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Apenas 10 meses após seu lançamento, o Pix impressiona pela velocidade com a qual caiu nas graças do brasileiro, tornando-se um dos métodos de pagamento mais utilizados no país – e também uma ferramenta para crimes e golpes. Em junho de 2021, havia 254 milhões de chaves cadastradas, sendo 95,9% de pessoas físicas, e 4,1% de pessoas jurídicas, segundo o Banco Central.

No entanto, a segurança ainda é o principal motivo para quem possui chaves cadastradas ainda não ter feito nenhuma transação. É o que indica pesquisa realizada pela Zetta, associação sem fins lucrativos fundada pelo Nubank e Mercado Pago – uma espécie de Febraban das fintechs – que ainda mostra que a falta de interesse, a desconfiança e a dificuldade de lidar com a tecnologia são fatores que diminuem a adesão ao Pix.

Segundo Bruno Magrani, presidente da Zetta, ainda há muita dúvida em como as novas medidas de segurança anunciadas recentemente pelo BC para o Pix, se transformarão em regras. Entre elas está o limite de R$ 1.000 para transações feitas no horário noturno por pessoas físicas, incluindo micro e pequenos empreendedores.

“Ainda não vimos o que o anúncio significará em regras específicas, mas somos favoráveis a medidas que tragam segurança ao Pix. Diversos membros da Zetta inclusive usam a tecnologia para prever o comportamento de clientes e ativar alguma verificação adicional de eventuais transferências”, contou Bruno em evento on-line para jornalistas. Banco Inter, Creditas e Movile são alguns dos membros da associação.

Transações e meios de pagamentos mais utilizados

O estudo “A transformação do Pix para os pagamentos brasileiros”, encomendado ao Datafolha para esmiuçar como o Pix tem sido utilizado pelos brasileiros, evidencia um dado que chama a atenção. Uma parcela razoável de transações que seriam feitas para empresas (P2B, ou person to business) são hoje mensuradas como P2P (person to person). De 73% dos respondentes que usam o Pix como meio de pagamento de produtos e serviços, 57% deles pagam produtos e serviços de empresas na forma P2B.

“O número mostra claramente a informalidade brasileira. Muitos trabalhadores informais, pequenos e micros empreendedores estão cadastrando sua chave Pix com o CPF e não com o CNPJ. Este impacto pode ter sido ainda maior em função da pandemia, com o agravamento do desemprego”, avalia Rafaela Nogueira, economista-chefe da Zetta e coordenadora do estudo.

Entre os que possuem chaves cadastradas, verificou-se que o Pix é o terceiro meio de pagamento mais utilizado. Com uma porcentagem de uso de 81%, o Pix ficou atrás apenas do cartão de débito (85%) e do dinheiro físico (84%). Por outro lado, está a frente do cartão de crédito (74%), e do boleto bancário (53%).

Independentemente da funcionalidade, comodidade é citado como o maior motivo de preferência para uso do Pix, com destaque para o QR Code como resposta de 71% dos entrevistados. Agilidade ficou em segundo lugar nos motivos de preferência.

Região Norte

Outro dado interessante da pesquisa é que a região Norte foi a que apresentou maior frequência de uso do Pix, com 52% dos usuários usando seis vezes ou mais – enquanto nas regiões Sudeste, Nordeste, Sul e Centro-Oeste esse índice varia de 32% a 46%.

O Norte se destaca também no uso do Pix para a compra de produtos ou serviços para pessoas físicas, dado que 76% dos respondentes da região que possuem cadastro Pix afirmaram usar o serviço para tal finalidade. Ademais, a região Norte é uma das que menos afirma fazer pagamentos para pessoas jurídicas – 50%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região apresenta a maior taxa de informalidade do país. Portanto, uma possível explicação para esse resultado é a de que muitos empreendedores podem estar exercendo atividade comercial como pessoa física e não como pessoa jurídica.

Sobre a pesquisa

A pesquisa foi feita entre maio e junho a partir de 1.520 entrevistas realizadas pelo Data Folha. Da amostra, 53% dos respondentes eram mulheres e 47% homens, com idade média de 41 anos. O estudo evidencia que a penetração das chaves Pix é maior entre os mais jovens (18 a 24 anos), mais escolarizados (77% possuem ensino superior) e com maior poder aquisitivo (ganham mais de 5 salários mínimos).

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