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Com o investimento em venture capital atingindo níveis recordes no Brasil, parece um contra senso dizer que tem alguma coisa retraindo. Mas como todo grande número às vezes pode distorcer algumas realidades específicas, é justamente isso que tem acontecido.

Segundo levantamento feito pela Anjos do Brasil, o volume de recursos aplicados por investidores anjo em startups encolheu 20% em 2020, ficando na casa dos R$ 800 milhões. Isso significa que o mercado voltou ao patamar de 2016, depois de ter passado de R$ 1 bilhão pela 1ª em 2019.

O recuo do ano passado foi superior ao cenário já negativo que a Anjos do Brasil havia traçado por volta de agosto. A expectativa era de uma queda de 10% no volume de recursos aportados. De acordo com Cassio Spina, fundador e presidente da rede de investidores, como boa parte dos anjos atua de forma passiva, o que significa que só investem quando são procurados por algum empreendedor ou empreendedora em busca de recursos, o cenário adverso de 2020 fez com que eles ficassem menos dispostos a assumir riscos. Isso se somou ao fato de praticamente metade dos investidores ter seus próprios negócios e atuar na economia real. Com muitas dessas operações duramente impactadas pela pandemia, a opção foi por olhar para dentro de casa e investir nas próprias operações, ao invés de olhar para negócios nascentes. “No lado dos investidores ativos [que buscam investimentos ativamente] percebemos até uma leve alta nos investimentos”, completa Cassio.

E 2021?

Para 2021, a perspectiva é de um incremento de 15% nos investimentos. O percentual não é suficiente para recuperar a queda de 2020, mas Cassio diz acreditar que o cenário é positivo, o que pode fazer com que o crescimento seja até maior, chegando a 20% ou mesmo 25%. “Mapeamos muitos investidores que nunca investiram, mas estão interessados em investir. E como a coleta dos dados foi feita entre fevereiro e março, pode ser que tenha um avanço maior e voltemos ao patamar de R$ 1 bilhão”, diz Cassio.

Nas últimas semanas, associações ligadas ao mundo das startups e da inovação se movimentaram para encaminhar ao Congresso um pedido de derrubada do veto do Presidente da República ao artigo 7º do Marco Legal das Startups. O dispositivo prevê que investidores em startups possam compensar as perdas que tenham tido em alguns de seus investimentos com ganhos que tenham apurado em outros. A possibilidade não é nenhuma inovação e já existe para investimentos em ações feitos na B3. De acordo com Cassio, o pedido de derrubada já foi encaminhado e a avaliação do veto deveria acontecer agora no começo de julho. Mas o processo deve atrasar.

Outra movimentação está acontecendo agora em torno da proposta de reforma tributária que, na avaliação de especialistas, pode levar a menor apetite de investidores por startups já que limitaria a possibilidade de ganhos com os aportes. “Por mais que as políticas públicas joguem contra, a iniciativa provada segue firme e fazendo seus investimentos. Mas tem um limite, né”, pontua.

 

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