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O unicórnio mexicano dos carros usados, a Kavak, prevê investir R$ 2,5 bilhões em sua operação no Brasil. A ideia é que o país se torne a maior operação da companhia no mundo, segundo Roger Laughlin Carvallo, cofundador e diretor de operações da companhia, que se mudou para o país em outubro/20 para estabelecer a operação por aqui.

A chegada ao Brasil estava nos planos da captação série C feita pela Kavak em outubro. Em entrevista ao Startups na época, o outro cofundador da companhia, Carlos Garcia Ottati, disse que a ideia é começar a operar por aqui no 1º trimestre de 2021, o que de fato aconteceu.

Diz aí se você já não viu um anúncio da Kavak no Instagram ou no Google?

A operação local já conta com 500 pessoas e 2,5 mil carros, mas só foi oficialmente lançada hoje em um evento on-line com jornalistas com a participação de Roger. Na conversa, ele não deu um prazo para a aplicação dos bilhões, mas fez questão de destacar que o montante previsto é inicial. “Pela complexidade do que oferecemos, é muito capital intensivo, investimento em infraestrutura. E não estamos vindo para fazer teste. É o maior compromisso financeiro da companhia. Estamos muito empolgados com o Brasil”, disse.

Além do Brasil e da sua terra natal, a Kavak opera na Argentina. Segundo Roger, mais países estão no plano de expansão e os nomes serão compartilhados no futuro.

Até o fim do ano, a expectativa é dobrar o número de funcionários no Brasil, chegando a 1.000. A companhia também pretende ampliar o número de lojas, chegando a 20, contra 6 no momento. No fim do ano que vem a companhia quer somar 100 mil carros comprados e outros 50 mil vendidos por estas bandas. Segundo Roger, a companhia está construindo o maior centro de recondicionamento de veículos da América Latina, maior que no México.

Colocando em contexto, o valor que a Kavak pretende aplicar no Brasil equivale a US$ 500 milhões, ou pouco mais que os US$ 485 milhões do aporte de série D liderada por D1 Capital, Founders Fund, Ribbit e BOND que a companhia fez em janeiro e anunciou em abril. A rodada avaliou a companhia em US$ 4 bilhões, quase 4 vezes mais que o valor anterior e com ela, a companhia soma US$ 900 milhões levantados desde sua fundação em 2016.

Modelo de negócios

A Kavak atua na compra e venda de carros usados, mas com elementos de fintech, o que turbina seu modelo de negócios (e seu valuation). Ela oferece opções de financiamento das compras com bancos ou pelo seu braço financeiro, a Kavak Capital. O dono de um carro também pode refinanciar o crédito caso sua situação financeira se complique, ou pegar um empréstimo usando o veículo como garantia. Segundo Roger, a ideia é entender o mercado local para ver como essa operação será estruturada no Brasil.

Quando o cliente precisa de manutenção no carro, ele só precisa pegar o aplicativo e acionar a assistência. O veículo é retirado onde a pessoa achar mais conveniente e vai para uma das oficinas próprias da Kavak. É nelas também que a companhia faz o recondicionamento dos carros que compra e colocar a venda. O investimento fica entre US$ 500 e US$ 1,5 mil para deixá-lo pronto para revenda. “Só vendemos carros que venderíamos para a nossa mãe”, disse Roger.

Segundo ele, o negócio é 30% compra e venda de carros e 70% as soluções vão sendo construídas para os clientes.

As decisões sobre que modelos a empresa deve comprar, por quanto, o preço de revenda e para quem conceder crédito e em que condições são feitas com ajuda de inteligência artificial.

Competição

O anúncio do investimento no Brasil chega no momento em que o mercado de seminovos está aquecido por conta da baixa na produção de carros novos pelas montadoras e também de acirramento da competição por conta dos movimentos da Creditas, que lançou seu braço de seminovos, o Creditas Auto, e também comprou a Minuto Seguros e Volanty.

É sempre bom lembrar que Creditas e Kavak compartilham a SoftBank e a Kaszek como investidores. Em dezembro, quando chegou ao status de unicórnio, a Creditas foi avaliada em US$ 1,75 bilhão, menos da metade da Kavak. Just saying…

Perguntado sobre esse cenário, Roger respondeu com as clássicas: ficamos felizes de ter gente atuando que nem a gente e que o mercado é grande o suficiente para vários players.

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