A Vivalisto, proptech que desenvolveu uma plataforma de gestão para corretores imobiliários independentes, acabou de comprar a Flity, startup gaúcha de ferramentas para criação de sites e marketing voltada a estes profissionais.
A transação foi feita por troca de ações, a partir da apuração do valuation de ambas as companhias. Com isso, os sócios da Flity agora têm participação na Vivalisto. Os detalhes desta transação não foram abertos.
O resultado da fusão é a criação de uma plataforma única – a Plataforma Vivalisto – com o objetivo de ser uma one-stop-shop para os corretores. A meta é se firmar como a plataforma de escolha para o mercado de corretores, reunindo capacidades tanto de backoffice (contratos, documentos, assinaturas) quanto as de divulgação e relacionamento destes profissionais (sites, redes sociais etc).
Para o cofundador e CEO da proptech, Eduardo Menegatti, a aquisição chega para atender a um novo movimento no mercado imobiliário, em que o corretor independente está mudando o seu perfil de atuação. “Hoje são mais jovens, profissionais nativos digitais, independentes e com conhecimento mais restrito sob aspectos jurídicos e documentais”, afirma o CEO.
Para Eduardo, a Vivalisto foi criada com o objetivo de ajudar corretores e imobiliárias pequenas a diminuir complexidades na parte que vem depois do aperto de mão. “Queremos ser o ecossistema deste mercado, apoiando na parte de documentação, análise jurídica, crédito, para que os corretores foquem na parte comercial”, explica.
Contudo, com a fusão, o foco comercial também se torna parte da oferta. “O corretor que precisa de um criador de site, de um CRM, um sistema de gestão, de uma assessoria jurídica, vai ter tudo ali”, explica Jota Baptista, fundador e CEO da Flity, que agora é sócio e CMO da Vivalisto.
Antes da aquisição, a Vivalisto atendia pouco mais de 250 corretores com seu SaaS. Com a chegada da Flity, a empresa passa a ter acesso a mais de 3 mil contas cadastradas na plataforma adquirida. Com as possibilidades abertas pela aquisição, o plano é contar com cerca de 10 mil corretores cadastrados no primeiro ano de atuação da nova plataforma.
Desde a criação da nova plataforma, a proptech subiu seu ritmo de novos usuários para 500 no mês de julho, e quer manter essa média mensal. No primeiro ano de atuação juntas, as empresas querem impactar cerca de 10 mil corretores e fechar o período com uma receita de R$ 3 milhões. “Já temos uma atuação nacional, mas queremos acelerar nossos planos de adquirir mais clientes em outras regiões, como Centro-Oeste e Sul”, completa.
Potencial de mercado
Para Jota Baptista, em um mercado de proptechs ainda pulverizado, seu trunfo é o de ter um foco definido e seguir firme nele. Enquanto grandonas como Loft e QuintoAndar estão focando em imobiliárias maiores e soluções de gestão para estas empresas como forma de crescer, a Vivalisto está, de certa forma, num caminho oposto.
“Se fala muito de consolidação desde mercado, que uma proptech viria para ‘uberizar’ tudo, mas o que vemos é um movimento de corretores independentes para serem protagonistas, criando a sua própria marca, anunciando em redes sociais e fazendo negócios à parte das grandes imobiliárias”, avalia o CMO.
Na visão de Eduardo Menegatti, o segmento imobiliário está se descentralizando cada vez mais, começando a criar clusters. “A gente escolheu a vertical da pequena imobiliária e dos corretores independentes”, dispara, dando um contexto logo em seguida. “No Brasil existem cerca de 430 mil corretores em um mercado de 45 mil imobiliárias, ou seja, para cada CRECI PJ, existem cinco CRECI PF, e o número está subindo”, aponta.
Apesar da meta de faturamento para o primeiro ano não ser a das mais altas, Jota e Eduardo estão confiantes no potencial do segmento. “Nos próximos anos, queremos atingir de 3% a 5% do mercado de corretores”, destaca Menegatti. Segundo ele, o mercado imobiliário deve continuar descentralizado, com uma estimativa de movimentar R$ 85 bilhões mensais – e a Vivalisto quer a sua fatia deste bolo.
“O corretor vai continuar existindo, mas a maneira dele trabalhar vai ser ressignificada. Ele vai ir além de abrir a porta do imóvel, vai ser mais especializado e focado na experiência e satisfação do cliente, e para fazer isso ele precisará de ferramentas ou estar associado a marcas como nós”, finaliza Jota.