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Mirar alto, mas com os pés firmes no chão. Essa é a filosofia da Unicorn Factory, venture builder de nome mirabolante, mas que segundo os seus fundadores conta com uma estratégia bem realista para ajudar startups a atingir suas metas.

O plano da “fábrica de unicórnios” é cocriar, dentro dos próximos três anos, cerca de 120 startups, dentro de um programa chamado Unicorn Studio. Serão três turmas, cada uma com 40 startups, e a primeira já deve ser fechada no segundo semestre de 2022 – e está com inscrições abertas.

Mas afinal, como a Unicorn Factory vai fabricar seus potenciais unicórnios? O diferencial está em uma metodologia criada pela venture builder, batizada de Cake, explica o fundador e CEO da venture builder, Fernando Castro. Segundo o executivo, essa receita é baseada em ingredientes básicos, porém que muitas startups não dão a atenção necessária.

“O processo que desenvolvemos [une] pilares essenciais que toda startup ou negócio deve ter. Percebemos que muitas empresas jovens esbarram nos mesmos desafios: como se posicionar no mercado, identificar oportunidades no segmento de atuação, planejamento de recursos financeiros e processos relacionados às questões regulatórias, jurídicas e de compliance”, destaca.

“90% das startups falham por falta de capital, produto não aderente, questões de regulação, e estes são os mesmos motivos que outras dão certo”, acrescenta Castro com uma leve risada.

Parece algo óbvio, mas segundo o cofundador e CPO da Unicorn Factory, Michael Citadin, a missão é ir além da conversa e mostrar de forma ativa como estes ajustes básicos na estratégia de uma startup é chave para a sobrevivência no atual cenário. De acordo com os fundadores, essa base que a Unicorn Factory quer trabalhar nas startups é o que vai fazer a diferença na hora de atrair investidores – uma ponte que a venture builder também quer fazer em seus programas.

“O mercado está cheio de ‘bullshitagem’, e não há mais espaço para isso”, provoca Michael.

R$ 50 milhões em 3 anos

Por trás do método da Unicorn Factory, também existem metas. Michael explica que as startups selecionadas podem ser empresas tanto de early quanto mid-stage, cujas propostas de valor tenham o potencial de atingir um valuation de pelo menos R$ 50 milhões em três anos. “Para detectar isso, estabelecemos um funil de seleção que leva cerca de 60 dias, analisando quesitos se a ideia é escalável em termos globais, ou se pelo menos pode ter uma grande abrangência nacional”, explica.

Segundo o CPO, a empresa tem a consciência de que poucas empresas vão se tornar unicórnios – e no atual mercado, as probabilidades se tornaram ainda menores. Contudo, o foco da venture builder é fazer com que todas ganhem valor. “Estamos pensando na criação de unicórnios como algo a longo prazo, em coisa de 5 anos pra frente”, pondera Michael.

No plano da venture builder está um programa de mentores, acreditadores e parceiros, incluindo conexões com agentes em ecossistema como os de Dubai e o Vale do Silício, locais em que Fernando Castro já tem passagens. Antes de abrir a Unicorn Factory, passou por diversas startups nos Emirados Árabes Unidos, atuando como advisor e mentor.

Para quem está se perguntando sobre o histórico de empreendedorismo do CEO, Fernando tem no seu currículo a fundação da JoyPay, fintech de soluções de pagamento que foi adquirida em 2019 pela Ebanx por um valor não divulgado. Além disso, foi conselheiro de growth na startup UCorp, iniciativa apoiada pelo Itaú, com foco na criação de veículos elétricos compartilhados (VEC), e que foi anunciada no início deste ano.

Vale da morte

Na visão de Castro, um dos principais desafios da Unicorn Factory é resolver as dores que levam muitas startups promissoras ao temido “vale da morte”.

“Cerca de 75% das startups aceleradas em venture builders chegam na rodada de seed, e 60% conseguem uma série A. Nosso foco é ajudar a escalar além disso, o que é um dos principais desafios”, aponta o CEO, completando que o sonho de se tornar bilionária é algo que existe um trabalho ainda maior. “Apenas 5% das startups em VBs chegam ao status de unicórnio”.

No caminho da fábrica de unicórnios, porém, está um cenário nada, nada favorável. Esta semana a Y Combinator, um dos nomes mais respeitados do Vale do Silício quando se trata de aceleração de startups, soltou uma carta pessimista sobre os rumos do mercado e sobre como os fundadores devem se preparar para o pior.

A carta, com o nada animador título de “Economic Downturn” (algo como “economia em desaceleração”), pede aos fundadores que busquem formas de suas empresas chegarem ao status de “Default Alive”, ou seja, que elas encontrem uma forma de se manterem vivas com os recursos que já possuem em caixa. Para aquelas que não vislumbram essa possibilidade, a sugestão é levantar investimentos com atuais ou novos investidores o mais rápido possível, sugerindo que a festa dos investimentos está no final.

Para o CEO da Unicorn Factory, porém, o nome é mais para inspirar do que uma garantia de sucesso, e ele confia na sua estratégia para evitar que as startups sofram neste “inverno de investimentos” que se aproxima. “O ecossistema ainda conta com muitas ferramentas que permitem o crescimento de novos negócios. Nosso nome é desafiador, mas nossos objetivos são bastante ‘pé no chão””, finaliza.

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