Uma das startups mais proeminentes do ecossistema indiano nos últimos anos, a edtech Byju’s levou um grande tombo no fim da semana passada. A Blackrock, fundo global que detém uma participação minoritária na companhia, baixou o valuation da Byju’s em 95%. No começo de 2022, ela valia US$ 22 bilhões. Agora, segundo a Blackrock, o valuation é de não mais do que US$ 1 bilhão.
Segundo reportou o TechCrunch, a gestora de private equity divulgou em seus relatórios de portfólio que sua avaliação das ações da Byju’s despencou de US$ 4,6 mil para US$ 209 por papel. Apesar do corte drástico no valuation, a Blackrock não deu maiores explicações sobre como chegou à constatação.
Esta não é a primeira vez que a BlackRock reduz o valor de sua participação na Byju’s – empresa na qual ela tem uma participação de cerca de 1%. Aliás, a Blackrock não é o primeiro investidor a cortar sua avaliação da edtech indiana. A Prosus, que detém cerca de 9% da Byju’s, disse no fim do ano passado que avaliou a edtech em “menos de US$ 3 bilhões”.
É uma queda e tanto para a edtech que era vista por muitos como a “menina dos olhos” do ecossistema de startups na Índia. Em 2021 e 2022, quando levantou rodadas a um valuation de US$ 22 bilhões, a Byju’s chegou a fazer diversas aquisições globais e expandiu sua presença geográfica para outras regiões (incluindo a América Latina e Brasil), chegando a ser cotada por alguns bancos de investimento como uma startup rumo a um valuation de US$ 50 bilhões.
Em sua trajetória, a Byju’s somou mais de US$ 6 bilhões em investimentos. Segundo dados do Crunchbase, a última rodada foi uma série F de US$ 50 milhões em 2021 e, desde então, a empresa levantou fundos em rodadas de private equity e financiamentos, sinal de dificuldades em fazer novas captações de venture capital.
Na verdade, desde 2022 a Byju’s estava se preparando para ir à bolsa, por meio de uma fusão com uma SPAC que colocaria a companhia em um valuation de US$ 40 bilhões. Entretanto, crises como a guerra entre Rússia e Ucrânia, assim como o chamado “inverno dos VCs”, complicaram a situação para a edtech.
À medida que as condições de mercado pioraram, também pioraram as perspectivas de negócios – e a pressão dos investidores. Hoje, a Byju’s enfrenta uma série de desafios, com dificuldades para levantar capital, gerar folha de pagamento e saldar sua dívida de mais de US$ 1 bilhão. A companhia perdeu sua meta de receita para o ano financeiro encerrado em março de 2022, revelou a startup em um relatório.
Em abril do ano passado, a Byju’s completou dois anos no Brasil, e chegou a anunciar em entrevista ao Startups planos para o país, trazendo a Great Learning, empresa que faz parte de sua holding, com o curso Machine Learning and Data Science, com conteúdo desenvolvido pelo MIT. Além disso, a empresa anunciou que sua operação no Brasil seria a base para uma expansão da edtech para o mercado português.
Entretanto, desde então parece que as coisas mudaram rápido. Em setembro do ano passado, sob nova administração do CEO Arjun Mohan, a companhia iniciou uma reestruturação interna para reduzir custos, resultando na demissão de até 5 mil funcionários. Para completar, a companhia perdeu seu CFO de longa data, Ajay Goel, em outubro do ano passado.