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Seis meses depois de começar a operar, a Kamino está colocando no ar um novo produto: sua conta digital com cartão corporativo sem custos. A oferta fecha o ciclo do portfólio da companhia voltado a startups. Agora, além de criar uma estrutura jurídica fora do Brasil (o famoso sanduíche Cayman-Delaware) e fazer o envio de recursos captados no exterior para cá, as companhias poderão receber o dinheiro na conta local oferecida pela companhia.

Segundo Gonzalo Parejo, cofundador e presidente da Kamino, isso facilita a vida dos fundadores e dos CFOs, porque reduz o trâmite de documentos e centraliza o relacionamento em um só fornecedor. “Resolvemos primeiro o acesso e o recebimento dos fundos. Agora a gente olha como sacar esses recursos. A ideia é ter uma visão mais ampla no futuro, com fluxo de caixa, retorno e automação”, completa Benjamin Gleason, cofundador da Kamino.

O plano, não entanto, não é se tornar um banco. “A ideia é ser um hub financeiro, um sistema centralizado de gestão. Queremos crescer com as startups e empresas da nova economia”, diz Gonzalo. Segundo ele, a lista de espera para abrir a conta digital tem mais de 100 nomes.

E o plano não é ter uma lista muito extensa de clientes. Inicialmente, o público-alvo é de 1 mil a 1,5 mil empresas early stage e em fase de crescimento no Brasil. “O foco não é ser um produto para PME, mas sim olhar para o fundador e para o CFO com uma relação bem próxima”, diz o fundador.  

Em testes feitos ao longo dos últimos meses, a Kamino conseguiu trazer empresas com gastos mensais na faixa de R$ 200 mil. A captação de clientes tem acontecido muito por indicação de investidores da companhia e pela parceria com o escritório Bronstein, Zilberg, Chueiri & Potenz (BZCP), que atua com startups – e indica clientes para ela. “Queremos seguir com esse perfil de volumes altos operando na conta, buscando clientes de alto valor”, diz Gonzalo.

Com cartão Visa com limite atrelado ao saldo em conta e remuneração de 100% do CDI diário, a conta funciona em cima da estrutura de banking da Dock.

O território das contas digitais para empresas nascentes e de menor porte tem sido alvo de bastante atenção das fintechs nos últimos tempos por conta da pouca atenção que esse público recebe dos bancos tradicionais. C6, Inter, Linker e Cora são alguns dos nomes que têm olhado para esse segmento sob uma ótica mais de conta digital. A Conta Simples, que tem 60 mil clientes, adota uma linha de sistema operacional, com serviços atrelados à conta. Em agosto, a fintech fez sua 1ª aquisição, comprando a Hackr Ads para ajudar seus clientes a adminstrarem melhor suas campanhas de marketing digital.

Cartão corporativo e tela do aplicativo da conta da Kamino
Foto: Divulgação

Atual cenário

A Kamino começou a operar no início do ano apoiada em uma rodada de US$ 6,1 milhões que contou com a participação de fundos estrelados do mercado. Reflexo da experiência da equipe que se juntou ao projeto, e também da animação do mercado de venture capital. De lá pra cá, o cenário mudou bastante. Benjamin conta que estava nos EUA conversando com investidores em maio e o estado de espírito era de pessimismo frente a tudo o que estava acontecendo no mundo naquele momento.

Agora, as coisas começam a andar novamente já que o cenário não ficou tão ruim quanto se imaginava. “Acho que os investidores estavam receosos e precisando encontrar onde estava o chão. Agora há uma retomada. Quem é um fundador que teria captado antes, vai continuar captando. Quem era do auê é que não vai rolar”, diz.

Fazer uma rodada neste momento, no entanto, está diferente de alguns meses atrás. Análises mais criteriosas e demoradas por parte dos VCs, cheques menores, mais perspectiva de runaway, menos olhar para crescimento desenfreado e mais controle do fluxo de caixa são alguns dos novos requisitos.

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