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Em um mercado em que a disputa por talentos de tecnologia anda cada vez mais acirrada, a saída pode ser atravessar o Atlântico. Para a Juntos Somos Mais, startup de programa de relacionamento fundada pelas grandonas da construção civil Tigre, Votorantim Cimentos e Gerdau, os caminhos levaram a Portugal. A empresa está preparando a abertura de um tech hub em Lisboa, para atrair talentos estrangeiros e brasileiros expatriados.

Com o início de operação previsto para os próximos meses (“se tudo ocorrer conforme o esperado”, segundo destacou a empresa em nota), a operação lusitana da Juntos Somos Mais deverá contar com aproximadamente 50 profissionais da área tecnológica, e envolverá um investimento de aproximadamente R$ 10 milhões até o próximo ano.

“O mercado (de talentos de tecnologia) está absurdamente concorrido no Brasil, e temos que disputar em salário com setores mais capitalizados com o financeiro. Além disso, empresas gringas estão contratando em dólar”, avalia Danny Farias, CTO da startup, ao comentar sobre os motivos da criação do novo hub.

Com este desafio, a empresa chegou a olhar outros países latino-americanos para montar seu hub, como Argentina e Chile. Porém, ao fazer a sondagem, perceberam que eles estão passando por problemas semelhantes e perdendo profissionais para outros países, inclusive com o aumento do home office pós-pandemia.

A escolha por Portugal tem alguns motivos, que inclusive animaram outras marcas a também montar operações na terra de Camões – QuintoAndar e Loggi recentemente também foram para lá. Em média, o salário de um desenvolvedor sênior em Portugal é de 2.500 euros, um valor em linha com o que é pago em grandes empresas no Brasil, porém bem abaixo do que é praticado em outros países do velho continente, como a Alemanha e Reino Unido.

Além disso, conforme aponta Danny, as leis trabalhistas portuguesas são mais favoráveis à retenção dos profissionais. “O país tem uma boa qualidade de vida com baixo custo, e quem trabalha com carteira assinada tem facilidade no acesso ao crédito. Por isso, o turnover é baixo em comparação com outros países, especialmente o Brasil”, avalia o CTO.

Planos para Lisboa

A princípio, a nova operação ficará dentro de um coworking em Lisboa, mantendo a configuração descentralizada que a empresa já tem no Brasil com seus times de desenvolvimento. Segundo Danny, este modelo em squads também dá liberdade para procurar todo tipo de profissional disponível no mercado português. “Um dos nossos focos é o de profissionais de dot.NET, que é forte em Portugal, mas não vamos nos limitar”, destaca.

Pela facilidade da língua, a expectativa é a de contratar talentos estrangeiros, mas também atrair a grande comunidade de profissionais brasileiros que estão em Portugal ou países vizinhos. Atualmente, Portugal é um dos países europeus que mais tem incentivos para atrair empresas e profissionais de TI. No Brasil, diversas agências tem programas dedicados a profissionais de TI que desejam migrar sua carreira para o país europeu.

Inclusive, este movimento de êxodo de talentos pode ser revertido em oportunidade, na visão do CTO. “Além das contratações que podemos fazer por lá, utilizaremos isso como um incentivo para os profissionais que trabalham conosco aqui no Brasil”, destaca.

Danny Farias, CTO da Juntos Somos Mais

Assim, a startup também está montando seu programa de expatriação de talentos desenvolvidos no Brasil, ajudando profissionais com tempo de casa e que desejam se mudar para a Europa, inclusive apoiando na obtenção dos vistos de trabalho. “Já perdemos diversos talentos para outras empresas que são de Portugal. Assim queremos perder eles para nós mesmos em Portugal”, brinca o executivo.

Startups brazucas em Portugal

A Juntos Somos Mais é a mais recente empresa brasileira e buscar em Portugal a solução para seus desafios de RH, mas com certeza não é uma das primeiras. “Acho até que chegamos atrasados para a festa”, ressalta Danny, apontando que a disputa por talentos já está até maior por lá.

O fato é que Portugal está em evidência e se tornou um dos principais pontos de aterrisagem para empresas em busca de mão de obra. Nos últimos cinco anos, mais de 80 hubs tecnológicos já se instalaram no território português e foram criados mais de 8,5 mil postos de trabalho.

Em novembro do ano passado, a QuintoAndar anunciou um hub de desenvolvimento também em Lisboa, com o plano de contratar 50 colaboradores. O Nubank não está em Portugal, mas também ficou bandeira na Europa – mais precisamente na Alemanha – para montar um centro de tecnologia.

Outra startup brazuca em Lisboa é a Loggi, que abriu seu hub de tecnologia em Portugal em janeiro de 2020, e hoje conta com cerca de 80 pessoas de 16 nacionalidades. “Inclusive, em nosso benchmarking para definir o hub, conversamos com a Loggi para ter bons insights”, completa Danny.

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