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Era por volta das 11h da manhã de ontem quando a Noknox, de Joaquim Venancio começou a perceber problemas em seus serviços.

“Era tanto cliente ligando, pedindo suporte no chat, WhatsApp. Até o time de vendas foi para o suporte para dar conta da demanda. Tive que mandar um e-mail para todos explicando que o problema era “maior que a gente. Depois do meu e-mail, o time de suporte percebeu que os clientes ficaram mais calmos.”, conta ele.

A dificuldade enfrentada pela Noknox foi resultado de problemas nos servidores da AWS ao longo de todo o dia ontem. Um episódio que expõe um lado pouco explorado dos serviços de computação em nuvem: eles também estão suscetíveis a falhas. E quando a maior parte do uso está concentrado em uma empresa só, a proporção das falhas é gigantesca.

Globalmente, serviços como Adobe, Coinbase, Flickr, Glassdoor e Roku apresentaram problemas. Até o marketplace da própria Amazon, primeiro e grande cliente da AWS, e a assistente virtual Alexa foram afetados. No Brasil, além da Noknox, iFood, Conta Simples e a corretora Avenue sofreram instabilidades. “Foi bizarro o que aconteceu. Teve um horário no meio da tarde que estava tudo bagunçado”, disse Venancio.

“O Amazon Kinesis, serviço que permite processar e analisar dados assim que são recebidos e responder instantaneamente, vem registrando uma crescente taxa de erros na Região US-East-1, o que impactou outros serviços da AWS nesta manhã (nos EUA). Estamos trabalhando na resolução”, informou a companhia em comunicado à imprensa. De acordo com Venancio, a normalidade só foi reestabelecida por volta das 3h30.

De acordo com ele, na semana que vem a companhia vai espelhar sua estrutura na nuvem do Google para reduzir a dependência do serviço da Amazon e tentar evitar problemas futuros.

Nuvem-dependência

Não foi a primeira, e certamente não será a última vez que o serviço da Amazon deu problemas. Isso também é verdade para o Google e a Microsoft, seus competidores mais próximos.

A Amazon “inventou” o mercado de computação em nuvem na forma como ele é conhecido atualmente e é a líder no setor por questões tecnológicas e de preço. Google e Microsoft estão comendo pelas beiradas, buscando avançar dentro de suas próprias fortalezas, como o Exchange e o pacote Office, no caso da Microsoft e serviços de machine learning e análise de dados para o Google. Aos poucos a disputa vai se intensificando com outros fornecedores como IBM e Oracle também tentando ganhar espaço.

A questão é que talvez haja uma confiança exagerada nas virtudes e na disponibilidade dos serviços na nuvem. Se no passado a maioria das empresas não tinha backup ou contingência de seus servidores físicos porque achavam que “isso nunca ia acontecer com a gente” – especialmente por uma questão de custo – o sentimento parece ter migrado para a nuvem. Afinal, os servidores estão espalhados por todo o mundo, “não pode dar errado”. Mas entre as poucas certezas dessa vida está a de que as coisas quebram. E nesse caso, quebram em escala global. E o que deveria ser barato, em termos de custos, acaba saindo caro em termos de dor de cabeça e até prejuízos. “Precisamos desenhar com calma, pra tentar fazer algo que não necessariamente duplique o custo. Algo mais inteligente”, diz Venancio sobre o investimento na infraestrutura do Google.

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