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Em meio ao inverno que atinge o mercado de venture capital, o mês de maio vai poder contar com pelo menos uma rodada de investimento polpuda no saldo final. A Solfácil, que começou como uma fintech de crédito para quem quer instalar sistema de energia solar em casa ou na empresa, mas que vem ampliando sua atuação nesse segmento, levantou uma rodada de US$ 100 milhões.

O aporte foi liderado pela QED, que entrou como investidor na empresa na rodada anterior, e contou com a participação do SoftBank (Oi,sumido!) da VEF e da Valor Capital. A companhia ainda está em negociação com um grande banco internacional para levantar uma outra bolada na casa dos US$ 100 milhões, mas no formato de dívida, o que vai fazer a captação mais que dobrar de tamanho.

Segundo Fabio Carrara, fundador e presidente da Solfácil, o reforço de caixa será usado exatamente para consolidar a estratégia de diversificação da atuação da companhia. No 2º semestre do ano passado ela lançou um marketplace para conectar instaladores a vendedores de equipamentos. Hoje ela tem 8 mil integradores concetados à sua rede. Em breve, ela vai colocar no mercado um dispositivo conectado criado por ela própria que vai ajudar a monitorar as instalações à distância. Um próximo passo é colocar no ar uma opção de seguro para equipamentos e projetos, em parceria com uma seguradora.

A ideia é atuar em todas as pontas de um projeto, garantindo que ele vai acontecer da melhor forma para quem contrata e para quem instala, e também diversificando as fontes de receita da companhia.

Com todas essas movimentações, a Solfácil espera praticamente triplicar o volume de crédito concedido, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 3 bilhões, e multiplicar sua receita por 5 ao longo de 2022. As projeções, segundo ele, já levam em conta o cenário macro mais desafiador, com expectativa de queda no consumo das famílias e de aumento da inadimplência.

Para ele, a proposta da companhia vem bastante a calhar diante do atual cenário. “A gente tira as pessoas de uma dívida eterna com a concessionária de energia. É uma oferta resiliente e que faz parte da solução para algumas dessas questões”, avalia. No seu site, a companhia tem exemplos de pessoas que trocaram contas de luz de mais de R$ 1,6 mil por parcelas mensais de R$ 1,3 mil de um financiamento de 72 meses.

Enquanto houver sol

A energia solar foi, por muito tempo, menosprezada no Brasil, por conta do seu alto custo. Mas as coisas mudaram. O país já tem geração de energia solar equivalente à de uma Itaipu e ela já superou outra fontes como a hidroelétrica em termos de nova capacidade adicionada à rede. Em 2021, foram 5,7 GW, atrás só da China e perto de superar os EUA.

A ampliação tem acontecido, basicamente, pela instalação de painéis por pessoas em suas residências. E como a demanda por energia elétrica só tende a aumentar com a eletrificação da frota de veículos e outras iniciativas, a tendência é promissora para a Solfácil. “Boa parte da matriz vai crescer nessa linha e a gente se coloca como a empresa que vai viabilizar isso”, diz Fabio.

Sem nuvens cinza no horizonte

As negociações para a série C da Solfácil começaram no fim do ano passado e foram concluídas no 1º trimestre, em meio à mudança nos ventos no mercado de investimentos.

De acordo com Fabio, o cenário menos otimista não interferiu nas conversas porque a companhia tem mostrado uma proposta que pode navegar bem por momentos de turbulência. “Com a diversificação, se a inadimplência aumenta, temos outras áreas que podem andar”, diz.

Ele acrescenta que a companhia também foi criada sob uma perspectiva de uso eficiente de capital, sem buscar crescimento a qualquer custo. A operação da Solfácil ainda não dá lucro, mas queima pouco caixa. “Nosso ritmo de queima é 10 vezes menor que o de outras empresas em estágio parecido com o nosso. Sempre acreditamos em um modelo de atuação com eficiência”, diz. A companhia tem atualmente 500 funcionários deve dobrar esse número até o ano que vem.

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