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A popularização da inteligência artificial tem levado empresas a mentir sobre o uso da tecnologia, num processo chamado de “AI washing”. A análise é de Scott Galloway, professor da NYU Stern School of Business, que participou do evento CEO Conference do BTG Pactual nesta quarta-feira (07). Para o especialista, as empresas “dizem que usam inteligência artificial apenas para aumentar o valor de suas ações”.

A prática é semelhante ao que acontece com o greenwashing, quando companhias se apropriam de narrativas de sustentabilidade, sem que tenham medidas efetivas nesse sentido. Scott acredita que esse processo de uso da IA como ferramenta de marketing já está acontecendo. No entanto, se diz otimista com os usos dessa tecnologia em setores como educação e saúde. A ideia é que com a tecnologia seja possível adotar uma postura mais preventiva com relação às doenças.

“Se eu fosse mais jovem, eu abriria um negócio nessa intersecção, de IA e saúde”, afirmou o professor, acrescentando que a tecnologia também pode ajudar com mentorias no setor educacional e com uma maior distribuição de conhecimento. “A oportunidade não é tão grande quanto na área de saúde, porque as pessoas não batem no peito para falar sobre os seus hospitais, como fazem com as universidades”, alfinetou.

Empregos

Scott Galloway também comentou sobre os riscos de que a inteligência artificial reduza a quantidade de empregos. Apesar de ter recomendado que todos “comecem a brincar com ChatGPT e Adobe“, o professor disse estar otimista e acredita que essa tecnologia irá criar mais empregos do que destruir.

Ele citou como exemplo a indústria automotiva, que inicialmente reduziu o número de trabalhadores no chão de fábrica, com o surgimento das máquinas, mas que depois precisou de profissionais para montarem sistemas de ar-condicionado e de som. “No médio e longo prazo toda nova tecnologia resulta em mais empregos”, declarou Scott.

Entre os aspectos negativos da IA, o professor destacou a solidão entre a população jovem, que tende a se isolar cada vez mais. Com a possibilidade de que as pessoas passem a se relacionar com robôs, ele acredita que haverá menos estímulos para que os jovens saiam de casa e experimentem interações sociais com seres humanos. Isso pode levar à perda de capacidades que prejudiquem tanto a vida pessoal quanto profissional desses indivíduos. “Nós deveríamos estar próximos uns dois outros, tocar uns aos outros, e estamos evoluindo para uma nova espécie de pessoas jovens muito solitárias”, lamentou.

“Brasil é o modelo de democracia”

O professor também elogiou a política econômica brasileira, e chegou a dizer que “o Brasil é o modelo de democracia, não os Estados Unidos”. Scott explicou que os americanos vivem em uma “máquina de ódio”, em que as pessoas sempre almejam uma riqueza que não possuem, o que gera um sentimento de insatisfação generalizado.

“É legal ver a maior economia da América Latina se tornando um exemplo para outros países e defendendo a democracia”, elogiou o professor, que criticou o fato de nos Estados Unidos as eleições presidenciais estarem sendo lideradas pelo ex-presidente Donald Trump.

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