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Ensaiando uma chegada ao Brasil desde 2015, a empresa de pagamentos americana Stripe finalmente começou a operar no país. O site da companhia já está em português, os preços dos serviços estão em reais e a companhia montou uma equipe local.

No LinkedIn, ela aparece com 11 funcionários baseados em São Paulo. Em seu site, a Stripe tem atualmente 10 vagas abertas para seu escritório em São Paulo. Todas com perfil de LATAM. A companhia início sua operação no México em outubro de 2019. Antes, em agosto, a companhia havia inaugurado um escritório na cidade do México. Os negócios na região estão sob o comando de Maria Teresa Arnal, que antes foi diretora do Google no México.

Procurada pelo Startups, a Stripe informou que atualmente oferece seus produtos no Brasil em versão beta. “Atualmente estamos desenvolvendo novos produtos customizados para que empresas brasileiras possam aceitar pagamentos e expandir seus negócios”, disse Maria Luisa Cantadori, gerente de produto da companhia, por e-mail, sem dar mais detalhes sobre os planos.

Início tímido

O Startups procurou diversos executivos e ex-executivos do mercado de pagamentos nos últimos dias para levantar pistas dos planos da Stripe para o Brasil. A maior parte deles nem sabia que a companhia já estava operacional por aqui. “Ninguém fala de Stripe”, disse uma pessoa.

A avaliação é que a companhia está chegando no país de forma muito tímida em comparação com o que poderia se esperar para alguém do seu porte. A companhia não abre sua receita, mas a estimativa é que ela tenha sido de US$ 450 milhões em 2019.

Não há, por exemplo, nenhuma menção à aceitação de boletos. Segundo um ex-executivo do setor de pagamentos, essa opção estaria fora dos planos da companhia por enquanto, porque a equipe global de desenvolvimento não aceitou o pedido de criar essa modalidade especificamente para o Brasil (um clássico de empresas que desembarcam por aqui).

“A taxa padrão é alta já que não tem garantia contra chargeback: 3,99% + R$ 0,50 por operação. O PagSeguro cobra 3,99% + R$ 0,40, porém já com garantia contra chargeback”, avaliou o fundador de uma fintech. Ele ainda levantou alguns outros pontos:

– Não aceitam a bandeira Elo, só Visa e Mastercard;

– Nenhuma menção ao PIX;

– Nenhuma menção a vendas parceladas;

– Nenhuma referência à aceitação de boletos;

O mercado de pagamentos on-line no Brasil passou por uma fase de crescimento com o lançamento de várias opções ao longo dos últimos anos e agora passa por uma fase de estabilização e consolidação. O PagSeguro comprou a operação brasileira da Wirecard (que voltou a se chamar Moip), a Stone comprou a Linx e está redobrando suas apostas no digital, a Locaweb comprou a Vindi e a colocou debaixo do guarda-chuva da Yapay. As oportunidades estão aí com o aumento nas compras pela internet trazido pela pandemia, mas, ao mesmo, tempo, a competição está bem mais dura do que em 2015, quando a Stripe começou a olhar para o país.

Uma longa história

A Stripe Brasil Participações Ltda. foi constituída em 2015. Nessa época, a companhia também nomeou Daniel Topel, fundador e ex-presidente da NetMovies, como líder de suas operações na América Latina e no Brasil a partir da Califórnia.

Topel, que havia se mudado para os EUA em 2013 depois de ser substituído por Cláudia Woods (hoje no Uber) no comando da empresa de entrega de DVDs, ficou na Stripe até 2017. Dois anos depois a companhia entrou de fato na região. O momento em que a companhia começou a estruturar sua atuação no Brasil coincide com o início da operação Lava-Jato e no processo de instabilidades políticas que arrastaram o país por uma crise interna de quase quatro anos – e quando tudo parecia que ia melhorar em 2020 veio a crise global trazida pela pandemia. Isso pode ter desacelerado os planos da Stripe por aqui.

Atualmente a Stripe está presente em 43 países – incluindo o México e a “prévia” no Brasil, como ela coloca em seu site.

Em agosto a empresa de pagamentos criada pelos irmãos John e Patrick Collison em 2010, levantou US$ 600 milhões. O aporte foi uma extensão da série G aberta um ano antes, quando ela captou US$ 250 milhões. Com a nova injeção de capital, a companhia foi avaliada em US$ 36 bilhões.

Entre seus acionistas, a Stripe tem Sequoia, General Catalyst, GV e a a16z. O fundo brasileiro Base Partners, do Fernando Spnola, que investe e apoia companhias globais que tenham interesse em operar no Brasil e na América Latina também tem uma participação na companhia.

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