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Quando recebeu uma proposta da Kaszek para investir no GuiaBolso, em 2014, o americano Benjamin Gleason e seu sócio, Thiago Alvarez, se viram diante de um cenário que eles não tinham previsto: ter que abrir uma empresa e conta bancária fora do Brasil, ou como se diz no jargão do mercado, flipar a estrutura. “Por aqui ninguém sabia fazer isso, e os advogados fora não conheciam as estruturas aqui”, conta ele. Nos anos seguintes, não foram menos percalços.

Por isso, quando saiu do GuiaBolso após a venda para a PicPay, em meados do ano passado, Benjamin não tinha dúvidas do que pretendia fazer: ajudar os fundadores latinos a encontrar os caminhos para acelerar o lançamento de suas startups, e conseguir se concentrar mais no seu negócio do que nas burocracias que o rodeiam. “Hoje há mais capital e talento disponível, mas os fundadores ainda sofrem com problema de infraestrutura corporativa e financeira. O mercado ainda está atrasado”, avalia.

Para a nova empreitada, ele se juntou a Gonzalo Parejo e Gutemberg Fragoso (Guto), com quem trabalhou quando tocou a operação do Groupon (saudades compras coletivas, #sqn!) no Brasil. O último a chegar foi Rodrigo Perenha, que estava no Mercado Livre nos últimos 3 anos.

Junto, o quarteto está colocando no ar agora a Kamino. A startup, que se define como uma fintech porque tudo começa a partir de uma conta digital, tem como objetivo oferecer, em um só lugar, as ferramentas que uma startup precisa para crescer. Na lista estão a abertura de CNPJ, montagem de estrutura fora do Brasil – a famoso dupla Cayman-Delaware -, cartão de crédito e conta bancária, linha de crédito e serviço de transferência internacional de recursos.     

Gutemberg Fragoso (à esq.), CPO; Rodrigo Perenha, CTO, Benjamin Gleason, corporate development; e Gonzalo Parejo, CEO

De acordo com Gonzalo, a ideia é construir ofertas próprias, mas também, usar parcerias. Atualmente, a Kamino tem acordos com o escritório Bronstein Zilberg, a Carey Olsen, o Silicon Valley Bank, o Distrito e a Abrão Filho Banking & Câmbio. A ideia é começar atendendo companhias early stage, mas também evoluir para as scale ups. Segundo ele, a América Latina tem cerca de 30 milhões de pequenas e médias empresas, sendo que, dependendo do mercado, de 12 a 20% delas têm perfil de alto crescimento. “Elas são de 60% a 80% ddo volume de novas vendas e contratções do continente. são o backbone da ttransformação a região”, avalia.

De acordo com ele, a falta da infraestrutura para ajudar um negócio avançar é um dos elementos que fazem com que startups latinas tenham menos chance de sucesso do que nos EUA. Em uma análise de rodadas de realizadas por lá na última década, a constatação é que a probabilidade de um negócio chegar a um série C na terra do Tio Sam é 7 vezes maior. “As startups captam menos, na média, e gastam muito mais só para se estabelecer como empresa. Queremos tirar essa fricção”, completa.

Rodada estrelada

Para começar a operar, a Kamino levantou uma rodada que pode ser considerada gigantesca para uma companhia latina em estágio inicial de desenvolvimento: US$ 6,1 milhões (cerca de R$ 32 milhões).

O líder do aporte foi o fundo Inspired Capital. Também participaram Global Founders Capital, Fontes (fundo early stage de QED Investors), Picus Capital, Flourish Ventures, Propel VC, Clocktower Technology Ventures, Norte Ventures e Gilgamesh Ventures. Na lista de anjos estão Sergio Furio (Creditas), Sergio Fogel (dLocal), David Arana (Konfio), Ariel Patschiki (Ebanx) e o ex-sócio de Benjamin no GuiaBolso, Thiago Alvarez.

De acordo com Benjamin, o objetivo da rodada foi trazer gente experiente, mas também bem conectada, que pode indicar os serviços da Kamino para as empresas nas quais investe.

Na corrida do ouro dos investimentos em startups, vender pás e picaretas começa a se mostrar um bom negócio. Há 1 mês, a Trace Finance levantou uma rodada seed de R$ 22 milhões. Já a Latitud, lançou o Latitud Go, seu serviço para apoiar startups na abertura de estrutura fora do Brasil.

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