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Na vida, só duas coisas são certas. Que deixaremos este mundo e que os boletos vão chegar todos os meses. E se pagar contas é uma constante da vida, por que então não fazer esse processo mais simples?   

Foi com essa proposta que Ana Zucato, Felipe Cabral e Octavio Turra resolveram montar a Noh. “Queremos ser o maior meio de pagamento do Brasil. Vamos fazer você amar pagar contas”, profetiza a fundadora. Talvez não seja para tanto.

Também precisa combinar o jogo com as outras centenas de fintechs que estão com esse mesmo discurso. Mas Ana diz acreditar que a ambição tem como se concretizar por conta de dois diferenciais que a Noh está trazendo: funcionar com diferentes players e, principalmente facilitar a divisão de contas. Afinal, brasileiro achar dividir gastos, fazer um vaquinha.

O nome da fintech vem exatamente dessa ideia de criar pontos de conexão, ou nós, entre pessoas que dividem despesas. A ideia é que por meio de uma conta digital compartilhada, o trabalho de ter que pegar dinheiro para fazer um gasto, ou cobrar alguém depois que ele aconteceu acabem.

Dois celulares com templates abertos no aplicativo da Noh - Startups

A divisão de despesas é definida previamente e, cada vez que um gasto é feito, o valor proporcional é cobrado de quem faz parte do nó. O público-alvo são casais jovens e pessoas que moram juntas, como em uma república. Além de despesas fixas, com contas de água, luz e telefone, poderão ser criados nós temporários, como a divisão de gastos para uma viagem ou um o churrasco do fim de semana.

A princípio, será necessário ter saldo disponível na conta da Noh. Mas com o avanço do open banking e a possibilidade de liberar que diferentes instituições movimentem recursos de contas, a ideia é que, até o fim do ano, os recursos sejam acessados automaticamente. “Vemos a Noh como uma camada de experiência em cima dos bancos. Queremos virar um orquestrador do dinheiro”, explica Ana.  

Já vi isso antes?

A proposta parece com a de nomes como Splitwise, Venmo, Cash App e outras ferramentas de vaquinha que já apareceram no mercado brasileiro. De acordo com Ana, a diferença é que elas são mais limitadas e acabam funcionando como simples organizadores da divisão dos gastos quando eles acontecem.

Já a Noh pretende ser mais que isso, automatizando esse processo e funcionando como uma ferramenta de organização financeira, dentro do conceito de finanças sociais ou compartilhadas.

A startup até foi criada em meados do ano passado com o nome de Div, da ideia de divisão de contas. Depois evoluiu o conceito para olhar a questão da vida financeira de forma mais ampla.

A 1ª versão foi lançada em agosto e está atualmente em teste por 700 pessoas divididas em 350 grupos. É que a participação como beta tester só é liberada para duplas, para mostrar o benefício do serviço e também ajudar no efeito de rede. A expectativa é que em abril o aplicativo seja liberado para o público em geral. Até o fim do ano, Ana projeta chegar a 50 mil usuários ativos.

Hoje as opções disponíveis para os pagamentos são boleto e Pix. Em 2 meses a companhia espera colocar no mercado o seu cartão pré-pago próprio com bandeira Visa. A infraestrutura tecnológica por trás da operação da Noh é da Dock (antiga Conductor, empresa investida da Visa e da Riverwood). Como funciona como um meio de pagamento, a Noh é remunerada pela taxa de intercâmbio dos estabelecimentos a cada transação feita pelos usuários.

Seed estrelado

Para sair do papel, a Noh levantou R$ 17 milhões em uma rodada seed. A captação teve início com uma lista de investidores-anjo estrelada, com nomes como Patrick Sigrist do iFood e da Nomad; André Penha, do Quinto Andar; Dhaval Chadha, da Justos; Pedro Conrade, da Neon; Tom Blomfield, fundador da Monzo e da GoCardless; Scott Belsky, fundador do Behance e vice-presidente de produto da Adobe; e Ayo Omojola da Cash App.

Em um 2º momento vieram os grandes cheques. A Kindred Ventures, de Kanyi Maqubela e Steve Jang, que já investiu em empresas como Uber e Coinbase, liderou a rodada. A Positive Ventures, de Biz Stone, fundador do Twitter; a The Twenty Minute VC, de Harry Stebbings; e a Propel Venture Partners, de David Mort e Jay Reinemann também entraram.

Com uma equipe de 15 pessoas atualmente, a Noh não quer inchar muito o seu quadro. A ideia é ter no máximo 30 até o fim do ano. “Não vamos ser daquelas startups que tacam gente pra dentro. Somos uma empresa de produto. Todo mundo que está aqui tem que ser muito, já tem que ter criado alguma coisa. Todo mundo tem stock options. Queremos fazer uma empresa diferente”, diz Ana.

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