Da indústria ao varejo, todo mundo quer ser banco. Mas como fazer essa incursão sem as complexidades de oferecer serviços financeiros sem se tornar uma instituição financeira? Contratando alguém que ofereça isso como um serviço. Na lista estão nomes como Zoop (que foi incorporada pela Movile) Conductor, Iugu e, mais recentemente, a gigante CSU.
A demanda para essas companhias é crescente, assim como o interesse dos investidores. A Celcoin, por exemplo, acaba de fechar sua 3ª rodada de investimento.
A fintech, que opera como um dos “Legos” para serviços financeiros, oferecendo APIs para a incorporação de pagamentos como PIX, débito automático, open banking, entre outras funcionalidades, fez uma captação de R$ 55 milhões capitaneada pela Torq Ventures, o fundo de corporate venture da Sinqia. É o 1º investimento direto feito pelo programa. Além da Sinqia, participaram a Vox Capital e o boostLab, do BTG, que já eram investidores.
Nascida em 2016, a Celcoin soma agora R$ 78 milhões levantados em 3 rodadas. A 1ª captação, de R$ 6 milhões aconteceu no começo de 2019 e a outra em outubro/20.
Segundo Marcelo França, fundador e presidente da fintech, o valuation atribuído ao negócio na captação mais recente foi 5 vezes maior que o do fim do ano passado. Ele não cita valores, mas considerando que, normalmente, uma rodada nesse estágio compra uma fatia de cerca de 15%, é possível estimar um valor na faixa de R$ 366 milhões.
Use of proceeds
Os recursos serão usados do jeito básico de toda captação: investimento em novos produtos e em contratações. Hoje com 130 funcionários, a Celcoin pretende adicionar mais 70 até o fim do ano. A base de clientes deve passar dos atuais 170 para 250. O volume mensal transacionado, que hoje está em R$ 1,5 bilhão, pode chegar a R$ 20 bilhões. Em termos de receita, a expectativa é dobrar o tamanho neste ano.
Atualmente, cerca de 25% do volume transacionado vem da Rede Celcoin, uma rede de correspondentes bancários composta por 36 mil estabelecimentos espalhados por todo o país. O serviço é um resquício das origens da companhia, que começou a operar como uma conta pré-paga e depois evoluiu para o modelo de oferta de APIs para outras empresas,
Uma parte do crescimento deve vir das vendas para a base de 500 clientes da mais nova sócia, a Sinqia. Segundo Marcelo, aliás, a rodada aconteceu muito por conta dessa possibilidade. O fundador diz que a Celcoin já gera caixa e que não precisava da nova injeção de recursos, mas que a possibilidade de atuar em conjunto com a Sinqia era boa demais para deixar passar.
O fato de gerar caixa, aliás, abre uma outra vertente de expansão a ser explorada pela Celocoin: as aquisições. Segundo Marcelo há um número considerável de fintechs que oferecem produtos que podem ser incorporados à oferta da companhia, por isso o movimento faz sentido. Perguntado ele não disse quantos negócios têm em mente fazer.
Outra razão para o reforço de caixa é o cumprimento de obrigações de liquidez do Banco Central. A Celcoin já tem licença de instituição de pagamento, e espera receber em breve a liberação para atuar como iniciadora da pagamentos. E com o crescimento no volume transacionada, ela precisa ter recursos para fortalecer o balanço.
Open banking
Boa parte das expectativas de crescimento da Celcoin se fia no avanço dos conceitos e open banking e open finance propostas pelo Banco Central. Para esta semana, aliás estava previsto o início da 2ª fase do open banking. Mas o início da nova a etapa foi adiada pelo Banco Central para 13 de agosto a pedido dos participantes. Segundo Marcelo, o adiamento já era uma expectativa para quem está envolvido na criação do conceito, devido Às suas complexidades. A 2ª fase já tinha sido dividida em 4 fases. Para ele, o adiamento não atrapalha nada. “É um momento de transição”, diz.