A Wappa, aplicativo de mobilidade com foco em táxis corporativos, acaba de se fundir com a Expense Mobi, plataforma de gestão de despesas e reembolsos nas empresas. Com a operação, as 2 marcas deixam de existir e passam a operar como Stuo.
O objetivo é ser o one-stop-shop de empresas de todos os tamanhos e setores, permitindo que elas economizem de 40% a 60% em suas operações. Através de uma única plataforma, os usuários podem controlar e visualizar o fluxo de mobilidade, além de reconhecer e armazenar comprovantes, pedir táxis para ir e voltar do trabalho e fazer registros de despesas, reembolso de combustível e deslocamentos. A tecnologia também permite o acompanhamento dos deslocamentos em tempo real, com acesso a relatórios, gráficos e dashboards, além da opção de filtrar os resultados por período, funcionário ou despesa.
As conversas já vinham acontecendo há cerca de 2 anos, mas foram aceleradas nos últimos 6 meses. “Era algo que já tínhamos no radar, mas queríamos que as companhias estivessem ainda mais maduras”, explica Armindo Júnior, cofundador da Wappa e diretor-executivo da Stuo.
A nova startup nasce com um escritório em São Paulo e cerca de 70 colaboradores, mas já tem planos para expandir para a América Latina e Europa. Inclusive, o fundador da Expense Mobi e diretor de estratégia da Stuo, Murilo Thiele, vive em Portugal e está começando a estruturar a operação internacional para os próximos 3 e 6 meses. A ideia é disponibilizar os serviços gradualmente no exterior.
Resolvendo dores de empresas
A Wappa nasceu em 2001, oferecendo táxis e carros particulares para o transporte corporativo, além de serviços de entrega ou retirada de pacotes para empresas. Com 20 anos de mercado, a companhia foi precursora das plataformas de mobilidade urbana no Brasil, já que, por aqui, o Uber só chegou em 2014, com atuação inicial restrita aos consumidores finais.
Mas não demorou muito para que o Uber percebesse o potencial do B2B e voltasse sua atenção ao transporte corporativo. Em 2015, a operação nacional ganhou o Uber for Business, que permite solicitar corridas para os colaboradores e controlar as despesas de viagem. Em 2022, a gigante de mobilidade lançou o Uber Shuttle, que oferece ônibus fretados para as empresas promoverem o deslocamento dos funcionários nos trajetos de ida e volta ao trabalho.
Ao longo do tempo, novos players de mobilidade com opções B2B entraram na disputa, como 99, Garupa e o Cabify, que encerrou as operações no Brasil em junho de 2021. Com pequenas variações, os apps trazem propostas semelhantes: transporte corporativo para facilitar o deslocamento dos colaboradores e otimizar a gestão das viagens.
Mais concorrência, é claro, gera mais inovação. Para a Wappa, além de aumentar e fidelizar a carteira de clientes, a união com a Expense é uma oportunidade de expandir a tecnologia e o leque de produtos, gerando um novo atrativo para os parceiros que já utilizam a solução. “Uma das principais dores das empresas é ter que contratar vários serviços separadamente. O mercado já tem plataformas de mobilidade, gestão de despesas e viagem, mas ninguém entrega tudo isso em uma única interface, de forma prática e intuitiva”, diz Armindo.
De olho no modelo de benefícios flexíveis
Segundo Armindo, o objetivo do app é ir além das funcionalidades que as startups já oferecem. A primeira novidade é um cartão de crédito corporativo para que os colaboradores façam pagamentos de despesas variadas, como hospedagens, viagens, alimentação e deslocamentos de trabalho. A solução é personalizável conforme as diretrizes das empresas, que consegue limitar, por exemplo, o horário em que o cartão pode ser usado, o consumo de bebida alcoólica e momento do check-in e check-out do hotel.
“A Stuo já nasce grande”, afirma Armindo, em referência às mais de 12 mil empresas que fazem parte do portfólio, incluindo McDonald’s, Totvs, Santander e Fleury. Sem dar muitos detalhes, ele adianta que a Stuo deve explorar os segmentos de viagem e benefícios flexíveis. “Juntos, vamos criar um player maior ainda, com a capacidade de explorar produtos e serviços que têm sinergia com os nossos negócios principais. Todo mundo sabe o que é um super app, mas ninguém ousou fazer um para o mundo corporativo”
Para a Expense, a vantagem da fusão é aumentar a carteira de clientes, já que a Wappa sozinha atende a mais de 10 mil empresas e 1 milhão de usuários, distribuídos em 1.500 cidades de todos os estados do Brasil. “A aliança faz sentido, porque ambas as empresas têm a inovação no seu DNA e os serviços se complementam. A Wappa foi a 1ª companhia nacional a resolver a questão da mobilidade urbana [corporativa] e nós os 1os em relação à gestão de reembolso”, afirma Murilo.
A expectativa é que a transação gere um crescimento exponencial. Enquanto a Expense cresceu 50% no último ano, a Wappa girou em torno dos 10%. Segundo Armindo, a redução do crescimento ocorreu por conta da pandemia, quando os colaboradores adotaram o home office e deixaram de pagar por transporte para ir e voltar do trabalho.
Aquisições no horizonte
A Stuo pretende investir em aquisições, com o objetivo de tornar o app ainda mais completo. Segundo os empreendedores, eles buscam companhias que tenham boa recorrência dos usuários e tragam novas soluções ao portfólio. Armindo cita como exemplo os benefícios de academia para os colaboradores e plataformas que complementem a gestão da empresa, como na parte de contabilidade.
“São 2 ângulos de M&As: soluções diretas para os funcionários e outras para a própria empresa”, explica o fundador da Wappa. O foco, acrescenta Murilo, é incorporar soluções SaaS (Software as a Service).
O modelo de fusões e aquisições não é novidade para as empresas. Em 2017, a Wappa comprou a VaiMoto, de solicitação de motoboys e, 2 anos antes, investiu R$ 5 milhões na Expense Mobi, em troca de uma participação não divulgada. Em 2016, a Wappa injetou mais R$ 1,2 milhão na startup de gestão de despesas, ampliando sua fatia na empresa.