Negócios

Investimento em startups recua 4% no ano (mas ainda tá tudo bem)

O ano acumula um total de US$ 2,3 bi aportados em 238 operações, segundo levantamento do Distrito, reflexo da maior cautela dos investidores

nota de dólar cubo de gelo
dólar gelo

O mercado de venture capital brasileiro continua sentindo os efeitos da maior cautela dos investidores frente a toda balbúrdia na geopolítica e na economia global. No mês de abril, o total de recursos aportados nas startups brasileiras somou US$ 436,8 milhões divididos em 50 rodadas.

O número representa um avanço de 4,92% na comparação com os US$ 416,3 milhões do mesmo mês do ano passado, quando aconteceram 72 rodadas, segundo números do Distrito. Entre as principais captações de abril estão o investimento na idtech unico, que recebeu US$ 100 milhões, e o aporte na retailtech Inventa, que recebeu uma rodada de US$ 55 milhões. 

Com o desempenho do mês, o ano acumula um total de US$ 2,3 bilhões aportados em 238 operações, um recuo de pouco mais de 4% na comparação com os 4 primeiros meses de 2021. Em termos de negócio fechados, foram quase 13% a menos, com 238 rodadas.

O menor apetite dos investidores está fazendo com que as startups entrem em modo de sobrevivência, reduzindo o ritmo de queima de caixa com aquisições e promoções, e, consequentemente, a necessidade de novas captações. Isso já está acontecendo com intensidade entre as companhias mais maduras – como a Facily, que enxugou 60% de seu quadro de funcionários – e começa a afetar também as companhias em estágio mais inicial de desenvolvimento.

Nas últimas semanas o Startups ouviu de várias pessoas que as conversas para investimentos estão se alongando por mais tempo e que os valuations já estão sendo revisados para baixo. O crescimento acelerado tem sido colocado em 2º plano e as margens, pela 1ª na história, estão sendo vistas   

Apesar de o inverno ter chegado, Gustavo Gierun, presidente do Distrito, diz não acreditar que se trata de uma crise. “É um processo natural dado o cenário econômico global. Mas não vejo como uma crise, já que os investidores e empreendedores brasileiros pensam no longo prazo e estão acostumados com os ciclos da economia”, diz em comunicado. Ele acrescenta que as principais gestoras do país estão capitalizadas, e por isso, vão ter que destinar dinheiro para novos investimentos.

Fintechs liderando. Jura?

Para surpresas de exatamente 0 pessoas, as fintechs seguem como o setor mais aquecido do venture capital brasileiro, totalizando US$ 1,2 bilhão captado no acumulado do ano. Em 2º lugar estão as retailtechs, com US$ 281,6 milhões em aportes. O 3º lugar é das HRtechs, que somam US$ 219,2 milhões. 

M&A

Foram 22 fusões e aquisições envolvendo startups em abril. Considerando todo o ano, já são 89 transações– um crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2021, quando foram fechados 78 negócios. As aquisições também são lideradas pelas fintechs, que correspondem a 19% do total, seguidas pelas edtechs (com 17%) e pelas healthtechs (11%).