Monashees, Kaszek, Tiger Global, Ribbit e DGF são alguns dos fundos de venture capital de mais tradição no mercado brasileiro. Mas o crescente ecossistema tem aberto espaço não só para a diversificação de áreas de atuação e modelos de negócios das startups, mas também dos fundos que colocam dinheiro nessas companhias.
As novas gestoras têm nascido por iniciativa de fundadores que venderam parte ou a totalidade de um negócio, de executivos e famílias endinheiradas que querem ter mais contato e exposição a esse mercado e também pelas mãos de empresas que buscam novidades para as suas operações. Com essa multiplicação de interessados, o jogo começou a virar e os fundadores já têm mais condições de escolher os fundos e investidores com quem querem fazer negócio. Um cenário bem diferente de alguns anos atrás, quando precisavam ser escolhidos pelas casas que atuavam por estas bandas.
Ok, ainda não é tudo perfeito e cor-de-rosa quanto soa. Mas o cenário já é bem mais promissor do que há 5, ou mesmo há 3 anos. Praticamente toda semana, fundos novatos como Maya, Big Bets, Honey Island, ONEVC e Caravela aparecem participando de novas rodadas. Ainda sem muita tradição, ou safras de empresas que comprovem suas teses, as casas têm buscado se diferenciar oferecendo mais do que dinheiro às startups. Agilidade no retorno às demandas dos empreendedores, bem como ter experiência prévia no empreendedorismo ou especialização em um setor específico são alguns pontos que têm sido explorados. “O dinheiro em si tende a virar uma commodity”, diz José Pedro Cacheado, sócio da Norte Ventures.
A gestora, que nasceu no início de 2020, adotou uma pegada de “clube de empreendedores”, trazendo como investidores pessoas que participaram da fundação e construção de empresas como Gympass, iFood, Mercado Livre, Nubank, entre outras, e também de outros fundos de VC como Monashees, Softbank e Riverwood. Seu 1º fundo levantou US$ 8 milhões e já realizou aportes em 42 empresas – geralmente em estágio inicial, em rodadas pré-seed, seed e série A.
Assim como fez com os fundos mais tradicionais, que reuniu na “Ligas dos Veteranos” – publicada com exclusividade pelo Startups -, a Norte acaba de soltar uma lista de novos fundos que batizou de “Heróis em Ascensão”. Nela estão nomes como Alexia, Quona, FJ Labs, DOMO, Canary, Shift Capital, e a própria Norte. Segundo Gabriela Efeiche, analista da gestora, a escolha dos nomes foi baseada na atividade em termos de novos em investimentos, mas a lista não é exaustiva. A ideia é que ela se mantenha viva e que só aumente.
Já temos algumas dicas: Invisto, KPTL, Parallax e Iporanga.
Vida nada fácil
Ser um fundo de VC pode parecer glamuroso, mas tem, obviamente, seus desafios. E não só em relação a burocracia, custos e gestão de ativos. Especialmente para um novato, o acesso aos principais deals é um ponto crucial. “Os melhores fundadores sempre vão procurar os fundos mais tradicionais porque se algum deles entrar em uma rodada, há um forte poder de sinalização para o mercado que facilita a captação de futuras rodadas, captação de clientes, entre outros. Portanto, é importante que, para a geração de um dealflow consistente, os fundos novatos tenham um bom acesso a estes deals”, avalia Cacheado. Para ele, fundos que têm fundadores à frente, como Canary e a Norte, conseguem uma certa vantagem neste sentido por terem acesso no ecossistema. O ponto seguinte é combinar isso com os pontos de diferenciação em relação aos outros fundos.
Confira a lista completa da Liga dos Heróis em Ascensão criada pela Norte Ventures:
Jornalista com 13 anos de experiência no mercado de TI corporativa dedicados à apuração e produção de reportagens sobre tecnologia, negócios, finanças e carreira, incluindo a cobertura de eventos internacionais. Tem passagens por veículos e empresas de mídia de destaque do segmento, como TI Inside e IT Mídia.