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Depois de dois anos atuando no modelo de compra e venda direta de imóveis (o chamado ibuyer) a Keycash mudou sua operação e passou a se dedicar à oferta de crédito com garantia imobiliária.

A migração de uma proptech para uma fintech acontece no mesmo momento em que a Loft, que trouxe o ibuyer para o Brasil, também deixa o formato em segundo plano, passando a colocar o marketplace no centro de sua estratégia. “É um formato que não escala. É difícil fazer. Muito trabalho para pouco dinheiro”, diz Paulo Humberg.

Desde que colocou no ar a oferta de crédito com garantia imobiliária, em novembro, a Keycash diz ter recebido R$ 2 bilhões em simulações. Desse total, cerca de 10% foram contratados e perto de R$ 100 milhões foram de fato emprestados. Os juros dos empréstimos começam em 0,82% ao mês.

Uma boa parte da demanda – cerca de 45% – tem vindo de empresários e empreendedores, que buscam uma alternativa às linhas de crédito dos bancos para financiar seus negócios. Segundo Humberg, esse será o público-alvo da Keycash. A Pontte, que nasceu dentro da Mauá Capital, tem uma abordagem semelhante de crédito para empresas. “O crédito com garantia de imóvel é o próximo consignado”, diz Humberg.

O crédito consignado ganhou força nos últimos anos por oferecer juros mais baixos que outras modalidades como o crédito pessoal. Hoje, ele representa cerca de um quarto do mercado, com R$ 500 bilhões a R$ 600 bilhões contratados.

Já o crédito com garantia imobiliária ainda engatinha. Segundo o Banco Central, em 2020, o crédito com garantia de imóvel cresceu 26% em relação a 2019, totalizando R$11 bilhões. A Creditas, que virou um unicórnio em dezembro/20, após uma série E de US$ 225 milhões, tem pouco mais de 10% desse total. Em 2020, a companhia chegou a uma carteira de R$ 1,25 bilhão, quase o dobro dos R$ 679,3 milhões de 2019.

A Keycash tem operado com recursos próprios e está no processo de levantar um FIDC. A meta, segundo Humberg, é ter uma carteira de crédito R$ 180 milhões a R$ 200 milhões em 2021 e chegar a R$ 1 bilhão em um prazo de 3 a 4 anos. “A empresa vira outro bicho, fica mais pesado, mas a gente garante a qualidade do produto que oferece”, diz Humberg.

No momento, a companhia está fazendo uma rodada de investimento, sobre a qual Humberg não quer dar detalhes. Perguntado se os recursos virão da KPTL – gestora que surgiu da união da A5, fundada por ele, com a mineira Inseed, no fim de 2019 – ele disse que não. “O cheque é maior que o deles”, disse.

No lançamento da Keycash, em 2018, Humberg disse ao Valor que o investimento inicial era de US$ 10 milhões e que o objetivo era era levantar mais US$ 15 milhões para financiar a operação de compra e venda de imóveis usados com valores entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão na cidade de São Paulo.

A Keycash hoje tem 40 pessoas, sendo a metade da área de tecnologia. A proposta não é inchar muito o time, e ser “o mais tecnológico possível”, segundo Humberg. A companhia tem um outro braço, a Keyfast, que se posiciona como um concierge para ajudar imobiliárias e corretores a gerar negócios. Essa operação continua em atividade.

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