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Só quem é professor autônomo sabe que o trabalho para atrair e manter alunos envolve uma série de fatores para além da aula. Para endereçar estas questões, a Unmaze está executando uma estratégia cujo objetivo é facilitar o dia a dia destes profissionais, e ao mesmo tempo ser um destino para pessoas que buscam aulas particulares.

Criada em 2020, a edtech tem como proposta apoiar o trabalho dos profissionais com tecnologia e reduzir o fardo administrativo, que a empresa calcula tomar 50% do tempo de professores particulares. A ideia para o negócio veio das experiências de Robson Alberto, que já tinha trabalhado como professor autônomo de inglês em seu país natal.

Logo depois de se mudar para o Brasil em 2016, o fundador começou a vida por aqui trabalhando em um sacolão em Belo Horizonte. Mas o ambiente de tecnologia e inovação brasileiro chamou sua atenção, e Robson começou a estudar a fundo as empresas do ecossistema nacional. Se candidatou para vagas na proptech QuintoAndar e na Hotmart, onde ingressou para trabalhar na área de experiência do cliente. Depois de sair da empresa, voltou a dar aulas, e os entraves da rotina como professor levaram ao insight que deu origem à Unmaze.

“Um professor particular, autônomo e independente tem como habilidade principal ensinar, ele gosta e sabe fazer isso. Porém, estes profissionais precisam captar alunos, o que pode envolver trabalho de design e marketing para criar um awareness sobre o seu trabalho, e vai gastar tempo e dinheiro com isso. Quando ele consegue esses alunos para ensinar, precisa fazer a gestão, lidar com cobrança e pagamentos, além de questões fiscais, como emissão de nota fiscal e jurídicas, como elaboração de contratos”, explica Robson, em entrevista ao Startups.

“Todas estas questões se referem a situações que vivenciei na pele, e a gente resolve estes pontos na Unmaze. Nós entramos para facilitar a vida desse professor autônomo, para entregar absolutamente tudo o que é necessário para ele conseguir monetizar sua paixão e a habilidade que é ensinar,” acrescenta o fundador da empresa, que é baseada em São Paulo.

Como a Unmaze trabalha

Para resolver as dores de profissionais independentes, Robson e seu co-fundador e COO Lucas Marinho decidiram começar atendendo professores autônomos de inglês. A startup oferece dois planos de assinatura: o plano de entrada custa R$19,90 por mês, e o outro mais avançado fica por R$29,90. Desde o plano inicial, professores tem acesso a um banco de aulas customizadas, com temas relacionados a nichos que vão desde procedimentos cirúrgicos em caso de um infarto até culinária indiana, que refletem as demandas dos alunos já captados. Atualmente, a empresa conta com 257 alunos em sua base e 39 professores cadastrados.

O CEO da Unmaze, Robson Alberto

“Em outras plataformas, o professor espera que um aluno o escolha de forma passiva. Nós entregamos o aluno a ele de forma proativa,” diz Lucas. Além disso, a startup fornece o material de apoio para as aulas e funcionalidades como backup, em que um professor pode ter uma substituição em caso de necessidade. A plataforma dá acesso a outras funcionalidades online para apoiar a saúde mental e física dos professores autônomos, desenvolvidas em parceria com a startup de terapia online Psicologia Viva. Profissionais também contam com treinamentos específicos em temas que vão desde marketing digital até o desenvolvimento de aulas específicas.

A Unmaze atualmente gera cerca de R$ 45mil em gross merchandise volume (GMV), ou seja, o valor total de vendas na plataforma, sendo que 60% deste valor é redirecionado para os professores. Para os próximos meses, a empresa espera escalar vendas e melhorar o produto, já que o foco principal até aqui tem sido a experiência do cliente. A edtech também planeja fazer três contratações até o fim deste ano, expandindo uma equipe que atualmente conta com sete pessoas.

Segundo o CEO da startup, a ideia é expandir para outros tipos de aulas particulares para além de idiomas. Antes disso, a empresa deve entrar no ensino de espanhol e português, algo que deve acontecer até 2024. “Quero muito que sejamos uma plataforma mais robusta e, principalmente, aumentar nosso market share, ser um pouco mais conhecidos”, diz Robson, acrescentando que quer que sua empresa comece a fazer frente às escolas de idiomas tradicionais do mercado e outras plataformas online de ensino de idiomas.

Respondendo à instabilidade

O plano da edtech para 2022 era fechar o ano com 1 mil alunos e cerca de 200 professores cadastrados. Segundo Robson, estas metas estão sendo revistas como resposta à atual instabilidade do mercado. “Passamos as últimas semanas reorganizando tudo, assim como todos os empreendedores. Os planos mudam, porque a gente já não pode mais contar com um cenário de alta disponibilidade de capital e, no nosso caso, sabemos que não vamos conseguir queimar tanto caixa em marketing para aquisição de alunos, por exemplo”, pontua o empreendedor, acrescentando que a meta atual é dobrar a base atual de alunos.

Uma das selecionadas para o batch mais recente do Black Founders Fund, do Google, a Unmaze começou com um investimento inicial de R$ 55mil dos fundadores. A startup abriu uma captação de R$ 1 milhão para impulsionar seus planos de crescimento. A maioria dos fundos com os quais a empresa está falando são brasileiros, mas Robson diz estar aberto a conversas com investidores de fora do país.

O COO da Unmaze, Lucas Marinho

O empreendedor está passando uma temporada em Angola, e diz estar iniciando interações com atores do ecossistema do país, como o Founder Institute – que acelerou a Yoobe, de Genau Lopes, também contemplado pelo Black Founders Fund. Vale lembrar que a África teve um recorde de $5.2 bilhões de investimentos em venture capital no ano passado, mais do que os sete anos anteriores combinados, segundo a Associação Africana de Private Equity e Venture Capital. Além disso, a região foi a única do mundo a obter crescimento de três dígitos no 1T de 2022, com US$ 1,8 bilhão em captações.

“É a primeira vez que eu venho para Angola com um pouco mais de conhecimento sobre o ecossistema de tecnologia e inovação. Comecei a me relacionar com [os atores do ambiente local] agora, e estou desenvolvendo contatos. Mas estamos abertos para qualquer tipo de investidor, de qualquer lugar, inclusive de países da África”, pontua Robson.

Segundo Robson, o maior desafio em desenvolver o negócio tem sido acesso a capital. Ao lembrar dos primórdios da Unmaze, quando o fundador usava o pagamento de uma aula para pagar designer que fez o logo da empresa, por exemplo, o fundador ressalta que este corre tem sido o maior entrave desde a formação do negócio. “A forma que temos lidado com isso é manter a operação de um tamanho que podemos levar com nossos próprios recursos. Mas de longe, a maior dificuldade tem sido [acesso a] capital para crescer de forma acelerada”, pontua.

Sobre as exigências de fundos por rentabilidade no curto e médio prazo versus crescimento a qualquer custo, Robson diz que isso não é um problema. “A Unmaze é rentável e dá lucro se a gente quiser, mas para isso acontecer, precisamos queimar menos caixa”, pontua o CEO. Segundo Lucas, entre os planos da edtech estão movimentos como a gamificação de aulas além das outras funcionalidades para professores. “Pensamos muito na experiência do cliente, em facilitar a vida dos professores cada vez mais, para que eles possam cada vez mais monetizar sua atividades e fazer aquilo que eles amam de uma forma tranquila, leve e que gere bons retornos para eles”, completa.

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