Apesar da crise, ainda há muita oportunidade de investimento para startups no early stage. Prova disso são os fundos e estratégias de venture capital da Antler, EqSeed, Gerdau Ventures, 49 educação, Raketo e Ventiur. As empresas compartilharam suas teses e perspectivas para 2023 durante a 5ª edição do Pitch Reverso, evento realizado ontem (19) pelo Startups com o apoio da Dell for Startups e do Cubo Itaú.
No Pitch Reverso a regra é clara: invertemos a ordem de um pitch tradicional colocando os investidores para se apresentarem para as startups. Eles têm 7 minutos para convencer fundadores e fundadoras de que são os melhores parceiros para seus projetos. As edições anteriores reuniram nomes como Astella, Domo, Atman, Upload Ventures, Anjos do Brasil, BR Angels, Deloitte Ventures, Endeavor, Newtopia, SaaSholic, Latitud e muitos outros.
“Estamos muito otimistas no early-stage”, disse Junior Rodrigues, head de comunidades e ecossistemas da aceleradora Ventiur. A companhia realizou 22 investimentos no ano passado e pretende dobrar os aportes em 2023, apoiando pelo menos 50 startups. “A grande pergunta é o que o founder quer fazer com o dinheiro. Não dá para queimar à toa, principalmente agora que fazer outras rodadas está cada vez mais difícil”.
O critério de avaliação, segundo Junior, deve ficar mais rigoroso. “Tem muita grana para investir no early-stage. O mais difícil é encontrar boas startups, preparadas para receber o dinheiro e saber o que fazer com ele. Até porque o capital não é nosso, é de investidores. Queremos bons negócios que realmente deem certo no médio e longo prazo”, pontua.
Respeitar o dinheiro de quem realmente investe é mais importante do que nunca. “Tinha muita gente sendo irresponsável com o dinheiro dos outros. O fundo não gasta grana do bolso, e sim dos LPs – e agora está começando a chegar a conta”, analisa Fred Santoro, ex-head de startups da AWS e fundador da Raketo, venture market criada para ajudar startups a fazer captações de recursos e investidores a encontrar boas oportunidades de negócio.
Fred ressalta que se há algum culpado pelo cenário atual, o responsável está nos dois lados da moeda. “Não é só colocar a culpa nos empreendedores. É uma responsabilidade para todo mundo. O mercado em geral ainda é imaturo. O que estamos vendo é uma chamada de responsabilidade para todo mundo. Tem que construir um negócio sustentável o mais cedo possível”, argumenta.
Oportunidades e tendências para 2023
“Teses de sustentabilidade no mundo estão recebendo boa parte do capital disponível. Eu diria que essa é a tese quente nos dias de hoje em todas as verticais – carbono, hidrogênio, energia solar, entre outros”, afirma Arthur Alves, Corporate Venture Capital e Investidor da Gerdau Next Ventures.
O executivo reconhece que houve uma redução substancial de valuation no late-stage e que algumas startups do portfólio do fundo sentiram isso na pele. Mas reforça que ainda há muito espaço para empresas em estágio inicial. “O contexto nos fez repensar o tamanho dos cheques. Muitas startups seguraram caixa no último trimestre de 2022 e agora precisam buscar dinheiro. Então houve um reaquecimento em janeiro deste ano”, pontua.
O segmento das insurtechs e healthtechs segue atraindo os investidores. “A partir do momento que a gente se propõe a investir em startups que mudam a vida das pessoas, ter uma solução que resolve um problema, tem um mercado e está escalando, além de impactar, mostra que saúde é um setor grande a ser explorado, e estamos de olho”, diz Ana Cláudia Plentz, diretora de operações da 49 educação, ecossistema para o desenvolvimento de fundadores de startups.
Marcelo Ciampolini, sócio da Antler, fundo global de VC early stage, enxerga com bons olhos o futuro do blockchain. “A infraestrutura já está dada. É apenas uma questão de tempo para ter uma adoção em massa”, explica. “As teses que vão perseverar são as de empresas que têm capacidade de crescer e, se precisar virar a chave, consegue desacelerar o crescimento para ficar mais saudável em termos de caixa. Ter esse poder é o novo norte do mercado”, acrescenta.
Em um cenário mais restrito para captações no venture capital, alternativas de investimento podem se tornar ainda mais populares, como é o caso do crowdfunding. Igor Monteiro, sócio e diretor de negócios da plataforma de investimentos EqSeed, aproveitou sua fala no Pitch Reverso para esclarecer algumas dúvidas sobre essa modalidade.
“Fazer um crowdfunding não inviabiliza investimentos futuros de venture capital e não significa que nunca será comprado. Uma imagem errada é que quem capta em plataforma de investimento é porque não conseguiu captar com o venture capital”, explica. O executivo afirma que a Eqseed tem empresas no portfólio que desconstroem essas ideias equivocadas. “Temos empresas que captaram com a plataforma e com fundos de VC super conhecidos, além de 6 cases de saída”, conclui.
Confira a 5ª edição do Pitch Reverso na íntegra: