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Nomad levanta R$ 160 mi para bombar banco digital em dólar

Meta da fintech é saltar de 300 mil para 1 milhão de contas abertas até o final de 2022

Uma mão segurando o cartão do banco Nomad e uma outra mão segurando a máquina de recebimento de cartões - Startups

A fintech Nomad está pronta para acelerar ainda mais o seu plano de conquistar usuários para o seu banco digital em dólar. Para isso ela acabou de captar US$ 32 milhões (cerca de R$ 160 milhões) em uma nova rodada liderada pelo fundo norte-americano Stripes, com a participação da Spark Capital, monashees, Propel, Globo Ventures e Abstract. Na captação, a companhia foi avaliada em mais de R$ 1 bilhão.

O aporte vem no rastro de um crescimento expressivo da fintech, que lançou seu app em novembro de 2020 e nos últimos 12 meses multiplicou por mais de oito vezes a sua base de clientes. A fintech tinha aproximadamente 40 mil contas abertas em abril do ano passado, e atualmente já bateu a marca de 300 mil usuários.

“Foi um belo primeiro sprint”, avalia o presidente da companhia, Lucas Vargas, em conversa com o Startups, apontando o atual cenário econômico como um fator para o crescimento da empresa, que segundo ele aconteceu de forma bastante orgânica. “O mercado está volátil e as pessoas estão buscando segurança, o que está ajudando a validar o nosso modelo”, completou, revelando que o plano da Nomad é chegar a 1 milhão de contas digitais abertas.

“Inicialmente o nosso objetivo era encerrar 2023 com 500 mil usuários, mas os números surpreenderam até o nosso otimismo”, revelou o executivo, complementando que o aporte foi essencial para continuar a proposta de valor da fintech e ajustar o plano para a nova meta de usuários.

De acordo com o cofundador Patrick Sigrist, tão importante quanto expandir o número de usuários, é sustentar a base conquistada. Sigrist, um executivo que não é estranho à startups de alta aquisição de clientes (ele foi cofundador do iFood), uma boa parte do investimento será destinada à parte de tecnologia, em frentes como experiência do usuário e desenvolvimentos de novos serviços, como a recém-lançada frente de investimentos.

“Até demoramos para lançar a parte de broker, mas fizemos assim para garantir que fosse uma plataforma de uso fácil, para um público que não é trader”, afirmou Sigrist. Conforme noticiamos aqui mesmo no Startups, a empresa ampliou esta semana as opções de investimento, que abrangem cerca de 150 ativos como Apple, Microsoft, Disney, Amazon, ETFs de ativos no Brasil e cripto.

Foto do CEO da Nomad, Lucas Vargas, e os cofundadores Eduardo Haber e Patrick Sigrist - Startups
O CEO da Nomad, Lucas Vargas, e os cofundadores Eduardo Haber e Patrick Sigrist

Além do foco em tecnologia, os recursos também serão destinados a outras áreas, como novos canais de marketing, expansão da operação e do time de colaboradores – atualmente o time da Nomad é de aproximadamente 250 funcionários.

Mobilidade financeira

Quando perguntado sobre o perfil (ou perfis) dos usuários que estão impulsionando a Nomad, Lucas destacou que as pessoas estão abrindo contas pelos mais variados motivos. “Inicialmente muitos abriram suas contas para fazer compras no exterior com taxas cambiais melhores, mas agora temos pessoas com diversas finalidades”, explica. Segundo destaca a empresa, a taxa de IOF nas transações é de 1,1% – em comparação, uma compra internacional em cartão de crédito tem IOF de 6,38%.

De acordo com Lucas, o público hoje vai desde os que usam a fintech em e-commerces internacionais a pessoas que trabalham em home office para clientes estrangeiros e recebem em dólar. E sim, tem gente que tá simplesmente abrindo conta para mudar suas reservas financeiras para uma conta em dólar, em busca de ter mais segurança do que manter seu dinheiro na poupança.

“Para quem não quer ficar movimentando muito seu dinheiro, o dólar é uma poupança melhor que a poupança”, disparou Sigrist, destacando que a fintech está puxando uma onda que deve se fortalecer a médio e longo prazo: a da mobilidade financeira, em que as pessoas poderão movimentar suas economias de forma mais facilitadas entre diferentes bancos e até mesmo mercados –  o Open Banking promovido pelo Banco Central é outra iniciativa voltada nesta direção.

“Daqui a um tempo talvez não vai ter sentido possui uma conta em reais. Usuários poderão ter uma conta baseada em uma moeda forte, e valores menores alocados em moedas como o real”, aponta Sigrist, vislumbrando possibilidades para o futuro do mercado e da própria Nomad.

Concorrência em dólar

Apesar do crescimento considerável, a Nomad não está sozinha na corrida pelos clientes que estão buscando contas digitais em dólar. A fintech tem concorrentes como o Banco BS2, que atualmente conta com cerca de 185 mil contas abertas e quer fechar o ano com 300 mil usuários, segundo comunicado divulgado recentemente.

No início do ano, o C6 Bank também lançou a sua opção de conta global em dólar, porém limitada à transferência de valores e mais voltada a clientes que precisam enviar ou receber quantias do exterior, algo semelhante ao aplicativo lançado pela TransferWise em 2020.