Que a Hotmart gosta de fazer aquisições para acelerar seu crescimento a gente já sabe. Contudo, já faz um bom tempo que a startup ainda não tinha colocado a mão no bolso para aumentar sua operação, mesmo após se capitalizar, virar unicórnio e anunciar um plano de compras. Parece que o período “low-profile” acabou, já que a empresa anunciou a compra da eNotas, companhia que oferece soluções para emissão automática de notas fiscais eletrônicas.
Sem abrir o valor da aquisição, a primeira depois da série C de US$ 130 bilhões levantada em 2021, a Hotmart divulgou em nota que a compra faz parte da estratégia da companhia em “oferecer um ecossistema completo para Economia Criativa, para que o criador de conteúdo digital tenha mais autonomia e liberdade em sua experiência como empreendedor digital”.
Na verdade, a eNotas já era parceira de negócios da Hotmart – aliás, ela chegou a receber investimentos da empresa desde 2016 – conforme destacou no comunicado o CEO e cofundador da Hotmart, João Pedro Resende. “Agora, entendemos que fazia sentido ter maior integração dos serviços no nosso ecossistema, para tornar a jornada do criador de conteúdo ainda mais eficiente”, pontuou.
Fundada em Belo Horizonte, mas com clientes em cerca de 1.500 cidades brasileiras, a eNotas emitiu nos últimos 18 meses cerca de R$ 71 bilhões em notas fiscais, atendendo mais de 130 mil empresas, incluindo gigantes como TOTVS, TV Globo e Shopee, assim como canais de conteúdo conhecidos como MePoupe e Fórmula de Lançamento.
“Estamos muito felizes de nos unir à Hotmart, o que nos permitirá ampliar nossa escala e impacto no mercado, além de proporcionar oportunidades de carreira aos nossos funcionários”, disse Christophe Trevisani, cofundador e CEO da eNotas.
Apesar da fusão, as empresas seguirão atuando de forma independente, com a eNotas mantendo a atual gestão e atendendo seus clientes atuais. Com o negócio, a integração dos produtos para infoprodutores será aprofundada, e novas ofertas aos clientes Hotmart serão lançadas nos próximos meses.
Hotmart capitalizada
Depois de se capitalizar e virar unicórnio em uma rodada série C de US$ 130 bilhões em março do ano passado, a eNotas é a primeira aquisição fechada, mas não foi a primeira anunciada. Em outubro a startup divulgou que pagaria R$ 7 milhões pela BeUni, logtech que desenvolve soluções de envio de brindes e produtos personalizados para empresas. Contudo, o negócio não foi adiante.
“Após negociação, a Hotmart e a BeUni decidiram, de comum acordo, não concretizar o acordo de compra e venda anunciado em 2021. No entanto, seguimos em contato com a BeUni para desenvolver projetos que beneficiem nossos clientes e o ecossistema da Creator Economy”, divulgou a empresa em comunicado.
Em um mercado de produtos digitais cada mais acirrado, a Hotmart passou a estender seus tentáculos através de aquisições. Só em 2020 a empresa comprou três: a plataforma americana de e-learning Teachable, a startup de soluções para landing pages Klickpages e a Wollo, de soluções para monetização de infoprodutos. Atualmente a Hotmart conta com 1,7 mil funcionários, desenvolvendo soluções de conteúdo que já possuem 580 mil produtos cadastrados e vendas em 188 países.
Após a rodada série C, a empresa chegou a divulgar abertamente que, com a capitalização, os próximos passos de expansão envolveriam tanto esforços orgânicos quanto os de fusões e aquisições. Com dinheiro no caixa e a compra da eNotas, parece que o plano está novamente em movimento, e João Resende afirmou à imprensa que tem mais aquisições para este ano.
Quanto à concorrência, o terreno de atuação da Hotmart está cada vez mais povoado. Startups como Monetizze, Eduzz e multinacionais como a Udemy e Skillshare estão brigando pelo espaço dos produtos digitais, um mercado que cresceu 103% em 2021, segundo dados da Connect.