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Tractian levanta R$ 17 mi para acelerar adoção de seu “band-aid inteligente” pela indústria e já planeja expansão internacional

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Nos churrascos e festas de família, Igor Marinelli e Gabriel Lameirinhas sempre ouviam as conversas e lamentações dos amigos dos pais, que trabalhavam com manutenção de máquinas na indústria. A princípio isso parecia algo distante da realidade dos dois. Mas depois de trabalhar na indústria e decidir montar uma startup, Igor percebeu que a dificuldades de quem trabalha na manutenção de máquinas era uma dor a ser atacada.

Na foto: Igor Marinelli e Gabriel Lameirinhas, cofundadores da Tractian

Foi daí que nasceu a Tractian, startup que se propõe a reduzir falhas e tempo de inatividade de máquinas na indústria. Isso é feito por meio de um dispositivo que é colocado nas máquinas e que, com o uso de inteligência artificial, analisa as vibrações e faz o diagnóstico de como está a saúde do equipamento. O “band-aid inteligente” foi batizado de o “Shazam da indústria” pela Y Combinator, em uma referência ao aplicativo comprado pela Apple em 2018 que descobre o nome das músicas “ouvindo” um trecho delas.

Hoje com 45 clientes – como Ambev e Suzano -, a startup de 2 anos acaba de concluir uma rodada seed de R$ 17 milhões para acelerar sua expansão. Segundo Marinelli, o plano é chegar a 600 clientes em 18 meses. Nesse período, a equipe deve saltar das atuais pessoas para 30 pessoas para 100. “A gente começou pensando só na indústria, mas tem uma oportunidade em aeroportos, shoppings, hospitais, qualquer coisa que dependa de máquinas para funcionar”, diz Igor.

O crescimento nos próximos meses será feito com expansão das equipes comerciais e de produto e também com investimento em conteúdo voltado a quem atua com manutenção de equipamentos. Os técnicos são hoje os principais compradores das tags da Tractian, já que é o trabalho deles que é facilitado com o seu uso.

A companhia já tem um blog onde compartilha treinamentos e informações, mas pretende ampliar essa oferta fazendo investimentos em empresas que produzem conteúdo voltado a esse público. Segundo Igor alguns negócios já estão engatilhados. “Manutenção é um negócio meio eterno. Você pode falar em linhas de produção totalmente robotizadas. Mas quem vai fazer a manutenção desses equipamentos? Robôs? Isso uma realidade muito distante ainda”, diz.

A rodada

A rodada foi liderada pela gestora DGF e pelo family office Citrino – que tem como investidores uma família do setor de cimento que não gosta muito de revelar seu nome – e contou com a entrada de fundos americanos como Soma Capital, Liquid 2 Ventures e Cibersons. Também entraram para o captable investidores anjo como a brasileira Claudia Massei, presidente da Siemens em Omã. Norte Ventures, Y Combinator e executivos como Parker Treacy, fundador da Cobli, que já investiam na companhia, seguiram.

Na cabeça de Igor, a rodada seria liderada e teria como principais investidores fundos estrangeiros, que estão mais acostumados com a ideia de investir em startups de hardware. Nos EUA, 3 empresas têm uma abordagem parecida com a da Tractian: Augury, Uptake e Samsara. A Augury, por exemplo, já é avaliada em mais de US$ 1 bilhão. “A ideia de ter uma Augury na América Latina faz muito sentido. Os fundos entendem bem a proposta”, diz.

Mas para sua surpresa, no meio do caminho, no entanto, apareceu a DGF. A gestora tem um dos poucos cases bem-sucedidos de investimentos na área de hardware no Brasil: a Pollux, de braços robóticos, que foi vendida para a Accenture em março/21. “Fez muito sentido pela tese e pela experiência deles. E com o novo fundo de internet das coisas da Indicator Capital, tem uma corrida começando por coisas nesta área”, diz Igor.

Modelo de negócios e expansão internacional

O modelo de negócios da Tractian é o de hardware como serviço (HaaS), com as tags sendo alugadas em contratos de 12 meses. Cada tag custa em média R$ 300 por mês. Segundo Igor, conquistar um cliente novo é difícil, mas a ciclo de vida e a profundidade do relacionamento tendem a ser grandes, então o potencial de receita adicional por contrato é muito alto.

Segundo ele, a companhia já tem recebido demandas de empresas da América Latina, dos EUA e até da Argélia e, por isso, já está colocando a expansão internacional em seus planos. “As plantas industriais são iguais ao redor do mundo. Não faz sentido não internacionalizar algo que funciona da mesma fora e que a única coisa que precisa ser feita é mudar o chip da operadora”, diz Igor.

A ideia, por enquanto, é experimentar e estruturar o que pode vir a ser essa a operação. O esforço neste sentido só deve acontecer mesmo depois da rodada de série A, que Igor acredita que será feita no fim do ano.

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