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Não deu nem 1 ano para a insurtech 180º Seguros fechar uma nova rodada de investimento. A startup, que atua no modelo B2B2C, oferecendo a infraestrutura para que outras empresas possam ter os seguros entre suas ofertas, levantou uma série A de R$ 177 milhões (US$ 31,4 milhões).

O novo aporte foi liderado pela 8VC – do Jon Lonsdale, cofundador da Palantir, que já investia na empresa – e trouxe para o captable a monashees e o Atlantico – do Julio Vasconcellos. Dragoneer, Quartz e Norte, que também já eram investidores, acompanharam.

Com o caixa ainda mais cheio, a 180º pretende investir na consolidação de seu modelo de seguro como serviço e avançar em novas frentes comerciais, como joint ventures e parcerias estratégicas com possíveis clientes. “Algumas empresas querem ter um relacionamento mais profundo, criar um roadmap de produtos, testar várias coisas. Mas não têm time, não conseguem priorizar. Então podemos montar alguma coisa específica para rachar custos e também receitas. Isso será uma atividade relevante pra gente. Mas precisávamos de cacife para brincar com isso”, diz Mauro Levi D´Ancona, cofundador e presidente da 180º. Segundo ele, há discussões com 3 companhias para projetos nessa linha.

Em pouco menos de 1 ano de operação, a 180º fechou contratos com 8 clientes. Na lista estão nomes como Loft, Caju, Buser, Pipo e Zul Digital (comprada pela Estapar). Segundo Mauro outros 8 nomes já estão fechados e as ofertas com eles estão em fase de desenvolvimento. A meta é chegar ao fim do ano com pelo menos 1 milhão de seguros vendidos. “Esse é o ano onde a gente realmente acelera. Estamos bastante empolgados”, diz Mauro.

Em termos de funcionários, o quadro atual de 50 pessoas – sendo mais da metade em tecnologia e produtos – vai mais que dobrar, chegando a 110 até o fim do ano.

Franco Lamping (à esq.). Mauro D´Ancona e Alex Korner, fundadores da 180º. (Foto: Tiago Queiroz/Divulgação)

Venda longa

Por sua natureza, o produto da 180º tem um ciclo de venda bem longo, por isso a startup tem se focado em grandes empresas, que conseguem pagar a conta. O objetivo, no entanto, é, com o tempo tornar as ofertas o mais simples possível de serem integradas, usando APIs. “Queremos ser o que a Stripe é para pagamentos. Com uma lojinha de bairro que quer vender garantia estendida podendo fazer isso”, diz Mauro.

Seguro são pouco consumidos pelos brasileiros por serem considerados caros pelo que oferecem. No mercado de automóveis, a penetração é de 20%. No residencial, 11%. A estimativa é que o mercado, que é atualmente de R$ 270 bilhões, tenha metade do tamanho que ele poderia ter.

O setor estava atrasado em termos de inovações, mas a Susep tem se movimentado para alcançar o ritmo do Banco Central por meio do open insurance. Com um regramento mais flexível, novas ofertas têm surgido, permitindo que mais gente tenha a oportunidade de contratar um seguro. “Seguro é distribuição, deixar na cara do gol”, avalia Mauro.

Nessa linha, a companhia tem criado ofertas como diferentes o seguro intermitente, com prazo de 1 hora, para quem para um carro na rua com a Zul+ e os serviços de assistência residencial por pontos da Loft.

A 180º atua como uma corretora, trabalhando com outras seguradoras na composição de suas ofertas. Segundo Mauro, em algum momento, se quiser lançar um produto que não existe no mercado, com um perfil de risco maior, ela pode vir a fazer isso de forma direta. Mas não planos imediatos para isso.  

Outro passo que ainda não está no radar é a expansão internacional. O foco no momento é aproveitar as oportunidades disponíveis no Brasil.

Ambiente macro

Falando em Brasil, não dá para deixar de olhar para o ambiente macro, com alta de juros, da inflação, toda instabilidade política e os efeitos na renda, que podem afetam o interesse em contratar um seguro.

Na avaliação de Mauro, as perspectivas continuam positivas para o setor por conta da sua baixa adoção. “Incerteza e instabilidade nunca ajudam. Mas a oportunidade permanece independentemente do que vai acontecer. Trazer seguros mais baratos é uma pauta tanto de direita quanto de esquerda. Independe de ruído político. É um movimento sem volta”, diz. Um exemplo disso, segundo ele, é o fato de que, nos últimos 12 meses o mercado cresceu 13%, um pouco acima da média histórica da última década, que foi na casa dos 10%.     

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