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A competição entre bancos digitais no Brasil promete ficar ainda mais acirrada. O Revolut, segundo neobank mais valioso do mundo, anunciou sua liderança local e deve lançar um superapp financeiro no país com foco em produtos internacionais no segundo semestre de 2022.

Como o maior mercado na América Latina, o Brasil é uma “prioridade estratégica”, segundo Nik Storonsky, fundador do banco digital atualmente avaliado em US$ 33 bilhões depois de uma rodada liderada pelo SoftBank e Tiger Global em julho de 2021. Atualmente, a empresa tem uma carteira de 18 milhões de clientes em 35 países.

Para liderar a subsidiária brasileira, o Revolut escolheu Glauber Mota, ex-sócio do BTG Pactual, que entre seus feitos colocou de pé a operação de varejo digital do banco e liderou a operação de private banking na Suíça. O executivo se junta a Felipe Lachowski, que lidera a área de estratégia e operações da empresa no Brasil, e mais 10 colaboradores.

Com planos de acelerar as contratações nos próximos meses e criar um hub de tecnologia no Brasil, o neobank britânico não tem medo da competição. Em entrevista ao Startups, Glauber disse que o mercado brasileiro ainda é muito ineficiente nos mercados em que o Revolut é forte.

“Não há dúvidas de que o Nubank é um destaque, existem outros entrantes tentando fazer soluções de câmbio, abrindo conta para clientes no exterior. Mas todos são empresas locais buscando expandir fora do Brasil e nós estamos trazendo um diferencial competitivo relevante”, diz o executivo.

“Estamos vindo na outra ponta de convergência, com presença em dezenas de mercados globais e um produto maduro. Somos o primeiro case bem sucedido de super app fora da China, e diferenciados em relação a qualquer player que está tentando fazer isso no Brasil”, acrescenta.

O que o Revolut tem

O neobank deve ser lançado no Brasil antes da Copa do Mundo em novembro, iniciando com a conta e cartão internacional. A oferta deve possibilitar que clientes comprem moedas como o dólar para uso posterior e conversão automática para mais de 25 moedas, por exemplo. Segundo Glauber, a proposta é uma alternativa para brasileiros que usam cartões de crédito e casas de câmbio pagando altas taxas em sites de e-commerce ou viagens no exterior.

“O mundo de câmbio no Brasil ainda tem taxas de spread muito altas, e para o cliente pequeno que quer trocar pouco dinheiro, é ainda pior, pois só os grandes tem acesso a taxas melhores. O Revolut é democrático nisso”, acrescenta.

Glauber Mota, CEO do Revolut no Brasil - Startups
Glauber Mota, CEO do Revolut no Brasil

Investimentos em bolsas internacionais e uma oferta de criptomoedas, que Glauber descreve como muito mais amigável para o usuário do que a maioria das alternativas no mercado, estão no roadmap pós-lançamento. “Considerando o Mercado Bitcoin, que é especialista em cripto, nossa experiência é incomparável e muito melhor”, ressalta o executivo.

“Vemos uma demanda muito grande em cripto. Vamos trazer uma solução muito relevante para este segmento, que muitos dos players brasileiros tentam copiar. Teremos ainda uma solução de acesso direto a investimentos no exterior – que tem gente fazendo no Brasil também, mas entregaremos tudo em um único app com uma experiência diferenciada”, acrescenta.

Outros serviços que clientes do Revolut no Brasil terão no futuro incluem uma solução de reserva de viagens proprietária com cashback, apoiada por parcerias globais como grandes redes de hotéis. O Revolut Junior, produto de educação financeira gamificado em que pais podem, por exemplo, recompensar adolescentes e crianças por tarefas domésticas pelo app, está nos planos.

Uma oferta de seguros e uma conta para empresas, com serviços como gestão de folha de pagamentos, também estão entre os serviços do superapp, segundo Glauber. “O end game é trazer a experiência completa do Revolut para o Brasil, e isso é uma questão de faseamento: começaremos com esta oferta [de conta global] que é uma especialidade nossa lá fora, e vamos acrescentando ao portfólio de funcionalidades”, explica.

Possíveis aquisições

Ao contrário de outros players prestes a entrar no mercado brasileiro – como o N26, cujo core bancário no Brasil é desenvolvido pela techfin Pismo – o Revolut desenvolve sua própria tecnologia. Segundo Glauber, a tecnologia proprietária possibilita um lançamento mais ágil. “[O Brasil] é um adendo na nossa plataforma global, estamos fazendo customizações para nos adaptarmos às regras locais, mas não precisamos fazer tudo do zero”, ressalta.

O fato de que o Revolut faz o principal em casa não quer dizer que a empresa é avessa à aquisições. No mês passado, o neobank comprou a Arvin Forex, empresa de envio de remessas de câmbio para acelerar a conformidade regulatória e a operação na Índia, por exemplo.

“Não descartamos a possibilidade de fazer aquisições no Brasil também, mas isso é algo que vai vir ao longo do tempo. Como temos a plataforma global para começar muito bem, vamos ao longo do tempo planejar qual é a melhor forma de acelerar coisas por aqui”, diz o executivo, acrescentando que uma das opções no Brasil seria fazer acqui-hires (modalidade de aquisição em que uma empresa compra o talento de outra), principalmente em tecnologia.

O maior desafio do Revolut para os próximos meses, segundo o CEO da operação brasileira, é “atrair os talentos certos para um grupo que tem apetite para criar um time grande”, além da competição pelos melhores profissionais. “Outros players querem os mesmos talentos que nós, e nossa barra é alta, então há um desafio de contratação”, pontua.

Além disso, a empresa vai precisar garantir que sua oferta é aderente às demandas do consumidor brasileiro. Para isso, a operação comandada por Glauber vai criar um comitê de clientes iniciais, que apoiará uma estratégia com foco na adesão e pontos de melhoria. “Faremos testes muito bem feitos com os primeiros clientes interessados para garantir que a solução vai estar ideal quando formos para o mar aberto”, finaliza.

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