A startup Nextron Energia inicia hoje as operações de seu marketplace que conecta usinas de energia elétrica renovável a consumidores residenciais e comerciais. O objetivo é facilitar os negócios no mercado de geração distribuída de energia e fomentar novos investimentos no setor.
Criada por Ivo Pitanguy e Roberto Hashioka, a companhia pretende oferecer em torno de 200 Megawatts até o fim do ano – o suficiente para abastecer cerca de 36 mil clientes, considerando pessoas com consumo de energia elétrica mensal em torno de R$ 1.000. O serviço é feito por meio de um plano de assinatura, permitindo que a energia limpa saia das distribuidoras e chegue ao local de consumo sem custos adicionais ou a necessidade de instalação de placas solares.
A princípio, a Nextron conta com o fornecimento de 2 usinas fotovoltaicas, uma no Mato Grosso do Sul e outra no Rio de Janeiro. Entre as distribuidoras estão Enel, Energisa e Neoenergia. A startup nasce com um time de 6 colaboradores, com expectativa de chegar a 50 até o fim do ano, com contratações principalmente na área de tecnologia. Em dezembro, a companhia espera ter usinas de pelo menos 10 estados do país.
O crescimento será impulsionado por uma rodada seed de R$ 11,5 milhões, liderada pelo Valor Capital (que também investe na Solfácil). Participaram Barn Investimentos, fundo brasileiro especializado em greentechs, family offices e investidores-anjos como Solomon Hykes, fundador da plataforma de software Docker, do Vale do Silício. Com os recursos, a empresa vai reforçar os investimentos em produto, marketing e vendas.
Potencial de impacto
A Nextron faz parte do promissor mercado das climate techs, que receberam US$ 87,5 bilhões de investimentos globalmente somando o 2º semestre de 2020 e o 1º de 2021, de acordo com uma pesquisa da consultoria PwC. Segundo o relatório, isso representa um aumento de 210% em relação aos US$ 28,4 bilhões investidos nos 12 meses anteriores.
De acordo com os fundadores, o marketshare de geração distribuída solar no Brasil deve passar de 5% para 30% nos próximos 10 anos. “A gente sabe que existe apetite [para uma solução como a Nextron]. O mercado de energia solar nacional subiu mais de 10 vezes nos últimos 5 anos e só tende a crescer”, comenta Ivo, em entrevista ao Startups.
Segundo o executivo, o setor será alavancado pela lei 14.300, aprovada no início do ano. O projeto institui o marco legal da microgeração e minigeração distribuída de energia, modalidades que permitem a consumidores produzirem a própria energia que utilizam a partir de fontes renováveis.
“A Nextron surge como uma solução eficiente que ainda não existe no mercado. As usinas geram a energia e nós cuidamos de todo o resto – operação, pós-venda, gestão e prospecção dos clientes B2B e B2C”, comenta Ivo. Para o empreendedor, o marketplace é uma oportunidade para as usinas rentabilizarem seus investimentos e atraírem novos clientes.
Do lado dos consumidores a solução promete aliviar bolso. “Com energia solar, o cliente tem economia mensal de até 20% na conta de luz, porque a produção é mais barata do que nas termoelétricas ou hidrelétricas”, pontua Roberto. Na plataforma, disponível para Android e iOS, o cliente visualiza o consumo, economia e impacto ambiental gerado pela adoção da energia solar.
“O país tem um problema de alta dependência [cerca de 65,2%, segundo relatório de 2020 do Ministério de Minas e Energia em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética] das hidrelétricas”, pontua Ivo. Apesar dos benefícios, como o uso de recursos naturais e a redução das emissões de gases poluentes, o sistema enfreta desafios com as mudanças climáticas, falta de chuvas, ondas de estiagem e baixa no nível dos reservatórios.
“Em períodos de secas o preço sobe muito. Como alternativa às hidrelétricas, o Brasil usa as termoelétricas, que são altamente poluentes, baseadas em produção de energia a partir da queima de carvão”, completa. Nesse contexto, a Nextron nasce como uma alternativa de consumo para fomentar a diversificação da matriz energética e amenizar a crise no país.
Para os empreendedores, a startup se diferencia pelo modelo de negócio. “90% dos concorrentes não têm uma pegada de marketplace. Eles são, em sua maioria, um braço de distribuição de algum conglomerado. Nós temos a plataforma, a tecnologia e a experiência que muitos não possuem”, pontua Roberto.
O executivo passou 6 anos no time de tecnologia da Docker, na Califórnia. Ivo também trabalhou no Vale do Silício, com passagens pela gestora de private equity Foresight Group e pela diretoria das empresas Mori Energia e Sou Vagalume, com foco na geração de energia sustentável.