fbpx
Compartilhe

Menos de 1 ano depois de fazer uma série A de R$ 20 milhões, a fintech Solfácil fechou uma nova rodada de investimento. A série B, bem mais polpuda, de R$ 160 milhões, foi liderada pela QED Investors, gestora focada em fintechs em países emergentes que já investiu em nomes como Nubank, Creditas, Loft e a mexicana Konfío. A Valor Capital, que liderou o aporte anterior, também participou da capitalização.

Segundo Fabio Carrara, fundador e presidente da fintech, a captação foi muito rápida, entre março e maio. E a entrada do QED foi natural por conta da relação que já havia com eles. “Era para eles terem entrado na série A, mas não rolou por conta da pandemia”, conta.

Um sol para cada um

Em operação há 3 anos, a Solfácil é uma fintech que não tem um cartão de crédito colorido, nem um conta com aplicativo bonitinho (pelo menos não ainda). Na verdade, ela tem uma atuação bem de nicho: crédito para quem quer instalar um sistema de energia solar em casa ou na sua empresa. A ideia é atacar um dos principais fatores que fazem com que a adoção da energia solar seja tão pequena no Brasil – só 0,6% de penetração: o alto custo envolvido.

Hoje a fintech oferece linhas com prazos de até 120 meses para pessoas físicas e empresas. O custo efetivo total (CET) está na faixa de 1,3% ao mês. “O consumidor paga 5 ou 6 anos e depois tem 20 anos de energia de graça”, diz Fabio.

A instalação é feita por uma rede de parceiros credenciados espalhados por todo o país. Hoje são 5 mil. Com o aporte, o objetivo é dobrar esse número, chegando a 10 mil. Além dessa ampliação da rede, a companhia vai criar ferramentas que serão oferecidas a esses instaladores para ajudar com eles vendam mais. Nos planos estão sistemas de relacionamento com clientes (CRM) e monitoramento unificado das instalações dos clientes e a criação de um marketplace para a compra de equipamentos. “Queremos ser um ponto único de contato para soluções de energia solar”, diz Fabio.

Em termos de ofertas, a Solfácil pretende criar linhas de financiamento específicas para produtores rurais e um parcelado sem juros para quem não quer fazer um comprometimento de longo prazo.

Até o fim do ano, a equipe, que no ano passado fechou com 30 pessoas chegará a 200. Em 2022, o salto será para 460. “é um crescimento acelerado, mas menor que o da receita por conta do investimento em automação”, completa Fabio. Ele garante que a companhia já opera em break even e consome pouco caixa para financiar sua operação, podendo usar os recursos para investimentos. “Temos crescimento de unicórnio com última linha de empresa criada com capital próprio”, brinca.

20x

Desde julho do ano passado, a companhia cresceu 20x em termos de originação de crédito, chegando a R$ 60 milhões por mês. Até o fim do ano, o montante deve passar de R$ 100 milhões, somando R$ 1 bilhão no ano como um todo. Para 2022, o objetivo é mais que dobrar, para R$ 2,5 bilhões. “Hoje somos uma das 3 maiores fintechs de crédito do Brasil em termos de originação. E isso com só R$ 25 milhões de aportes até aqui”, diz Fabio.

Para oferecer os empréstimos, a Solfácil vinha fazendo emissões de debêntures até o fim do ano passado, quando lançou o 1º fundo de direitos creditórios (FIDC) com selo verde do Brasil, de R$ 500 milhões. Os recursos captados estão suportando a demanda até agora e a ideia é lançar uma nova oferta em breve. A própria Solfácil chegou a comprar algumas cotas subordinadas do FIDC aproveitando sua liquidez de caixa.

Segundo Fabio, as perspectivas para o setor são interessantes por conta de inicaitivas como o projeto de lei 5.829, que propõem um marco legal para a geração de energia distribuída no Brasil. A avaliação é que o texto é equilibrado e traz segurança jurídica. “Não faz sentido não estimular pessoas a investir capital próprio em geração distribuída”, diz. Perguntado sobre o projeto de privatização da Eletrobras, que não faz menção ao uso de energia solar, Fabio disse que preferia nem comentar.

LEIA MAIS