O ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) tem influenciado a estratégia de grandes empresas e, aos poucos, cresce no ecossistema. Muitas startups inclusive já nascem com esse propósito. No entanto, no venture capital, a pauta ainda não é uma realidade para os fundos na hora de acompanhar o desempenho de suas investidas.
Segundo estudo lançado hoje (1º) pelo Emerging VC Fellows, 38% das gestoras de VC do Brasil não incorporam nenhuma métrica ESG na análise de novas oportunidades de investimentos. E quase a totalidade (mais de 70%) não o faz por não saber como trazer essa temática para dentro de sua realidade.
Dos principais motivos que levam as gestoras a investir com esse viés estão a geração de impacto socioambiental positivo (74%), as exigências por parte dos LPs (43%) e a crença de que investimentos pensados sob esse prisma têm potencial de retorno maior (35%).
Sobre a gestão do portfólio, em geral, cerca de 50% das gestoras não mede nem instrui as investidas sobre as melhores práticas ESG, mas tem a intenção de fazê-lo. Já 24% delas estabelece métricas de acompanhamento e 19% instrui as investidas, mas não define nenhuma métrica para ser acompanhada.
Principais desafios do ESG
Para o Emerging VC Fellows, parte do desafio está associado ao estágio tão inicial das companhias, o que muitas vezes diminui as oportunidades de medição dentro da temática ESG, mas também abre muitas portas, já que nesse estágio inicial os investidores têm a possibilidade de guiar as empresas na direção das boas práticas.
Outro desafio é a falta de padronização de métricas, o que abre espaço para o greenwashing (termo que faz referências a empresas que usam do marketing e reputação sustentáveis, mas cujas iniciativas não se sustentam na prática). A União Europeia inclusive já vem trabalhando em iniciativas que promovam a padronização, mas o mercado brasileiro ainda não avançou nessa agenda específica.
“Ainda vemos muitas gestoras confundindo ESG e Impacto, o que acaba afastando esse tema dos seus dia-a-dias. Às vezes os fundos pensam que não estão dentro da caixinha de Impacto e,por isso, não precisam levar a responsabilidade ambiental, social e de governança em conta” afirma Evelyne Néia, líder da iniciativa ESG do Emerging VC Fellows, em nota.
A ideia, com o relatório, é ajudar as gestoras a entender mais e a fazer, pelo menos, o básico. “Hoje vemos que o primeiro passo é analisar quão fundo é o buraco para as gestoras. Depois, vem a importância de criar uma agenda de discussão e promoção do debate, trazendo para a indústria brasileira as melhores práticas e padrões dos fundos lá de fora, que já têm agendas mais avançadas”, acrescenta Evelyne.
O relatório completo está disponível aqui.