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Quem vê um cisne nadando majestosamente em um lago, nem imagina que, debaixo da superfície, ele está batendo as patas enlouquecidamente para não se afogar. Para o Nubank, que nos últimos meses vê o seu valor de mercado afundando, o plano agora é estar majestoso para os seus clientes PJ – e para isso, acabou de lançar o NuTap, recurso que transforma o celular do usuário em uma maquininha que recebe pagamentos via aproximação (NFC).

Segundo destacou o neobanco em nota, o novo recurso começa a ser gradualmente disponibilizado a partir de hoje para empreendedores que tenham a conta PJ do Nubank e que possuam dispositivos com sistema operacional Android e tecnologia NFC, que viabiliza receber pagamentos por aproximação com cartões de débito ou crédito. Além disso, o produto conta com suporte a outras tecnologias de pagamento contactless, como Apple Pay, Samsung Pay ou Google Pay, entre dois dispositivos móveis com NFC.

Para atrair os vendedores, o NuTap está sendo oferecido sem nenhum custo de adesão, mensalidade ou aluguel, e conforme o roxinho, as tarifas são transparentes, sem volume mínimo de vendas atrelado, e até 30% menores do que as praticadas pelas principais marcas do mercado.

A empresa destaca que pagamentos no cartão de crédito à vista atualmente podem ser tarifados em até 4,99%, enquanto os parcelados em 12 vezes, em até 22,59%. Com o NuTap, o banco digital promete tarifas de 3,19% e 12,49%, respectivamente, nestes exemplos de operações. Todos os recebimentos serão creditados em um dia útil, na conta do cliente PJ do Nubank.

Segundo a VP de produto do Nubank, Livia Chanes, o lançamento do NuTap chega para resolver uma dor em especial dos pequenos empreendedores, que ainda lidam com a necessidade de adquirir maquininhas de recebimento para receber pagamentos em cartão, e em certos casos ficam presos às tarifas destes fornecedores.

“Com o NuTap, usamos a tecnologia tap-to-phone para que o nosso cliente PJ use o seu próprio celular para realizar suas vendas sem comprometer a segurança da transação”, afirma a executiva.

A nova feature do aplicativo é resultado de uma parceria com a Zoop, fintech especialista em soluções de pagamentos para outras instituições financeiras digitais, que no ano passado recebeu aporte de R$ 170 milhões da Movile.

Celular é a nova maquininha

O movimento do Nubank com o NuTap acompanha outros disruptores do mercado como a Apple, que recentemente anunciou o lançamento da funcionalidade que permite que o iPhone seja capaz de receber pagamentos por aproximação através da tecnologia NFC, o que o transforma em um “terminal de pagamento” para o lojista.

A brasileira Gertec, nome tradicional em soluções para terminais de pagamento, também apresentou uma solução do tipo com o Tap2Pay, que possibilitará que qualquer smartphone Android com tecnologia NFC se transforme também em um terminal de pagamento.

E no cenário geral, os números mostram uma mudança significativa no perfil de pagamentos no Brasil, com o Pix e cartões escanteando o uso do dinheiro em espécie. Segundo dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), o setor de cartões cresceu 33,1% em 2021, chegando a volume transacionado de R$ 2,65 trilhões, recorde para este mercado.

Falando mais especificamente do NFC, a Abecs destacou que em 2021 o volume de transações por aproximação cresceu 384%, representando uma entre cada quatro transações de pagamento físico no Brasil. Aliás, na expectativa da associação, em 2022 serão duas em cada quatro.

Estancando a sangria?

Ao que tudo indica, o Nubank está focado em atrair os empresários para sua plataforma. O lançamento do NuTap vem rapidamente na sequência de outro lançamento voltado ao público PJ: em março a fintech anunciou o NuPay, solução própria de pagamentos online, cuja proposta é permitir que seus clientes finalizem suas compras no e-commerce com poucos cliques dentro do próprio app da fintech.

No ano passado, o Nubank adquiriu a Spin Pay, plataforma de pagamentos instantâneos que oferece pagamentos por Pix e suporte ao varejo eletrônico.

A empresa não deu expectativas de crescimento em sua base de clientes PJ, mas tem números dos últimos tempos: ao final do primeiro trimestre de 2022, o Nubank registrou 1,6 milhão de clientes nesta categoria, crescimento de 167% em relação ao mesmo período de 2021.

Agora resta saber como isso vai repercutir com o mercado, já que nos últimos seis meses o valor do Nubank vem numa hemorragia violenta. Em dezembro do ano passado, ele estreou na bolsa como o banco mais valioso da América Latina, avaliado em US$ 41,5 bilhões e com papéis sendo vendidos a mais de US$ 9.

Corta para maio de 2022 e o cenário mudou drasticamente: nesta quinta (19) as ações do banco estão em US$ 3,31, e hoje ele tem um valor de mercado equivalente a um terço do valuation do Itaú, que é de aproximadamente US$ 40 bilhões.

Para apaziguar os ânimos dos investidores, esta semana a fintech soltou seus resultados financeiros do primeiro trimestre, que segundo o fundador e presidente David Vélez, representaram “o trimestre mais forte na história do Nu”. A empresa reportou lucro líquido ajustado de US$ 10,1 milhões no primeiro trimestre, revertendo um prejuízo líquido ajustado de US$ 13,1 milhões em igual período de 2021.

Contudo, o resultado ajustado é uma medida financeira calculada usando o lucro líquido ajustado por despesas relacionadas à remuneração baseada em ações e pelos efeitos tributários aplicáveis. No indicador não ajustado, o Nubank teve prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões, uma melhora de 9% em relação às perdas líquidas de US$ 49,4 milhões registradas no primeiro trimestre do ano passado.

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