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Não bastasse o desafio de estimular brasileiros a fazer doações, a socialtech Ribon assumiu mais uma empreitada: fazer isso por meio de uma Organização Autônoma Descentralizada, ou DAO, um conceito super novo – e do hype – que tem ganhado força dentro da proposta da Web3.0.

Com o passo, a companhia abre sua tecnologia no modelo de código aberto em uma blockchain para que a comunidade passe a administrar e criar novas funcionalidades.

Os incentivos para isso serão o potencial de impacto social do projeto e a remuneração por meio dos tokens emitidos pela Ribon DAO. A Ribon “tradicional”, que passa a operar como Ribon Labs, vai contratar dessa rede os desenvolvimentos que precisar para o seu produto. Toda receita da companhia será revertida em tokens, ajudando a valorizar o ativo. A expectativa é que mais empresas também adotem a tecnologia e passem a contratar também os serviços.      

Segundo Carlos Menezes, o Juju, cofundador e diretor de tecnologia da Ribon, a mudança para o modelo descentralizado vai permitir um ganho de escala para a companhia, possibilitando sua expansão internacional e a criação de novos produtos. “O movimento é todo para ter mais impacto, aumentar a receita. Quanto mais o produto cresce, mais o token se valoriza e aumenta a força de compra e a liquidez. Faz sentido e ajuda a criar uma cultura de doação. Não é só pela modinha”, diz.

O plano é publicar o código na blockchain em junho e lançar o token em outubro.

Contexto da operação da Ribon

Criada em 2017, a Ribon promove a ideia de estimular as pessoas a fazerem doação de graça, sem gastar dinheiro. Estranho? Mas funciona assim. Ela capta recursos de doadores como empresas e pessoas físicas para formar um pool de doação. Na lista de parceiros estão marcas como P&G, Malwee, Camesa e Centauro. Pessoas físicas podem fazer doações pontuais ou contribuições mensais.

Os recursos desse pote não são repassados diretamente a organizações e projetos. São os usuários da plataforma que escolhem para onde os recursos serão destinados dentro de iniciativas escolhidas pela Ribon.

Ao se cadastrarem na plataforma, os usuários recebem Ribons, que são moedas digitais que podem ser doadas às iniciativas. Cada um começa com mil Ribons. Dentro do conceito de gamificação, as pessoas são convidadas a cumprirem tarefas que ajudam a ganhar mais moedas. Entre elas, está a leitura de boas notícias, atividades de bem-estar e compartilhar com amigos.

Caso tenha interesse, a pessoa também pode fazer doações com recursos próprios. De acordo com Juju, de 3% a 5% das pessoas escolhem essa opção. Em 5 anos, quase 320 mil pessoas fizeram alguma doação por meio da Ribon, totalizando mais de R$ 951 mil repassados. Hoje a companhia cobra uma taxa de 10% sobre as doações feitas.

A Ribon tem como investidores a aceleradora Cotidiano, Redpoint eventures, Harvard Angels, Flori Ventures, Verve Capital e Valor Capital. Ela levantou US$ 924 mil em 3 captações, segundo o Crunchbase. Em 2021 ela foi reconhecida pela Fundação Bill & Melinda Gates como uma das 10 soluções mais criativas e inovadoras para doações do mundo.

Preparativos

A Ribon começou a acompanhar o mundo de cripto e blockchain em 2018. Mas as tecnologias e a própria empresa demoraram um pouco até estarem preparadas para se juntarem. Para imergir na DAO e na Web3, companhia decidiu treinar sua própria equipe, de 21 pessoas, ao invés de contratar gente de fora. Durante a conferência Ethereum Rio, há duas semanas, eles ganharam um hackathon. “Isso mostra que estamos no caminho certo”, comemora Juju.

Segundo ele, com o novo posicionamento descentralizado, o time deve ter algum crescimento nos próximos meses para incorporar prefis de profissionais de gestão de comunidade e outras funções que não existiam antes. Mas a expectativa é que o número se estabilize e não cresça tanto depois disso. “Não seremos uma empresa com 100 pessoas”, diz.

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