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Venture builder de inteligência artificial, Data H prepara entrada no setor aeroespacial

IA
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A Data H, venture builder focada em inteligência artificial, planeja uma incursão no setor aeroespacial como um de seus principais objetivos para 2022, segundo o CEO da empresa, Evandro Barros.

Nascida no Brasil em 2016, a Data H é baseada no Canadá desde 2018, quando recebeu um convite do governo para transferir a empresa para o país norte-americano como parte de um programa de internacionalização de empresas de IA. A venture builder conta com oito empresas em seu portfólio desenvolvendo soluções em diversos segmentos de atuação, como segurança, mídia e robótica.

Em entrevista ao Startups, o fundador da Data H adiantou que está prestes a fechar acordos com organizações do setor aeroespacial na Ásia e nos Estados Unidos para criar uma nova empresa, com foco na resolução de desafios relacionados à vida humana no espaço. O resultado iminente é fruto de um trabalho focado no segmento que teve início em 2019.

“Nossa meta é colocar o Brasil pela primeira vez no mapa do mercado mundial de exploração espacial”, comemora Evandro, um historiador com formação em produção musical que fundou a Data H em 2016 depois de passar pelo mercado financeiro e consultorias de gestão.

Ambição

Segundo o empreendedor, atividades desta nova área de atuação vão incluir a investigação de usos de inteligência artificial para apoiar astronautas durante missões. “As condições [no espaço] sano muito desafiadoras para a mente humana. O esgotamento mental e outras questões podem colocar a atividade humana em risco, bem como o controle das atividades [de exploração espacial]”, explica.

“Neste contexto, a IA pode servir como uma espécie de backup ou válvula de segurança, um controle para ocasiões em que o ser humano pode falhar por questões orgânicas”, acrescenta o empreendedor. Além de centros globais que já focam em pesquisa e inovação nesta área, possíveis clientes da tecnologia desenvolvida pela Data H incluem empresas focadas em missões comerciais tripuladas para o espaço, como a Blue Origin e a Virgin Galactic.

O avanço da Data H em mercados globais, outro grande objetivo para 2022, deve impulsionar os esforços da venture builder em sua nova área de atuação. “O foco da internacionalização é justamente aproximar de um mercado que, pelo menos para nós brasileiros, parece um pouco distante”, conta.

De forma geral, a indústria aeroespacial está “no limiar entre a ficção científica e a entrega real”, diz Evandro. “Muita coisa interessante está acontecendo neste espaço: estamos desenvolvendo pesquisa em computação quântica e estamos caminhando com parcerias nesta área com centros na Europa, por exemplo, sempre focando na entrega de aplicações reais”, avalia.

Para além da nova área de atuação, a Data H tem um plano ambicioso para 2022. O faturamento de cerca de US$ 10 milhões em 2021, deve dobrar neste ano e quintuplicar em 2023. O portfólio de empresas da venture builder também deve dobrar ao longo deste ano.

Oportunidades e desafios

As ventures da Data H incluem a Face Factory, do humorista e influenciador digital Bruno Sartori, cujo foco é escalar o trabalho de celebridades e produtores de conteúdo. A empresa usa IA para resolver o desafio da dublagem em produções audiovisuais, ao automatizar a sincronia labial em qualquer idioma. O grupo de oito empresas da venture builder, das quais cinco também foram para o Canadá, inclui a Noleak, que transforma câmeras comuns em dispositivos inteligentes capazes de monitorar e prever crimes.

Outra companhia do portfólio que tem ganhado visibilidade nos últimos tempos é a Synkar, de robôs autônomos. A empresa, que tem o iFood como investidor minoritário desde outubro de 2021, é também uma das mais desafiadoras do portfólio, diz Evandro. “A Synkar não só criou o sistema de navegação autônoma, mas desenvolveu o próprio hardware para isso, o que resulta em um duplo desafio”, pontua.

Além das complexidades inerentes ao modelo de negócios, a Synkar tem uma grande demanda represada, que se deve em parte às dificuldades no fornecimento de componentes que surgiram com a pandemia. No entanto, a empresa tem uma lista de pedidos de mais de mil robôs, e pretende iniciar a produção em massa neste ano, segundo Evandro.

A Synkar tem o objetivo de ser a alma que que controla os robôs”, independente da marca, porém deve continuar a produzir seu próprio hardware. Segundo Evandro, existem sinergias entre as empresas do portfólio da Data H, como a Noleak e a Synkar. “Em breve, alguns condomínios no Brasil devem receber robôs que não só fazem entrega, mas também monitoram a segurança do local”, diz o empreendedor.

Foco global

Refletindo sobre a diferença no ambiente de negócios desde que a Data H se tornou uma empresa canadense, Barros diz que uma das principais mudanças é a capacidade da empresa de “pensar global”. “Um dos problemas de estar no Brasil é que a sua mente fica muito focada no território brasileiro e você se esquece do resto do planeta”, diz Evandro.

Evandro lamenta a falta de startups baseadas em ciência no Brasil, e diz que com a exceção de “raras e honrosas exceções”, como nas Universidades Federais de Goiânia e Minas Gerais, há uma desconexão entre a academia brasileira e o mundo corporativo, em particular no que diz respeito à IA.

“A mentalidade [do mundo acadêmico em relação a negócios] está mudando, mas o cenário de fato só mudará de fato com políticas públicas, um direcionamento nesse sentido. Hoje, é muito difícil e burocrático firmar um acordo com uma universidade brasileira: [trâmites] podem levar umm ano, no Canadá faço isso em uma semana”, pontua o empreendedor. “É preciso ter dinheiro também, mas à media em que [universidades] se abrem para o privado, isso acaba fluindo.”

Por outro lado, os desafios inerentes ao Brasil não devem impedir que a Data H continue identificando novas oportunidades de negócio e fundadores de empresas usando IA de formas inovadoras, segundo Evandro. “Focamos muito no desenvolvimento de de brasileiros para atuarem nas empresas [de IA]. Em termos de mercado, talvez haja um distanciamento [em relação a mercados maduros e com foco em IA, como o Canadá] mas em termos de pessoas é o contrário. Aposto no talento brasileiro.”

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