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A dupla Pedro Rocha e Pedro Dellagnelo não tinha nenhuma experiência no mundo de construção civil quando decidiu montar a Oico no fim de 2019. Rocha vinha do mundo do agro e Dellagnelo tinha trabalhado em marketplaces. Mas a percepção de que o segmento está atrasado no uso de tecnologia fez com que os dois levassem a ideia adiante.

E a aposta está se pagando. A startup, um marketplace de material de construção voltado a construtores e empreiteiros, acaba de levantar sua 2ª rodada de investimento. O seed de R$ 30 milhões – um valor polpudo para uma captação nesse estágio – teve a participação de gente graúda.

A captação foi liderada pelo Valor Capital e contou com a participação da Tiger Global, do fundo de investimento da CSN, o Inova Ventures, e de Jonathan Wasserstrum, cofundador e presidente do SquareFoot, um marketplace de locação de escritórios. Maya Capital e FJ Labs, que já tinham investido no pre-seed de R$ 8,5 milhões em 2020 também entraram. Em meados de 2020 a Oico participou do programa de aceleração da Y Combinator.

Segundo Pedro Rocha, a entrada da CSN na rodada é um reflexo das necessidades do segmento e não teve criar conflito de interesse com outras marcas por conta da governança definida e da independência da operação da Oico.

O mercado e a Oico

O varejo de material de construção é o 3º maior do Brasil e tem um perfil muito pulverizado, o que abre espaço para o modelo de centralização de compras da companhia. “A construção civil é uma indústria que está uns 20 anos atrasada na forma de fazer compras. A forma que eles atuam é o equivalente a ter os imãs colados na geladeira para pedir pizza”, brinca. De acordo com ele, essa estrutura onera e encarece a cadeia.

Segundo Rocha, a Oico fechou 2021 atendendo 100 clientes. Alguns deles administram 10, ou até mesmo 50 obras ao mesmo tempo, o que garante um volume de compras alto e também uma alta recorrência. Em seu “cardápio”, ela tem 100 mil produtos de mais de mil fornecedores. A ideia é ter um sortimento amplo para atender todas as necessidades dos construtores.

Para construir essa oferta, a Oico não pretende trabalhar com estoque próprio de produtos. A ideia é ter um modelo de crossdocking, recebendo produtos e os redirecionando para os compradores. A companhia gerencia toda a operação de última milha para entrega dos pedidos – mas sem investir na compra dos veículos para fazer esse processo. “Nosso negócio não é comprar e estocar”, diz Rocha.

Esse formato, inclusive, funciona como uma proteção para a Oico da variação dos preços com a alta da inflação, avalia. Ainda falando sobre o cenário macro, o fundador diz acreditar que possíveis variações no mercado de construção não devem ter um impacto muito forte para a startup porque ela ainda é muito pequena. “O teto está muito longe ainda”, completa.    

Estrutura e planos

Hoje a Oico tem um centro de distribuição que atende a região da Grande São Paulo. De acordo com ele, a região oferece muitas oportunidades de crescimento e ainda não há planos de expandir para outras cidades ou estados. “O plano, sem dúvidas é ser um player nacional e regional. Mas o objetivo principal agora é continuar desenvolvendo numa escala maior a melhor experiência dentro de SP. Quando estivermos satisfeitos vamos para outras cidades”, diz.

Um outro componente da operação é o financiamento das operações para os compradores. Segundo Rocha, o plano é investir no componente fintech, oferecendo serviços financeiros aos clientes.

A Oico tem hoje 40 funcionários e, com a rodada, pretende ampliar esse número. Rocha não dá um n[úmero específico de contratações que estão previstas, mas diz que o objetivo principal é trazer gente de tecnologia e de operações. Perguntado sobre como pretende disputar talentos com nomes como Nubank e Loft, que são mais sexys do que a venda de cimento, pregos e parafusos, ele diz que se estivesse criando uma loja de material de construção, a tarefa seria mais difícil. “O atrativo principal é ajudar a inovar em um setor muito grande e importante”, diz.

Marketplaces B2B

Os marketplaces ganharam força nas vendas para consumidores e agora estão ganhando espaço no mundo das empresas. Nomes como Tul e Inventa levantaram dinheiro nas últimas semanas com diferentes abordagens. A Sooper, inclusive, chegou ao mercado para concorrer diretamente com a Oico. “O marketplace B2B é uma das fronteiras do comércio eletrônico hoje. Diferentes companhias estão encontrando mercados atrasados em relação ao que aconteceu no B2C”, diz Rocha.

De acordo com ele, o movimento tem ajudado a explicar o que a companhia estava se propondo a fazer. “Há 2 anos era difícil explicar. Mas agora os cases estão começando a aparecer”, diz, citando como exemplo a indiana Infra.Market.

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