Negócios

Se Candidate, Mulher! levanta R$ 1,2 mi para acelerar empregabilidade feminina

O investimento foi feito pelo pool Ladies da Bossanova, além do fundo Sororitê e investidores-anjo

Jhenyffer Coutinho e Fernanda Miranda, sócias da Se Candidate, Mulher!
Foto: Divulgação/Lorrayne Chaves

A HRtech Se Candidate, Mulher!, que capacita mulheres para se candidatarem a vagas de trabalho, recebeu um aporte de R$ 1,2 milhão para dar uma turbinada nas operações. A companhia oferece a plataforma SCM Academy, que reúne informações sobre mentoria e carreira para que as mulheres tenham acesso a processos seletivos em todo o país, além de conteúdos para o desenvolvimento pessoal e profissional, como comunicação, oratória e preparação para entrevistas de emprego.

O investimento foi feito pelo pool Ladies da Bossanova, formado por Carol Paiffer (Shark Thank),  Cassia Messias (COO da Zenklub), Lillian Albuquerque (ex-IBM), Carol Rache (Influenciadora Digital e Empresária), João Kepler, entre outros. Também participaram da rodada o fundo Sororitê, rede de investidoras focada em apoiar empresas fundadas por mulheres, e investidores-anjo como Larissa Janz e Carlos Sanjuan.

Até então, a companhia crescia no bootstrapping, ou seja, com recursos próprios e sem o apoio de fundos de investimento. Segundo Jhenyffer Coutinho, que fundou a empresa em 2020, a HRTech já havia recebido algumas propostas anteriormnte, nas fases de ideação e validação, mas não era o momento certo para fechar uma rodada. “Uma validação bem feita é aquela monetiza, que tem o interesse real e o cliente compra mesmo que o produto não esteja na melhor versão possível. Se tívessemos aceitado naquele momento, talvez teríamos pulado etapas muito importantes”, diz Jhenyffer, em entrevista ao Startups.

Para a executiva, não ter recursos externos motivou as empreendedoras a encontrarem formas de crescer por conta própria. “A falta de dinheiro fez com que a gente tivesse que vender nosso produto e trazer diheiro para dentro de casa. Validar versões que fossem de fato sustentáveis para que, depois, no momento de escala recebêssemos o investimento”, pontua.

Agora, em 2022, as sócias viram que precisavam de mais força para acelerar o crescimento da startup. Um dos motivos é estruturar a máquina de vendas. Até pouco tempo a Se Candidate, Mulher! operava exclusivamente no B2C, mas a partir de 2021 começou a atender alguns clientes corporativos, de forma passiva.

“Eram as empresas que vinham até nós e procuravam mulheres no nosso banco. Não ofertávamos versões dos nossos produtos para elas. Queremos estruturar uma máquina de vendas para conseguir captar os clientes B2B”, comenta Jhenyffer. Os recursos também serão usados para aprimorar a tecnologia e investir em growth. “Se existem milhões de mulheres desempregadas e várias delas podem fazer parte da nossa base, precisamos que elas conheçam a empresa.”

Crescendo na crise

Captar investimento já não é fácil para empresas lideradas por mulheres. Dados divulgados pelo fundo We Ventures, da Microsoft, indicam que startups fundadas por mulheres receberam apenas 2.2% do capital mundial de venture capital em 2019, embora tenham gerado o dobro de retorno no mesmo ano. Some isso à instabilidade do mercado global e o cenário fica ainda mais complicado.

“O fato de começarmos a rodada antes da crise do ecossistema ajudou muito. Se tívessemos iniciado o processo depois de maio, não sei se teríamos tido tanto sucesso na mesma velocidade”, analisa Jhenyffer. A Se Candidate, Mulher! tinha 30% da rodada fechada quando começou o tal inverno das startups – por volta de maio.

“Houve insegurança dos investidores quando começaram a sair as notícias. Nosso desafio foi mostrar que tínhamos resultados sustentáveis e que as startups em crise eram scale-ups em momentos diferentes do nosso”, pontua. A empreendedora afirma que os resultados da startup deram a segurança para os investidores continuarem na jogada.

A startup atingiu quase 3 mil usuários no primeiro ano de funcionamento. Em sua operação B2B, a empresa atende nomes como Accenture, Volvo, Coca Cola, Ambev, além de startups como Nuvemshop e Creditas. Foram 8 mil candidaturas nas vagas dos clientes, com 99% de oportunidades preenchidas. Para 2022, a expectativa é triplicar o faturamento e o número de usuárias na plataforma.

Como estratégias de escala, a HRTech vai liberar mais de 5 mil acessos para a plataforma SCM Academy ainda este ano. O objetivo, aponta a fundadora, é criar um banco de talentos ainda mais volumoso. Além disso, a companhia vai lançar a primeira versão da plataforma B2B para empresas acessarem o banco de candidatas por conta própria – hoje a startup ainda tem que liberar o acesso para cada cliente.