Felipe Novaes e Marcone Siqueira, que desde 2017 tocavam a operação brasileira da consultoria de inovação inglesa The Bakery, agora são os donos da companhia como um todo. Por meio de uma operação de management buyout (MBO) os dois compraram a participação dos fundadores do negócio, os ingleses Andrew Humphries e Tom Salmon. A dupla sai do dia a dia, mas segue como advisor.
O negócio foi modelado com apoio da Staged Ventures, empresa de investimento em venture capital criada nos EUA por Flávio Pripas e Geraldo Neto. A captação – concluída em apenas duas semanas e que superou uma negociação com outro interessado que se arrastava há meses – foi feita com investidores brasileiros nos EUA e no Brasil. O valor aportado não foi revelado, mas o montante foi suficiente para comprar a participação dos fundadores ingleses e também abastecer o caixa da The Bakery para financiar seu plano de expansão.
Segundo Marcone, o objetivo é crescer cerca de 5 vezes até o fim de 2024 em um prazo de 24 meses. “Gostei [da ambição]”, brincou Pripas, durante conversa com o Startups no escritório da The Bakery em São Paulo. A previsão é que o crescimento venha de duas formas: pelo reforço das operações de desenho de estratégias de inovação para grandes empresas no Brasil e na Europa e do impulso no mercado dos EUA aproveitando a estrutura da Staged; e, em maior parte, pela entrada em uma nova esfera de atuação, a criação de novos negócios para as companhias (o corporate venture builiding, ou CVB) e a estruturação e gestão de fundos de venture capital (os CVCs). “Toda empresa vai precisar desse tipo de estrutura. E queremos entrar forte nesse mercado”, cravou Pripas.
A The Bakery já ensaiou uma atuação no mercado de venture capital por meio de uma parceria com a gestora Prana que previa a criação de um portfólio de investidas. Mas a parceria acabou não avançando e foi desfeita.
Segundo Felipe, vinha deixando oportunidades na mesa por não ter esse braço, já que ajuda as empresas a fazer toda a sua estratégia de inovação, mas deixava essa última parte para outros nomes do mercado. Agora, a The Bakery consegue fazer um atendimento de ponta a ponta. “Queremos ser o parceiro de escolha para as necessidades de inovação. Já somos isso para algumas”, completou Felipe.
Com 70 pessoas nos escritórios de Londres e de São Paulo, a The Bakery atende empresas como Natura, Vale, BMW, Adidas, Jaguar e Rolls Royce.
Do Brasil para o mundo
Ao fincar a bandeira do Brasil na em uma empresa já estabelecida The Bakery, Felipe, Marcone e a Staged queimam algumas etapas em um dos principais desafios de internacionalização de uma empresa de serviços de tecnologia, que é o ganho de reconhecimento e credibilidade.
O caminho de mostrar que é possível fazer inovação a partir do Brasil está mais aberto por conta de nomes como Stefanini, que tem uma boa presença na Europa, e da CI&T, que abriu capital em Nova York em 2021. Mas o desafio para ganhar relevância ainda é bastante complexo.
De acordo com Felipe, uma parte das entregas da The Bakery já vinha sendo feita a partir do Brasil, o que já cria uma facilidade. Além disso, agora que a operações local e internacional vão trabalhar de forma mais integrada, ficará menos burocrático para um cliente de uma multinacional atendido por aqui levar um projeto para a matriz, ou mesmo de uma empresa brasileira com operação internacional ser atendida fora, já que a The Bakery terá a estrutura corporativa necessária para isso. “O que a gente vê é que a entrega dos times do Brasil é tão boa quanto ou muitas vezes melhor que a do que é feito fora. A gente tem que por um fim nessa síndrome de vira-lata e mostrar a inovação feita por aqui”, filosofou Felipe.