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Falar que 2022 foi um ano ruim para as startups brasileiras não é nenhuma novidade. Entretanto, os números nos dão uma ideia do quão ruim as coisas ficaram no ano passado, quando a festa de investimentos que marcou 2021 esbarrou em um cenário econômico dos mais complexos.

Segundo levantou a consultoria Sling Hub, o Brasil viu o seu volume total de investimentos em startups cair por mais da metade. Foram US$ 5,2 bilhões em valores aportados – em 2021 o volume total foi de US$ 10,5 bilhões. A retração do mercado brasileiro foi muito superior ao percentual de queda da América Latina como um todo, que foi de 35%, caindo de US$ 18,4 bilhões para US$ 12 bilhões em aportes.

Analisando mais detalhadamente o relatório da Sling Hub, é possível ver que a queda foi puxada principalmente pelas falta de rodadas mais altas. Por exemplo, se em 2021 o Brasil viu 47 rodadas em que startups levantaram quantias acima de US$ 50 milhões, em 2022 foram apenas 26. Na América Latina, rodadas com este montante caíram de 93 para 62.

Por outro lado, na faixa de US$ 1 milhão a US$ 5 milhões (seed e série A), as startups brasileiras e latinoamericanas não tiveram tanto do que reclamar no ano passado. No caso de aportes seed, o saldo geral foi até de crescimento. No Brasil foram 148 rodadas (ante 141 em 2021) e na América Latina foram 283 – em 2021 foram 238.

Quanto aos valores médios de rodadas, investimentos anjo e seed viram os valores aumentarem – no caso do seed, a média de aporte ficou em US$ 2 milhões no Brasil, um crescimento de mais de 50% sobre a média de US$ 1,3 milhão em 2021. As roddadas de venture debt também cresceram consideravelmente, saindo de uma média de US$ 11,4 milhões no Brasil, para US$ 57 milhões.

“Enquanto em 2021 a rodada média de todas as fases macro (exceto a série C) cresceu, em 2022 o cenário foi mais dividido. A dívida teve o maior aumento (2x) – especialmente no Brasil (5x) – seguido por pré-seed, equity crowdfunding e anjo (1,8x) e semente (1,5x). Os resultados de Série C foram estáveis, e as demais etapas todas encolheram, com os mais dramáticos resultados estando nas rodadas da série D+, um pouco acima da metade do que foi visto em 2021”, afirma a Sling Hub no relatório.

Falando de tipos de startups, quem mais sentiu o baque em 2022 foram as fintechs. No Brasil, o volume de investimentos nestas startups despencou de US$ 4,1 bllhão para US$ 2,3 bilhões. Na América Latina a retração foi de US$ 8 bilhões para US$ 5,5 bilhões. Mas a queda mais violenta foi a das proptechs no Brasil: depois de um 2021 estelar, com US$ 1,2 bilhão em investimentos, as proptechs brasileiras amargaram apenas US$ 176 milhões em aporte em 2022.

Unicórnio é o novo panda?

Todo mundo fala que unicórnio é um animal raro, mas 2021 foi uma loucura. Na América Latina, foram 21 novas startups bilionárias – entre elas 10 brasileiras. Já em 2022, foi difícil ver o nascimento de novos unicórnios, tanto que lembrou outro animal que também tem muitas dificuldades em gerar novos exemplares de sua espécie: o panda. Há também a discussão sobre startups serem outro animal, o camelo.

Em 2022 foram apenas 10 unicórnios latinos, entre eles só duas empresas brasileiras, a Neon e a Dock. México liderou com quatro (Jeeves, Nowports, Stori e Yaydoo), Chile trouxe a Betterfly, Argentina foi representada pela Technisys, Equador teve a fintech Kushki e Colômbia fechou a lista com a proptech Habi.

No cenário geral latino-americano, houve queda em fusões e aquisições (de 343 para 299). Entretanto, o Brasil teve um aumento leve nesse tipo de transação, pulando de 229 para 236 M&As, puxado por fintechs, healthtechs e deep techs.

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