Fim de ano normalmente é aquela correria nas empresas para entregar tudo o que estava planejado. E a lógica também parece estar sendo seguida no mundo do venture capital. Bora entregar o máximo de deals e de unicórnios de 2021.
Nas últimas duas semanas, foram 3 empresas que chegaram ao patamar de valuation de mais de US$ 1 bilhão na América Latina. Hoje, uma 4ª companhia foi adicionada à lista: a Merama.
Apenas 3 meses depois de anunciar uma série B de US$ 225 milhões, a startup – que quer criar uma casa de marcas de consumo, uma Unilever, ou uma P&G do digital – concluiu uma extensão da rodada, adicionando US$ 60 milhões ao pote e passando a ser avaliada em US$ 1,2 bilhão. SoftBank e Advent, que lideraram a rodada, complementaram o Pix… ou melhor dizendo, a wire transfer. A lista de investidores conta ainda com Valor Capital, monashees, Globo Ventures, Maya Capital, Partech e Balderton ascensão ao status de unicórnio também acontece menos de 1 ano da fundação da companhia – marca que parece ser a nova moda entre os “criadores de unicórnios” na região, vide JOKR/Daki e Clara.
O reforço do investimento veio por conta do entusiasmo criada com o anúncio da série B, segundo Renato Andrade. Com isso a companhia aproveitou para levantar um pouco mais de dinheiro e antecipar planos previstos para o ano que vem.
O principal deles é a criação do Merama Labs, uma unidade que vai desenvolver internamente novos negócios para complementar a estratégia principal, de aquisição de marcas. “Percebemos que ter essa estrutura ajuda a ficar mais robusto na hora de conversar com os empreendedores. Principalmente nas áreas de cosméticos e beleza, que têm muitas subcategorias”, explica Guilherme Nosralla, cofundador da Merama.
A companhia foi fundada pelos brasileiros Renato, Guilherme e pelos mexicanos, Felipe Delgado, Olivier Scialom e Sujay Tyle (que vendeu a Frontier Car Group para a OLX). Em menos de 1 ano de operação, a companhia construiu um portfólio de 25 empresas que atuam em 6 países da América Latina e têm receita líquida combinada de US$ 300 milhões. A Merama tem uma operação nos EUA, mas que funciona como um apoio às marcas para venda de produtos na terra do Tio Sam. Segundo Guilherme, uma atuação no mercado americano não é algo que está nos planos da companhia. “Podemos até avaliar se aparecer uma oportunidade. Mas não é algo estratégico”, diz. Nos EUA a competição no segmento em que a Merama atua tem cerca 20 nomes. Enquanto aqui na América Latina, ela navega praticamente sozinha.
Todos os negócios que ela tem são comprados 100%, com manutenção dos fundadores por um período de earn out. Na lista de marcas, que ela não divulga detalhes, há companhias com diferentes perfis e portes, inclusive operações com receita de R$ 100 milhões, R$ 150 milhões. Segundo Guilherme, a ideia é ser agnóstico em termos de categorias, buscando oportunidades onde existir. Em termos de porte, o alvo são negócios, devido às complexidades dos processos de fusões e aquisições na região. “A gente coloca esteroides na empresa com a injeção de capital, mentalidade de crescimento. O que muitas dessas empresas precisam é de grana para comprar estoque e apoio ao negócio”, conta.
Para 2022, o obejtivo é adicionar entre 15 e 20 novas empresas ao portfólio, um número que os fundadores consideram como bom para dar massa crítica à operação. Segundo eles, ainda não há um número exato que eles pretendem ter debaixo do seu guarda-chuva, mas certamente não serão 150 ou 200. Uma coisa que não está nos planos é a venda ou a separação de negócios que ficarem muito grandes.
Sobre o cenário macro conturbado, com inflação e juros em alta e reflexo no consumo, Renato diz que os últimos meses têm sido movimentados em termos de negociações e de efeito no balanço, mas que a companhia tem conseguido driblar bem o momento por conta da diversificação de suas operações.