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Depois de um ano arrumando a casa, a Neoway está novamente olhando para fora para acelerar seu crescimento. Para fazer isso, a companhia acaba de nomear Andrew Campbell para a posição de relação com investidores e estratégia financeira.

A ideia é que o ex-executivo do Credit Suisse, que está na Neoway desde 2018, apoie o presidente Carlos Eduardo Monguilhott (mais conhecido como Kadu) em questões estratégicas ligadas a aquisições e mercado de capitais.

Para o posto de diretor financeiro, a Neoway trouxe da Unilever o executivo Rafael Karkle.

“Hoje a empresa é mais diversificada em seu perfil de clientes, sem depender de um setor ou outro. Se antes era uma ferramenta de vendas e marketing, hoje a parte de risco e compliance já é uma fonte importante de receita”, disse Campbell ao Startups. Segundo ele, a Neoway atende mais de 500 clientes de 20 segmentos diferentes. A companhia não abre números, mas a estimativa do mercado é que esteja na faixa de R$ 100 milhões a R$ 200 milhões.

Andrew Campbell

De acordo com Campbell, em meio à pandemia a companhia viu sua expansão desacelerar em meio às dificuldades enfrentadas por seus clientes. A diversificação do portfólio e de segmentos de atuação, no entanto, ajudaram a segurar as pontas. No acumulado do ano, o volume de novas vendas da companhia está 10% superior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Crescimento orgânico e por M&A

Nos planos de expansão, a companhia pretende avançar de forma orgânica, mas também por aquisições. O porte das compras vai depender da disponibilidade de caixa.

Desde sua fundação, em 2009, a Neoway fez três aquisições de menor porte: a Criactive, da área de construção; a LegalLabs, do segmento jurídico e a Sevennova, de marketing digital. Em termos de recursos captados, foram US$ 105 milhões levantados com Accel Partners, Monashees, Endeavor Catalyst, Polux Capital, QMS Capital, Pointbreak e Temasek Holdings em três rodadas. No começo do ano os atuais sócios fizeram uma nova rodada interna para reforçar o caixa em meio ao processo de ajustes que a companhia vinha fazendo.

De acordo com Campbell, apesar de receber contatos de muitos fundos, a companhia não está no momento para fazer uma nova captação. A expectativa é que essa janela se abra em um prazo de seis meses a um ano.

Para o executivo, o plano de uma abertura de capital, que era uma das metas do fundador da companhia, Jayme de Paula, que deixou a operação em agosto do ano passado, pode fazer parte do futuro, mas fica no radar para o médio a longo prazo. “Temos bastante interesse de fundos de private equity. Conseguimos um cheque de bom tamanho sem passar pelas restrições de um IPO”, avaliou.

As mudanças

Até o começo de 2019 a Neoway figurava na lista de possíveis unicórnios brasileiros. O status provavelmente seria atingido em uma rodada de série C que estava sendo negociada com preparação para o processo de IPO – que Jayme de Paula acreditava ser possível acontecer no começo de 2020.

A rodada, no entanto, foi suspensa em meio à divulgação de conversas do procurador da República Deltan Dallagnol que apontavam que o lobista Jorge Luz havia dito, em delação premiada assinada em 2016, que a Neoway o procurou para conseguir contratos na BR Distribuidora.

Além disso, em 2018, Dallagnol fez uma palestra remunerada para a empresa e apresentou representantes da Neoway a membros da procuradoria, para conversas sobre o uso de seus sistemas pela força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba. A Neoway nega ter contratado Jorge Luz e diz não ter fornecido nada à Lava-Jato.

A partir daí a companhia fez uma série de mudanças, entre elas, a saída de seu fundador de funções executivas e de conselho, mantendo-se como um acionista minoritário sem influência nos rumos do negócio. Uma auditoria interna foi feita e novos mecanismos de governança implantados. Kadu foi nomeado presidente interino (sendo efetivado em abril), com o presidente do conselho, Andrew Prozes, assumindo um papel mais atuante durante a turbulência. “O que ouvimos de clientes é que estávamos fazendo tudo certo”, disse Campbell. Para ele, uma lição desse episódio é a importância de se ter um conselho forte e experiente, capaz de assumir os rumos em momentos de dificuldade.

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