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A gigante de tecnologia chinesa Huawei apresentou um documento que orienta o Brasil a melhorar suas políticas de apoio a startups de inteligência artificial (IA) entre as medidas que devem ser tomadas para diminuir seu gap digital em relação a outras economias mundiais.

O relatório foi lançado no Mobile World Congress (MWC) em Barcelona ontem (1), juntamente com outro white paper sobre o desenvolvimento de talentos para a indústria de 5G no Brasil. Os documentos foram desenvolvidos em parceria com a Huawei e a Softex (Associação para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro), que é ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

O ecossistema de startups ativas no segmento de IA no Brasil é “relativamente completo”, diz a Huawei. O relatório nota que o número de novas empresas ativas nesta área era 160 em 2017, e saltou para 230 em 2020, com empresas operando em diversos segmentos, de agricultura a logística. Segundo o whitepaper, este crescimento reflete a demanda local por soluções nesta área.

O whitepaper da Huawei apresenta o ecossistema brasileiro de startups de IA e os destaques por setor

O relatório cita dados do índice de preparo em IA de governos globais da Oxford Insights, e diz que, apesar de o Brasil ocupar uma posição relativamente alta no desenvolvimento de uma cultura de IA – o país ocupa o 40º lugar entre 194 economias analisadas e é terceiro na América do Sul – e ter dados disponíveis, bem como um número razoável de startups ativas na área, ainda existem entraves.

“O governo brasileiro não está muito consciente da importância das [empresas de tecnologia da informação e comunicações] para o desenvolvimento futuro, e sua eficiência governamental e capacidade técnica são fracas”, diz o relatório.

“Embora os dados disponíveis do Brasil estejam entre os melhores do mundo, devido à falta de
interoperabilidade efetiva de dados e capacidades de processamento de dados em larga escala, o setor público do Brasil está relativamente [defasado] em termos de processamento e aplicação de dados”, acrescenta.

As recomendações da Huawei

Entre as recomendações no relatório sobre IA, o relatório destaca o papel do governo como orquestrador de uma aliança que envolve as diversas partes interessadas no desenvolvimento da tecnologia no país. Além de ações como a definição de uma direção clara para o desenvolvimento da indústria de IA, o relatório também recomenda que o governo apoie a criação de novos negócios, fornecendo dados abertos e fomentando as startups.

Formas específicas de apoio a startups citadas no whitepaper incluem a criação de um ambiente de negócios adequado para o desenvolvimento de empresas de IA, assim como apoio financeiro, bem como políticas fiscais de incentivo tecnológico. O relatório também defende a criação de um sistema de políticas para fortalecer o apoio financeiro a startups de IA, bem como incentivos para que estados criem fundos de investimento para empresa em estágio inicial e de capital de risco.

Além disso, o whitepaper sugere que o governo incentive bancos a implementar descontos de empréstimos para startups de IA e apoie empresas a realizarem financiamentos de capital próprio. As recomendações da Huawei para ajudar a desenvolver a indústria de IA no Brasil também incluem um formulação de sistema de seguridade social para talentos no campo da IA e o aumento do investimento na incubação de startups ativas nesta área.

“Estes white papers são apenas o começo. Queremos envolver mais parceiros para se juntarem a nós na construção da infraestrutura digital do Brasil, desenvolver talentos e criar novos valores para a economia digital verde”, disse Sun Baocheng, CEO da Huawei Brasil, no lançamento das pesquisas.

Entre os convidados e palestrantes do evento no MWC, estava Marcos Pontes, ministro de ciência e tecnologia, que deve deixar a pasta este mês. Pontes deve se candidatar a deputado federal pelo PL de São Paulo nas eleições de outubro deste ano, o ministro confirmou durante coletiva com jornalistas logo após o lançamento dos white papers da Huawei.

Segundo Pontes, que tem iniciativas de fomento ao ecossistema de startups entre seus legados, o presidente Jair Bolsonaro “deu liberdade” a ele para escolher um sucessor e uma lista de nomes já foi apresentada. No entanto, o ministro não quis citar quem está entre as sugestões.

Apesar da discussão em pauta no evento, Pontes disse que criar um marco legal para a IA no Brasil é importante, mas não é urgente. Um projeto de lei neste sentido foi aprovado pela Câmara em setembro de 2021 e atualmente aguarda votação no Senado.

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