Criada em 2019 como Keiretsu, a Nuvini, de Pierre Schurmann, anuncia hoje sua 2ª aquisição: a mineira Ipê, que desenvolve sistemas de gestão para óticas. A boutique de M&A Questum atuou como assessora da Ipê na negociação.
Fundada em em Uberlândia por Rafael Barros Nunes, ela atende mais de 3,8 mil pequenas lojas espalhados por mil cidades do Brasil – um market share de 10%. Operando no modelo de software como serviço, ela cobra entre R$ 159,90 e R$ 339,90 por mês em 4 pacotes. Em 2020, o sistema registrou mais de 2,5 milhões de vendas, com R$ 1,1 bilhão em produtos comercializados. Pelas contas do Startups, a receita anual da companhia está na faixa de R$ 20 milhões.
De acordo com Nunes, debaixo da estrutura da Nuvini a Ipê pretende ir atrás de clientes de maior porte, nas grandes redes de óticas e adicionar novas ofertas, como seguros e outros serviços financeiros. “Sempre fomos inbound, com um canal de aquisição. Agora vamos abrir outras frentes, explorar outras coisas”, diz. Na avaliação de Schurmann, a companhia também tem potencial de atuação internacional. “Uma ótica no México não é muito diferente de uma na Colômbia, no Brasil”, diz.
Planos da Nuvini
A compra da Ipê, que não teve o valor revelado, é uma das 5 que a Nuvini fechou nos últimos meses. Em fevereiro, a companhia já tinha apresentado a operação com a Leadlovers. Um terceiro negócio está para ser anunciado nos próximos dias. E os outros dois mais à frente.
Até o fim do ano, a companhia pretender fechar 2 ou 3 negócios por mês e ter 15 ou mais operações fechadas, segundo Schurmann. “Fizemos ajustes no modelo e estamos entrando em velocidade de cruzeiro”, diz ele.
A proposta da Nuvini é criar uma holding de empresas de software que compartilham uma estrutura centralizada, mas atuam de forma independente, replicando o modelo da canadense Constellation. O plano é ter debaixo do guarda-chuva pelo menos 85 companhias, podendo chegar a 100 até 2025. A previsão é que esses negócios combinados gerem uma receita de R$ 4 bilhões, com Ebitda de R$ 1 bilhão. O investimento previsto é de R$ 100 milhões.
Segundo Schurmann, a ideia é buscar negócios não-concorrentes em 3 verticais principais: finanças e controle, marketing e vendas e produtividade. Perguntado sobre a decisão de comprar uma empresa focada em um nicho tão específico como o segmento de óticas, ao invés de buscar um sistema de gestão genérico, Schurmann disse que a ideia é exatamente buscar a especialização como forma de se diferenciar.
A meta é bem mais ambiciosa do que o planejado inicialmente. Quando o projeto foi lançado, em 2019, Schurmann falava em comprar entre 40 e 70 empresas, para chegar a uma receita de R$ 1 bilhão em 2025 com os mesmos R$ 100 milhões.
Recalibragem
A recalibragem é resultado do perfil de companhias que a companhia está buscando. Se há dois anos a ideia era procurar empresas menores, com receita entre R$ 2 milhões e R$ 10 milhões, agora, o alvo são companhias em estágio mais avançado, com vendas entre R$ 20 milhões e R$ 50 milhões.
A Nuvini também estava com uma proposta de pagamento de múltiplos altos, acima do praticado no mercado nas primeiras negociações que fez – chegando a 8 vezes receita e depois caindo para 4 – apurou o Startups. Schurmann não abre esses números, mas diz que a companhia adaptou suas propostas. “Tínhamos uma proposta de conversão de ações, mas a estrutura jurídica inviabilizou. Então partimos para um modelo de aquisições, com earn out”, conta. Mesmo com a revisão, o valor foi mais alto que o mercado venha oferecendo nas conversas com investidores que a companhia teve no fim do ano passado, segundo Nunes.
Outra mudança foi no próprio nome. Segundo Schurmann, isso aconteceu porque ele gastava mais tempo explicando o que era Keiretsu, do que falando do próprio negócio. “Em uma reunião com um grupo de japoneses eles nos perguntaram se éramos uma empresa nipônica”, conta.
Em sua estrutura direta, a Nuvini tem atualmente 17 pessoas. Até o fim do ano, o número pode chegar a 30. Somando as equipes das empresas adquiridas, o grupo pode chegar a 600, com receita próxima de R$ 300 milhões.
Perguntado sobre a possibilidade de aproveitar a atual janela para fazer um IPO, Schurmann diz que chegou a avaliar essa possibilidade no fim do ano passado, mas que o objetivo no momento não é levantar recursos, mas criar uma base para que as companhias possam se desenvolver.
Uma parte disso passa por criar mecanismos de incentivo para os fundadores dentro de seu plano de earn out e também para depois. “Não somos um grupo financeiro, que olha se vai dar resultado, mas o que vai fazer o fundador pular da cama daqui a 2 anos. Pode ser que dentro do negócio dele, ou que a gente abra uma vertente de construção de novos negócios. É um desafio que temos”, diz Schurmann.