Só no último mês, foram 6 milhões de novos cadastros.
Criada por Mariana, seu irmão Guilherme, Bruna Guimarães e Robson Ventura, a Gupy atende hoje 1,5 mil clientes como Ambev, Cielo, GPA, Vivo e Renner. A companhia vem dobrando de tamanho ano a ano e pretende manter esse ritmo em 2022. “O crescimento gera um ciclo virtuoso. Quanto mais clientes a gente tiver, mas oportunidades a gente gera”, conta Mariana. O plano é focar no Brasil – apesar de o produto da Gupy já estar em uso em 10 países.
Pelo cenário de baixo uso de ferramentas dentro das áreas de RH, o avanço virá menos do “roubo” de market share de outros fornecedores – como Oracle, SAP e a brasileira LG – e mais pela entrada nas companhias.
A atual base de clientes também terá um papel importante nesse processo, é claro. Hoje a Gupy tem um net dólar retention de 120%. Isso significa que se não fizer nenhuma venda nova fora da base, ou seja, não trouxer nenhum nome novo, ela cresce 20%. A retenção de clientes está bem abaixo do mercado de software como serviço, em 1%, contra 5%. “Ouvimos dos fundos que somos a empresa de SaaS que mais cresce no Brasil. Achamos que somos uma das 3”, brinca Mariana.
Para sustentar o crescimento, a equipe deve passar dos 500 profissionais para 700 com as 200 vagas que a companhia tem anunciadas para si própria em sua plataforma. Afinal, em casa de ferreiro, espeto precisa de ser de ferro.
Jornalista com mais de 15 anos de experiência acompanhando os mundos da tecnologia e da inovação, com passagens pelo DCI, Sebrae-SP, IT Mídia e Valor Econômico. Fundador e Editor-Chefe do Startups.com.br.