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Primeiro unicórnio mexicano, Kavak quer chegar no Brasil já no primeiro trimestre de 2021

Primeiro unicórnio mexicano, Kavak quer chegar no Brasil já no primeiro trimestre de 2021

Primeiro unicórnio mexicano, a startup de compra e venda de carros Kavak pretende desembarcar no Brasil já no primeiro trimestre de 2021. “Já estamos olhando o mercado há anos. Aprendemos o suficiente e agora temos os recursos necessários para chegar no Brasil com um grande investimento”, diz Carlos Garcia Ottati, co-fundador e presidente da companhia, ao Startups.

Sem abrir valores, ele diz que o plano é investir mais no Brasil ao longo do primeiro ano de operação do que foi aplicado no México nos 4 anos de vida da Kavak. “O primeiro ano será de adaptação, tropicalização do produto, criar as bases. O segundo ano de aceleração. E no terceiro e quarto ano o Brasil deve se tornar nossa maior operação”, diz.

Desde que foi criada por Ottati, Roger Laughlin e Loreanne García, a companhia captou quase US$ 400 milhões de investidores como Kaszek, SoftBank, DST Global e Greenoaks Capital. Na rodada mais recente, anunciada na semana passada, mas sem valores revelados, a Kavak foi avaliada em US$ 1,15 bilhão. O Startups apurou que a gestora brasileira Base Partners, de Fernando Spnola, participou da rodada. No fim de agosto a Kavak comprou a concorrente argentina Checkars, marcando sua entrada no país.

Segundo Ottati, a companhia tem unit economics positivo desde o primeiro dia. “Você tem que lembrar que quando começamos não havia tanto dinheiro de venture capital disponível no México. Tínhamos que ter uma empresa sustentável. Crescemos sem queimar dinheiro”, diz.

A proposta da companhia, diz, é criar um relacionamento de longo prazo com os compradores. “Em 4 anos, 30% dos clientes compraram 2 ou 3 carros conosco”, afirma.

O elemento fintech

A Kavak atua na compra e venda de carros usados, mas com elementos de fintech, o que turbina seu modelo de negócios (e seu valuation). Ela oferece opções de financiamento das compras com bancos ou pelo seu braço financeiro, a Kavak Capital. O dono de um carro também pode refinanciar o crédito caso sua situação financeira se complique, ou pegar um empréstimo usando o veículo como garantia.

Quando o cliente precisa de manutenção no carro, ele só precisa pegar o aplicativo e acionar a assistência. O veículo é retirado onde a pessoa achar mais conveniente e vai para uma das oficinas próprias da Kavak. É nelas também que a companhia faz o recondicionamento dos carros que compra e colocar a venda. De acordo com Ottati o investimento fica entre US$ 500 e US$ 1,5 mil para deixá-lo pronto para revenda. “Só vendemos carros que venderíamos para a nossa mãe”, diz.

As decisões sobre que carros comprar, por quanto, o preço de venda e para quem conceder crédito e em que condições são feitas com ajuda de inteligência artificial.

E o Brasil?  

A chegada ao Brasil é importante para o crescimento da Kavak por se tratar do maior mercado de carros usados da América Latina, com mais de 14 milhões de unidades vendidas em 2019 – quase 7 vezes mais que o número de carros novos.

Apesar de bastante fragmentado como no México e na Argentina, o mercado tem três nomes de peso fazendo altos investimentos: Movida, Localiza e Unidas (estas duas em processo de união de operações).

As locadoras de veículos que cresceram de forma acelerada em sua atividade principal nos últimos anos também avançaram sobre o mercado de usados pela necessidade de manter sua frota atualizada e reduzir custos de manutenção. Para fazer essa renovação (que normalmente acontece entre 15 e 18 meses), é preciso se desfazer dos carros antigos, e a revenda é a saída. Em 2019, as locadoras venderam 230 mil veículos seminovos.

Outro ponto para o avanço no país é a competição com a Volanty, uma companhia que atua na compra e venda de carros (mas sem os elementos de fintech e serviços) e também é investida da SoftBank. Não seria o primeiro caso de o fundo tendo dois cavalos no mesmo páreo. Mas não deixa de ser uma situação estranha.

Ottati diz não ver nenhum conflito nesse front e que cada companhia segue atuando com sua própria visão e estratégia. Sobre o mercado em si, ele avalia que há espaço para crescimento por conta da

“O maior concorrente é a informalidade, a venda direta entre pessoas que traz diversos riscos”, diz. Segundo ele, o mercado de carros usados movimenta US$ 150 bilhões por ano no Brasil, México e Argentina.