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Virgo e Growth Tech criam a Optime para fazer contratos inteligentes

Optime nasce com aporte de R$ 800 mil e tendo a Virgo como 1º cliente. Plataforma está em desenvolvimento e chega ao mercado no fim do ano

Desenho de uma folha de papel simulando um contrato com fundo azul - Startups

Os contratos inteligentes são uma promessa não cumprida do uso do blockchain. A ideia de ter documentos que “se administram sozinhos”, executando automaticamente as condições e cláusulas ali expressas é sensacional. Mas como tudo que parece bom demais para ser verdade, na prática, muda de figura.  

Agora, uma recém-criada empresa brasileira diz que vai colocar o ovo de pé. Trata-se da Optime, uma iniciativa da Virgo, empresa de serviços e soluções financeiras para o mercado de capitais e da Growth Tech, que atua no mercado de blockchain desde 2015.

O negócio nasce com um investimento de R$ 800 mil e 1 cliente bem interessante, a própria Virgo. Segundo Hugo Barbosa de Castro, presidente da Optime, a companhia e seus diferentes braços de atuação têm 92 mil obrigações a serem monitoradas. E o número é crescente. “É muito esforço para acompanhar e uma enorme dificuldade para ter a gestão mais atualizada”, diz ele em sua 1ª entrevista a um jornalista.

Com 23 anos, Hugo começou sua carreira profissional na Virgo há 2 anos como estagiário. “Para tocar esse novo projeto a gente precisava de alguém com gás, que tivesse aprendido da ’Virgo Mafia’ o que fez a gente crescer 4 vezes em apenas 2 anos. E ele acompanhou tudo isso. Foi ganhando responsabilidades com o tempo e já tinha tudo para ser CEO. Foi treinado para isso”, diz Daniel Magalhães, presidente e líder de transformação digital da Virgo.

Daniel; Ivan Reche , diretor de tecnologia da Virgo; Hugo Pierre, presidente da Growth Tech e Hugo Barbosa vão compor o conselho da Optime.  

Eventos e gatilhos

Dentre eventos que poderão ser monitorados e gerar gatilhos em cada contrato estão os tradicionais vencimentos financeiros e o término do contrato e itens como necessidade de renovação de procurações, apresentação de colateral, renovação de garantias etc. Tudo isso será integrado a um sistema de pagamento, permitindo a geração de boletos e a divisão (split) das obrigações entre as diferentes partes.

A ideia é que a 1ª versão do serviço esteja pronta em maio. O início do esforço comercial para conquistar mais clientes está previsto mais para o fim do ano. O plano é não ficar restrito apenas ao mercado de capitais e buscar todo tipo de contrato que tenha alguma obrigação a ser executada. 

Na avaliação Daniel, além da dedicação exclusiva da companhia a esse assunto, a Optime traz como diferencial a proposta de ‘comer pelas beiradas’. Isso significa que uma empresa não esperar para começar um novo contrato por lá para usar a plataforma. Tampouco é necessário migrar contratos antigos integralmente. O processo pode ser feito de forma gradativa, começando com alguns compromissos de contratos já existentes.

Primeiros passos da Optime

A aproximação entre a Virgo e a Growth Tech se deu no fim do no passado quando a empresa de blockchain queria conversar sobre um projeto de securitização de recebíveis imobiliários.

Daniel, que já vinha buscando formas de automatizar e dar mais transparência à execução de contratos, convenceu Hugo Pierre que o projeto deveria ser maior, podendo atender empresas no Brasil e também globalmente.  A iniciativa faz parte do plano da Virgo de criar novos negócios em torno de seu negócio principal. Por meio da Virgo Ventures, ela já fez aportes em 4 outras empresas. Em setembro a companhia recebeu um investimento minoritário da XP.

Ao longo dos próximos meses, mais de 60 regras de negócio relacionadas às atividades da Virgo serão inseridas na plataforma que a Optime está criando. O desenvolvimento está sendo feito em cima de uma rede blockchain privada, ou permissionada, como também é conhecida, acessível apenas às empresas que são suas clientes.

A criação dessa rede dá transparência ao que está endo feito e também permite a rastreabilidade. Um exemplo é a possibilidade de uma empresa consultar se um determinado bem já foi colocado como garantia em uma outra operação.

De acordo com Hugo Pierre, o sistema está sendo construído de forma a permitir que cláusulas sejam revistas quando necessário. A questão da imutabilidade – o que está registrado não pode ser alterado – sempre foi um dos grandes pontos fortes do blockchain, mas também um dos impeditivos para o avanço dos contratos inteligentes.

A estimativa é que o mercado global de contratos inteligentes apresente um crescimento de 24,2% nos próximos 6 anos, passando de US 315,1 milhões em 2021 para US$ 1,46 bilhões até 2028.