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Lincon antecipa parte de rodada seed em crowdfunding no Kria

Healthtech voltada a pacientes crônicos foi criada por três ex-sócios da ACE e inspirada na startup gringa Livongo

Foto: Canva
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A Lincon, healthtech que desenvolveu uma solução de terapia digital voltada ao tratamento de doentes crônicos, está em meio à sua rodada seed para acelerar o go-to-market. Contudo, para dar mais fôlego ao seu caixa, a empresa antecipou parte da rodada por meio da plataforma de crowdfunding Kria.

A rodada total, aberta em maio, foi de R$ 2,4 milhões, a um valuation de R$ 12 milhões. Já pela plataforma do Kria, a empresa espera levantar entre R$ 550 mil e R$ 825 mil, a um valuation descontado de R$ 9,6 milhões. Até o fechamento desta matéria, a healthtech já bateu a meta mínima, mas a rodada continua aberta em busca do valor máximo de captação.

Com a grana do crowdfunding, o objetivo é focar nas primeiras fontes de receita abertas este ano, em áreas como B2B e B2B2C.

“Vamos investir no desenvolvimento do go-to-market estruturado da Lincon, que é a fase pré-crescimento da startup. Sucesso nesta fase é encontrar o cliente ideal e modelo de penetração no mercado”, afirmou o cofundador e CEO da empresa, Victor Navarrete, em entrevista para o Startups.

O que a Lincon oferece é chamado de TDP – Terapia Digital Personalizada – que reúne os dados de dispositivos inteligentes do usuário (smartphone, smartwatch) e utiliza-os em favor de um conjunto de protocolos que o paciente crônico (diabetes, hipertensão etc) deve seguir para melhorar sua condição de saúde.

“Segundo dados colhidos com nossos pacientes, tivemos um retorno de 93% de adesão dos usuários ao tratamento”, explica Victor.

Fundada em 2021, a Lincon nasceu da ideia de três executivos conhecidos no cenário startupeiro. Os fundadores – Victor Navarrete, Sullivan Santiago (CTO) e José Gutierrez (CRO) – são todos ex-sócios da ACE, e durante suas passagens na aceleradora desenvolveram projetos junto ao mercado farmacêutico, o que lhes colocou em contato com um desafio da indústria: o de conscientização e acompanhamento dos indivíduos com doenças crônicas.

Segundo uma estimativa de mercado trazida pelo CEO da Lincon, cerca de 52% da população brasileira sofre de alguma doença crônica. Numa conta rudimentar, estamos falando de 41 milhões de pessoas e um “potencial de bilhões” em termos de valores de tratamento, conforme analisa Victor.

José Gutierrez (CRO), Victor Navarrete (CEO) e Sulivan Santiago (CTO), cofundadores da Lincon. (Foto: Divulgação)

A partir disso, criaram um modelo de negócios inspirado pela norte-americana Livongo, que desenvolveu um aplicativo de bem-estar com tecnologia de monitoramento e acompanhamento e levantou cerca de US$ 235 milhões em investimentos, até ser comprada por US$ 18 bilhões pela TelaDoc em 2020.

A Lincon chegou a fazer benchmarking com a empresa norte-americana para construir sua tese. Neste processo, o CTO da Livongo, Dave Engberg conheceu a healthtech brazuca e hoje é conselheiro da companhia.

Momento de validação

Uma startup jovem, com pouco mais de um ano, a Lincon está ainda validando suas linhas de produtos com clientes e parceiros de renome. Um deles é a rede de laboratórios Dasa, que participa do ecossistema de Lincon na parte de exames. A socia e advisor da companhia, Ana Elisa Siqueira, faz parte da rodada no Kria como deal partner.

Outra que se alinhou à Lincon é a Panvel, rede de farmácias que domina a região Sul do país e está investindo em serviços de saúde. “É um benefício que agrega valor às redes (de drogarias) e também ajudar a incrementar na fidelização do cliente quando é hora de comprar um remédio, o que é algo contínuo para eles”, explica Victor.

No seu modelo de negócios, a Lincon também inclui empresas cujos RHs desejam reforçar sua estratégia de benefícios de bem-estar, assim como operadoras de saúde que desejam utilizar dados para oferecer benefícios e descontos para os pacientes que se cuidam.

Esse foco B2B e B2B2C tem um motivo: o plano da Lincon, assim como era o da Livongo, é de que o aplicativo seja gratuito para o consumidor, buscando a receita através dos parceiros e do ecossistema de serviços construído em cima da solução entregue na ponta.

A empresa quer dar os próximos passos com calma, assim como fez no seu início. Em 2021 a empresa se dedicou a construir e testar sua metodologia de terapia digital, e deve utilizar parte do aporte para seguir isto no segundo semestre, incluindo estudos em novas linhas de tratamento além de diabetes e hipertensão. Sem pressa, a companhia quer chegar ao final do ano com algo em torno de 2 a 3 mil vidas monitoradas.

Para Victor, o crescimento real, com um go-to-market mais agressivo, deve começar a partir de 2023, com os novos milhões do fechamento da rodada maior, assim como futuros aportes que poderão surgir. “Para que isso aconteça, será necessário criar bons cases de negócios com esse cliente e gerar evidências de eficiência em uma melhor gestão de saúde feita por nós. Feito isso, estaremos prontos para crescer com qualidade e com menor custo de aquisição”, finaliza.