O mercado de soluções tecnológicas para despesas corporativas não é exatamente um oceano azul para as startups, e a Portão 3 resolveu se capitalizar para ganhar fôlego nesta competição. A companhia de Uberlândia acabou de levantar uma rodada de R$ 19 milhões, com o plano de manter seu ritmo de crescimento.
Os recursos são resultado de uma polpuda rodada seed, na qual participaram investidores globais do porte do Better Tomorrow Ventures (BTV), Endeavor Scale Up, Fincapital, Pareto, Flexport e outros investidores Anjo.
Segundo destacaram os cofundadores da empresa, Fernando Nery e Bianca Pereira, em entrevista ao Startups, agora o objetivo é utilizar estes recursos para a aquisição de talentos, especialmente nas áreas comercial e de tecnologia, expandindo também linha de produtos e serviços que a plataforma oferece, adicionando novas verticais de negócio, além da expansão da atuação da fintech para outros territórios.
Lançada em 2021, a solução da Portão 3 tem seu foco concentrado em clientes de nível enterprise, que necessitam de tecnologias customizadas de gestão de despesas e de custos de viagens. Em 2021, a empresa foi uma das selecionadas no processo de aceleração na Y Combinator, o que também deu aos founders mais subsídios para “atacar o mercado” à sua maneira. Em 2022, a empresa também fez parte de uma das turmas da Endeavor Scale Up, uma das investidoras da atual rodada.
Na visão de Fernando Nery, o apoio da YC ajudou a companhia a endereçar desafios que muitos sistemas enterprise de gestão de despesas não solucionaram. “Criamos uma plataforma que permite gerenciar, de forma descentralizada, orçamentos segmentados, com tempo e cobertura definidos”, diz o executivo.
Na visão dos cofundadores, este é um diferencial que tem gerado o sucesso da companhia no mercado, com um crescimento de 20% ao mês. Hoje atende a cerca de 430 clientes (com nomes como Sulamérica, Bitso, 123 milhas, Movile, CredPago, entre outros), chegando a mais de R$ 300 milhões em volume transacionado e 1 milhão de cartões físicos e virtuais emitidos. É um salto e tanto ao que a empresa afirmou em entrevista ao Startups em 2021.
Próximos passos
Conforme explica Bianca, o mercado endereçável – no caso de grandes empresas e corporações – no Brasil ainda é imenso. “São mais de 3 milhões de empresas no Brasil que precisam gerir suas despesas corporativas, e fazem isso utilizando sistemas tradicionais, lidando com questões como compliance e conciliações de forma pouco prática”, explica a executiva.
Com o aporte e investimentos em um poder de fogo maior no seu go-to-market, a Portão 3 tem alguns alvos em mentes. Um deles é o mercado de despesas logísticas – no caso, o de empresas de transportes que precisam gerir dezenas (ou centenas) de veículos que precisam abastacer ou pagar manutenções in loco, com cartões para os motoristas, por exemplo.
Na visão de Fernando, a Portão 3 quer ser a escolha destas empresas que procuram gerir suas despesas de forma mais detalhada, chegando na frente de outras startups do setor, tais como Conta Simples e Jeeves, por exemplo, que tem um discurso um pouco mais voltado à simplificação de processos, focado principalmente na centralização de pagamentos via cartões e contas. Outro concorrente direto é uma gigante dos ERPs, a alemã SAP, com a plataforma Concur.
Além disso, o mercado atual conta com outro tipo de entrante, como é o caso de players de BaaS como a Swap, que lançou sua divisão Corpway a fim de dar a infraestrutura para startups que querem oferecer soluções de gestão e controle para despesas corporativas – aliás, a Corpway é fornecedora de serviços inclusive para a Portão 3.
Apesar disso tudo, a empresa confia no seu taco. “Alternativas simplificadas de gestão como o cartão de crédito corporativo são bem vindas, mas esta é só uma das ferramentas. No nosso casso, a plataforma de gestão é o verdadeiro diferencial que os clientes procuram”, finaliza Fernando.