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Ser uma empreendedora é difícil em qualquer país do mundo, mas um conjunto de regras aprovadas pelo governo britânico para o investimento anjo na região conseguiu tornar o cenário ainda mais desafiador para as empresas lideradas por mulheres no Reino Unido. A atualização das normas começou a valer na semana passada e, entre outras mudanças, aumentou em 70% o limite de renda exigido para que uma pessoa possa investir em startups.

Antes, a renda exigida para que alguém se tornasse investidor anjo era de 100 mil libras por ano. Agora, esse valor passou para 170 mil. O problema, segundo críticos da mudança, é que o novo valor deixa de fora uma parcela considerável das mulheres. Segundo a HM Revenue and Customs (HMRC), a Receita Federal do Reino Unido, o número de mulheres que recebiam acima de 150 mil libras por ano em 2021 era equivalente a um terço dos homens com essa renda.

Menos mulheres investindo significa menos aportes em empresas com lideranças femininas. Um levantamento de 2022 mostrou que, no Reino Unido, quase 25% das empresas apoiadas por anjos femininos foram fundadas por mulheres. Entre os investidores anjo em geral, 19% das empresas apoiadas são de fundadoras do sexo feminino.

Ou seja, o aumento do limite de renda exigido piora um mercado que já era desfavorável às mulheres. No primeiro semestre de 2023, apenas 3,5% do capital investido foi para empresas com liderança feminina, enquanto 85,1% foram para empresas comandadas por homens e 11,4% para startups co-lideradas por mulheres e homens. Os dados são do Female Founders Forum – um projeto da Entrepreneurs Network com o banco Barclays.

Investidores e empreendedores são contra

Em entrevista à Bloomberg Radio, a empreendedora e investidora Grace Beverley, fundadora das empresas TALA, Shreddy e The Productivity Method, disse que o investimento anjo é normalmente a principal fonte de recursos de empresas lideradas por mulheres no Reino Unido. Ela destacou que menos de 2% do venture capital na região vai para negócios criados por mulheres e minorias étnicas e raciais.

“Quando estamos reduzindo a possibilidade de mulheres investirem em mulheres através do investimento anjo, isso significa retirar a única possibilidade de investimento em muitos casos. Existem regiões do país em que há zero mulheres que estariam aptas a investir”, criticou.

O secretário econômico Bim Afolami se reuniu com empreendedores e investidores na última quarta-feira para tratar dos impactos das novas regras nas empresas femininas. Em comunicado divulgado após o encontro, Dom Hallas, diretor executivo do Startup Coalition, disse que voltar atrás nas mudanças não é uma opção para o governo.

“A reunião foi produtiva. Estou confiante de que o governo ‘entende’. Foi deixado claro por muitos no setor, incluindo o grupo significativo de mulheres e de grupos minoritários de investidores e fundadores presentes, os riscos desta mudança. A questão agora é que ainda precisamos consertar isso”, afirmou Dom.

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