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A fintech da Movile, a MovilePay, levantou R$ 200 milhões em seu 1º Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Os recursos serão usados pelo iFood para emprestar aos 270 mil restaurantes de sua base. A estruturação e a distribuição foram feitas pelo Itaú BBA.

O fundo chega para turbinar o plano do aplicativo de ser o “banco dos restaurantes” e também a ambição da MovilePay de se tornar a maior fintech do Brasil, com 100 milhões de contas. “Quero ser maior que o Nubank e o PagSeguro juntos”, projeta Daniel Bergman, presidente da fintech.

A oferta de serviços financeiros é uma das 3 áreas nas quais a Movile pretende investir os recursos da captação de R$ 1 bilhão que anunciou no começo do mês.

Quero ser banco

Ter como principal cliente o iFood, já é meio caminho andado nos planos da MovilePay. A ideia de ser o banco dos restaurantes é estratégica por conta das boas margens e também porque fideliza (ou cria dependência?) os restaurantes, além de gerar dados e dar mais conhecimento sobre suas operações e o mercado.

O crédito, especialmente, sempre foi um componente importante para restaurantes e ficou ainda mais durante a pandemia com os bancos ficando mais restritivos na concessão de crédito. iFood, Rappi e Uber criam linhas especiais para apoiar os estabelecimentos nesta fase mais crítica. As duas primeiras também montaram braços dedicados aos serviços financeiros.

Conta digital

Lançada no fim de 2020, a conta digital do iFood já tem 200 mil contas ativas. Ela permite receber os repasses das vendas pelo aplicativo em 1 semana, pagamento de contas, transferências e tem um cartão de bandeira Visa atrelado.

Na opção de crédito, a modalidade disponível atualmente é o chamado crédito fumaça, que está atrelado aos recebíveis do restaurante. O prazo mínimo dos empréstimos é de 6 meses, podendo chegar a 12. Desde o lançamento da operação, foram emprestados R$ 300 milhões para 10 mil estabelecimentos.

Com os recursos do FIDC, a ideia é ampliar o prazo dos créditos, podendo chegar a 24 meses, voltar a investir em adquirência, atividade que perdeu prioridade com a pandemia, e lançar novas opções para os restaurantes. Há cerca de 1 mês o iFood colocou no ar o Dinheiro Rápido, que libera recursos em tempo real, não em um prazo de 24 horas como acontece normalmente. “A gente sabe o que está acontecendo com o mercado. Damos crédito melhor do que qualquer outra plataforma. Aprovamos até 4 vezes mais do que outras fintechs. Já estamos consolidados com o banco do restaurante”, se gaba Daniel.

Segundo ele, o valor captado no FIDC deve ser consumido até o fim do ano e o plano é fazer outras duas emissões também na faixa de R$ 200 milhões nos próximos 9 a 10 meses. As conversas para a 2ª captação já estão começando a acontecer.

Oferta de crédito

Os testes de concessão de crédito do iFood começaram entre agosto e setembro/20 e contaram com a participação de algumas fintechs. Mas em um determinado momento, a MovilePay decidiu começar a usar recursos próprios. “Elas não tinham os dados dos restaurantes e a gente tinha o limite de até onde podia compartilhar informações”, diz Daniel. Ao todo, foram de R$ 10 milhões a R$ 20 milhões aplicados.

Ao sair para a captação do FIDC, o receio era que o mercado não entendesse a proposta do aplicativo. Mas o que aconteceu foi o contrário. “Estamos muito felizes porque nomes muito fortes do mercado investiram. Foram 220 fundos institucionais. Foi uma surpresa boa”, diz Daniel.

Cenário

Hoje a antecipação de recebíveis costuma ser feita com as adquirentes ou com bancos, com taxas bem altas. A opção está ganhando mais competição com a nova regra do Banco Central que permite a “portabilidade” do uso dos recebíveis (Oi, Marvin!).

No começo do ano, o arquirival do iFood, o Rappi, colocou seus pés nos serviços financeiros trazendo para o Brasil o RappiBank. A operação local foi iniciada com o acqui-hire da equipe da Zen Finance, fintech de crédito fundada por Jorge Vargas Neto (fundador da Biva, vendida para o PagSeguro) que não conseguiu escalar e acabou morrendo, como contou o Finsiders.

O primeiro produto lançado foi uma linha de capital de giro de R$ 10 mil a R$ 500 mil e taxa de juros a partir de 1,7% ao mês, com prazo de até 24 meses. A opção foi liberada para todos os estabelecimentos cadastrados no aplicativo, incluindo restaurantes, farmácias, lojas e supermercados.

Mais recentemente, a companhia ampliou suas ofertas com um cartão de crédito com bandeira Visa, o RappiCard, voltado a consumidores.

Maior fintech do Brasil?

Segundo Daniel, consolidar o “banco do restaurante” é o 1º passo dos planos de expansão da MovilePay. A partir de agora, o plano é desenhar os passos 2, 3 e 4, encontrar os próximos segmentos em que ela vai entrar. A rota de crescimento passa pela atuação na América Latina e, claro, por aquisições – afinal, estamos falando da Movile, né.

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