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Com 36 investidas no Brasil, na Europa e nos EUA, a G2D Investments, empresa de investimento em venture capital que a GP Investments listou na bolsa em maio, construiu um portfólio que abrange diferentes geografias e áreas de atuação.

E as apostas começam a dar resultados. Em 2 meses, ela já registrou 4 eventos que elevaram o total de o valor do patrimônio líquido dividido por ação (NAV) de R$ 6,35 para cerca de R$ 10,67.

Mas quais seriam os próximos gatilhos de crescimento da companhia? Alguns nomes têm potencial mais fácil de ser indicado, como os unicórnios Clover Health, Turo, Fair, Farmers Business Network e Classpass. Mas exatamente por já estarem bem valorizadas hoje, essas companhias têm, talvez, menos gordura para ganhar.

R$
NAV por ação (Pós IPO) 6,35
Ganho com Coinbase 0,26
Ganho com Mercado Bitcoin 2,33
Ganho com Blu 0,46
Ganho com NotCo 1,27
NAV por ação estimado pós transações 10,67
Fonte: G2D

O grande salto possível mesmo está nas companhias que podem ser os futuros unicórnios. Claro que os negócios podem dar retumbantemente errado, mas ei: estamos falando de uma indústria em que se devem tomar riscos!

Em conversa com o Startups, Carlos Pessoa, diretor de relações com investidores da G2D, destacou 3 companhias que podem ser consideradas joias escondidas do portfólio:

  • TomboyX
    A marca de roupas íntimas lançada em 2013 tem apresentado um crescimento de 76% anual em média em um mercado de US$ 13 bilhões nos EUA, com produtos que atendem aos corpos reais, não das Angels, da Victoria´s Secret. Que aliás, está sendo alterado muito em razão do movimento de questionar padrões do qual a TomboyX e outras marcas fazem parte. Além de mulheres, a marca atende outras identidades. “48% da Geração Z não se identifica como hetero exclusivo”, diz Carlos.
  • Dyper
    Com fraldas feitas a partir de fibra de bambu, que são mais sustentáveis, e um programa de coleta para estimular o descarte correto delas, a companhia cresce mais de 3 dígitos por ano em um mercado de 27 bilhões de fraldas descartáveis usadas por ano só nos EUA, e que é um duopólio.
  • Kadenwood
    Um dos investimentos mais recentes, feito com a venda da Healist para a Kadenwood em junho, a empresa produz um óleo feito a partir de Cannabis com 0% THC. Ou seja, não dá barato, tem apenas as propriedades medicinais do canabidiol, o CBD. Nos EUA, 39 estados já liberaram o uso medicinal da Cannabis e a expectativa é de uma liberação federal. Outros 15 estados liberaram o uso recreativo. Canadá, Alemanha e Israel estão avaliando a questão medicinal. “É um mercado que só tende a crescer”, diz Carlos.  Além de ser um fornecedor do óleo, ela também tem uma marca própria, a Level Select.

Naspers brasileira?

Uma relação imediata que pode ser feita quando se pensa na G2D é com a Naspers, o grupo de mídia sul-africano que se converteu em um grande investidor de empresas de tecnologia (Tencent, Movile, entre outras) e até criou uma nova empresa para separar essas operações, a Prosus, que já vale mais que a empresa mãe.

Carlos não vê a comparação como justa. “Na Naspers, 95% do valor está em empresas que já estão na bolsa, com a Tencent representando 90% e 5% sendo a Mailru. Só 5% são empresas fechadas. Por isso não fazemos esse paralelo”, diz.

O foco dos investimentos da G2D está nas companhias no estágio conhecido como Growth, ou seja, quando elas já passaram do temido vale da morte (geralmente no 2º ou 3º ano de operação), têm receita, time e estão em fase de crescimento acelerado. De acordo com Carlos, a ideia é sempre sair das empresas quando elas se tornarem públicas e reciclar o capital para aumentar os investimentos. A proposta não é ser apenas um sócio financeiro, mas ajudar as companhias em questões de vendas e expansão geográfica.

Para Carlos, uma vantagem de ser um fundo com capital proprietário, não uma gestora de recursos de terceiros, com diferentes fundos, dá mais tranquilidade para fazer os investimentos porque não há o prazo de vida de 10 anos típico de um veículo, e também porque é possível fazer cheques do tamanho necessário e no momento necessário.

A G2D faz investimentos no Brasil diretamente. Fora, ela atua nos EUA por meio da gestora Expanding Capital, de São Francisco, e na Europa com a The Craftory – que Carlos classifica como a Unilever do futuro por seu foco no mercado de consumo. Segundo ele, há a possibilidade de fazer investimentos fora se a empresa alvo não competir com nenhuma dos portfólios dos fundos. Perguntado sobre interesse na China, Carlos disse que se trata de um mercado muito interessante, mas também muito particular, então a ideia é ficar fora.

IPO verde e amarelo

No IPO, a companhia trouxe como investidores 6 mil CPFs. O número foi maior que os 1,2 mil do “IPO verde e amarelo” da Senior Solution (hoje Sinqia), em 2013. Mas, na época, o número de investidores na bolsa era 5, 6 vezes menor, na casa dos 500 mil. “Queremos ser o maior veículo para investimento global para brasileiros. Quando uma pessoa física poderia falar que investe em 9 unicórnios?”, diz Carlos destacando o número de companhias que a G2D já investiu até agora que atingiram esse status. Na conta está a Coinbase, da qual ela não é mais sócia porque abriu capital – gerando um retorno de 33x o capital investido.

Um dos grandes desafios da companhia é exatamente educar o mercado, mostrar o potencial dessa proposta. Para isso, a companhia tem investido muito nas conversas com pessoas pelas redes sociais e na produção de conteúdo.

Em relatório comentando sobre o aporte da Blu na semana passada, o BTG pontuou que a o papel ainda carece de liquidez, mas disse acreditar que os resultados rápidos obtidos nas últimas semanas “deixam confiantes de que tem mais por vir”. Um destaque foi para a CERC, que está avaliada em “apenas” R$ 468 milhões, mas tem potencial de crescer por atacar um mercado enorme, que é o registro de recebíveis. Por conta dessas perspectivas, o preço-lavo das ações subiu de R$ 8,20 para R$ 11,30.

Ontem o papel fechou o pregão cotado a R$ 7,22, praticamente estável em relação aos R$ 7,19 da abertura.

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